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Artes

Arteiro, Candinho brinca construindo de relógio até casa do avô

Gaúcho fazia os próprios brinquedos na infância e, durante a vida adulta, se viu voltando para as ferramentas

Por Aletheya Alves | 18/05/2024 07:20
Relógio de madeira foi a primeira peça que Candinho fez na vida adulta. (Foto: Aletheya Alves)
Relógio de madeira foi a primeira peça que Candinho fez na vida adulta. (Foto: Aletheya Alves)

“Você perguntou se eu era artesão, mas eu sou é arteiro”, garante Candinho Colussi, sorrindo com os olhos. Quando era criança, o gaúcho usava os restos de madeira que encontrava no quintal para criar os próprios brinquedos e, na vida adulta, se viu voltando para as ferramentas, construindo relógios e “refazendo” a casa do avô.

Animado com sua diversão, Candinho explica que tudo começou no interior do Rio Grande do Sul quando a vida era mais complicada e, enquanto criança, transformava o cotidiano sem nem se dar conta. “A gente não tinha nada, era muito difícil. Uma casa bem simples mesmo e ninguém tinha dinheiro para comprar brinquedo. Então, o que eu fazia era me virar e fazer os meus”.

Na época, o pai tinha poucos itens, como um serrote e, arrumando pregos antigos, era possível fazer alguns milagres com bastante paciência. O gaúcho detalha que, sem martelo, era necessário esquentar os pregos e ir furando a madeira pouco a pouco para levar os pensamentos à realidade.

Foi assim que ganhou as habilidades manuais que, após a infância, acabaram sendo guardadas apenas na memória. Há alguns anos, entretanto, a bagagem voltou a fazer sentido quando Candinho viu a esposa adoecer.

“Eu passava parte do dia cuidando dela e, em casa, comecei a pesquisar sobre relógios diferentes porque sempre gostei dessas coisas. Vi um modelo na internet e resolvi tentar com uma serra que eu tinha aqui. Fui fazendo cada engrenagem aos poucos”, detalha.

Até casa do avô entrou da produção do "arteiro". (Foto: Aletheya Alves)
Até casa do avô entrou da produção do "arteiro". (Foto: Aletheya Alves)
Todas as produções são feitas na casa de Candinho. (Foto: Aletheya Alves)
Todas as produções são feitas na casa de Candinho. (Foto: Aletheya Alves)

Tendo conseguido replicar o modelo, o gaúcho não parou mais e continuou fazendo testes. Aos poucos, comprou novos equipamentos para facilitar as criações e, hoje, consegue variar bastante.

Depois do primeiro relógio, Candinho criou um segundo que segue funcionando até hoje. “Sabe quando as pessoas falam em dar corda no relógio? É porque ele funciona com um peso e, para o peso exercer força, você precisa dar corda nas engrenagens e elas funcionam sozinhas. Esse aqui eu também fiz todas as partes, cada detalhe”.

Desde então, até a antiga casa de seu avô ele decidiu reconstruir usando apenas sua memória e a da família, já que não existiam fotografias ou outros registros que pudessem ajudar.

“Eu faço no meu tempo livre mesmo porque gosto, não é minha fonte de renda. Fiz um carrinho para meu neto que pediu, dei outro relógio para meu filho, faço casinha de passarinho, suporte para lâmpada, de tudo um pouco mesmo”.

E, questionado se há algo específico que gostaria de fazer, Candinho completa dizendo que deixa espaço livre para que a criatividade se manifeste. “Quando fico com vontade, eu faço, então acho que vou continuar assim mesmo”.

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