Aos 11 anos, Maria foi selecionada no Ballet Bolshoi e quer aproveitar o máximo
Ela tem 11 anos e conquistou uma das vagas mais cobiçadas no mundo da dança. De Campo Grande, Maria Eduarda Barbosa Salles foi selecionada entre 650 bailarinas para integrar a equipe do Ballet Bolshoi em Joinville. As provas foram no início do mês.
Maria mora no Alto São Francisco com a mãe e faz aula de balé três vezes por semana. Antes dos testes em Joinville, a caminhada era de ensaios quase diariamente. Quando não frequenta a escola de balé, se dedica aos movimentos sozinha dentro de casa.
“Eu falo que a Maria não anda, ela passa o tempo todo em casa girando e brincando com os passos”, conta a mãe, Edivabi Barbosa da Silva. Por telefone, a voz emocionada é de admiração pelo talento da filha que começou ainda pequena.
“Desde pequena sempre gostou de balé, mas eu nunca tive condições de colocar ela em uma escola e ela começou a ginástica aos quatro anos. Quando eu coloquei ela no Dom Bosco, no primeiro dia que ela viu um ensaio de balé, não teve jeito, ali ela decidiu o que queria”, conta a mãe.
Já Maria, com todo jeito de menina, diz que ainda está difícil acreditar. "Pretendo aproveitar ao máximo e melhorar cada dia mais. Sei que estou indo para uma grande escola, ter uma grande oportunidade. Fiquei tão feliz e ainda nem acreditei, porque é uma coisa incrível", diz.
Quando o nome da filha foi anunciado, veio o riso e o choro, de quem assiste de perto a precisão de movimentos e a delicadeza a cada passo de dança. "A emoção é indescritível. Acho que ainda não caiu muito a minha ficha, mesmo eu sabendo do potencial dela, a gente fica muito feliz e emocionada. Porque só ali perto da prova é que se tem dimensão do quanto é difícil”, diz.
Maria faz parte da turma de balé do Colégio Dom Bosco e foi para Joiville ao lado outras cinco meninas daqui de Mato Grosso do Sul. Selecionada, a professora Yasmin Ovando Salame, de 18 anos, acompanhou de perto todo o empenho da aluna, e volta pra casa com sentimento de dever cumprido.
“É emocionante fazer parte do sonho delas. Estar ao lado, ensinando e vendo elas crescerem. Eu sempre quis ser bailarina desde os meus 5 anos, mas sempre pensei que Deus me deu o dom de ensinar”, diz a professora.
Yasmin conta que quando falou da oportunidade do Ballet Bolshoi para Maria, logo veio a dedicação. “É uma menina muito esforçada e estudiosa, começou a pesquisar e se apaixonar cada vez mais pela ideia”, lembra.
As bailarinas passam por uma seleção rigorosa, que inclui avaliações médicas, pedagógica e cognitiva. O teste é dividido em quatro etapas, a primeira é video encaminhado para comissão que avalia. Depois, as outras três estapas são realizadas em Joiville, onde as meninas passam por analise de postura, habilidades físicas e motoras, força e musculatura.
Tem também avaliação pedagógica, com provas de português e matemática. Na hora da dança, técnica, musicalidade, criatividade, desempenho e interpretação são levadas em conta.
Agora, mãe e filha vão esperar terminar o ano letivo para embarcar no início de 2017 para Joinville, onde devem ficar por oito anos. A escola fornece uma bolsa com direito a alimentação, material, roupas e transporte.