Aos 46 anos, Luciana resolveu pintar e agora quer colorir o mundo de crianças

Durante um tempo Luciana Rondon se sentia insegura ao olhar o resultado nas telas, que surgia através da tinta e o movimento de suas mãos com a pintura. Ainda que soubesse o quão injusto é julgar uma obra de arte como feia ou bonita, tinha receio que o trabalho fosse indecifrável. Demorou até pensar em fazer sua primeira exposição e contar ao mundo seu novo amor: a pintura.

Aos 46 anos, a empresária, psicóloga e mãe dois filhos, decidiu voltar a pintura. “Há alguns anos atrás eu ousei pintar. Não sei o que houve, mas algo me chamou e pela primeira vez decidi expressar sentimentos na tela. Isso foi há mais ou menos 12 anos. Mas foi um momento muito rápido, pintei somente quatro quadro”.

O retorno mesmo foi há um ano, depois de passar meses como apreciadora das artes em eventos realizados por artistas da cidade, especialmente, na livraria em que a empresário é dona e que já tem quase 10 anos de história em Campo Grande. “Eu observava e apreciava todas aquelas obras. Mas alguma coisa novamente fez eu me rendi a pintura e foi a melhor experiência que eu tive nos últimos tempos”.

Os traços de Luciana não são tão complexos como em obras mais abstratas. Os desenhos e nuances de cores trazem na essência uma ludicidade, reflexos dos sonhos de infância que nunca saíram da memória. “Eu percebi que a pessoa que começou a pintar não era Luciana mulher e empresária, mas a Luciana menina e criança, ainda cheia de imaginação e cenários bonitos na cabeça”.

Luciana se deixa levar pelo o que viu na infância e pelos bonequinhos de madeira que estão diariamente enfeitando a cozinha. “É o que eu acho de mais belo, com toque colorido e infantil, que faz a gente sonhar e fugir um pouquinho da realidade”.

Não só imaginar e pensar com a alegria de uma criança, Luciana consegue através das suas obras se redescobrir diariamente. “Eu me surpreendi como o medo de ousar faz com o que a gente não perceba o potencial existe dentro da gente. Eu ouvi um pouco de crítica em casa da filha mais velha que achou as telas muito infantis, mas ouvi muito ‘legal’ do filho pequeno que ficou encantado com as cores. E arte é isso, não tem muitas regras, embora seja necessário valorizar conceitos e técnicas, mas o intuito e o que vem do coração também são válidos”.

Os inúmeros quadros guardados em casa trazem um significado para adulto ou criança sonhar. “É o castelo colorido encantado, a Fada da Chuva, o beija flor, a alegria, a festa, o Peter Pan, as folhas de outono e a poesia. Tudo isso eu encontro nas telas, mas é tudo que está dentro do meu coração”.

Agora, além de realizar sua primeira exposição, Luciana decidiu doar as telas para entidades que atendem crianças em Campo Grande. “Não quero vender nada no momento, quero que as crianças possam olhar a obra e sonhar também. Sonhar como eu, Luciana, aos 46 anos, sonho também”.

Quem quiser conferir o trabalho da psicóloga, a exposição está marcada para o dia 6 de agosto, a partir das 18h, na Livraria Leparole, com entrada gratuita. O endereço é Rua Euclides da Cunha, 1126, Jardim dos Estados.

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