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Artes

Cantora de MS traz o samba para a cozinha de casa em novo projeto

Cantora Ariádne Farinéa decidiu trazer o gênero para um local ainda mais íntimo: a cozinha de sua própria casa

Por Thailla Torres | 14/08/2024 09:36


Campo Grande tem vivido um novo cenário do samba, onde o ritmo começa a se expandir além das periferias e ganhar espaço em áreas mais centrais, e a cantora Ariádne Farinéa decidiu trazer o gênero para um local ainda mais íntimo: a cozinha de sua própria casa. Recentemente, a artista gravou uma roda de samba neste ambiente, em um formato que remete a projetos como o Tinydesk e o "Samba em Três Tempos" do rapper Criolo.

Ariádne, nascida no Rio de Janeiro, mas criada em Campo Grande, cresceu rodeada pelo samba. Sua conexão com o gênero é profunda e familiar. “Sou carioca, de família carioca, meus avós participaram da inauguração da escola Estácio de Sá no Rio, e minha mãe foi passista de várias escolas de samba tradicionais”, conta a cantora.

Apesar de estar imersa no samba desde a infância, Ariádne só começou a cantar o gênero no ano passado, com o grupo Brasilis. “A roda de samba surgiu como um projeto esporádico e, de repente, tomou uma proporção que eu não imaginava. Acho que é porque me entrego nas interpretações, na contação de história que o samba traz, na representação da cultura periférica e do povo negro do nosso país.”

A ideia de gravar uma roda de samba na cozinha surgiu a partir dessa estética caseira e acolhedora, onde o samba é sempre presente em momentos de celebração, como churrascos e reuniões familiares. “A cozinha da minha casa tem um ar bem ‘A Grande Família’. Imaginei que daria super certo na parte imagética, além da acústica, que é muito boa”, explica.

O processo de produção do clipe contou com o apoio de amigos e músicos locais. A filmagem foi conduzida por Thamires Mulatinho, do audiovisual de São Paulo, e a banda, composta por Valdiney 7 Cordas, Luana Aguillar, Rudy Rezendo, Jeff Polvo e Kin Santana, se disponibilizou a gravar durante um feriado. “Tivemos que iniciar cedo para aproveitar a luz natural, e conseguimos captar três músicas autorais, duas minhas e uma do violonista Valdiney 7 Cordas”, detalha Ariádne.

Além de “Indomada”, uma das canções gravadas, que reflete as experiências de ser mulher e as lutas contra os abusos e desigualdades de gênero, Ariádne já pensa em novos projetos no mesmo estilo. “Gosto muito da estética que se tem ao gravar em casa, e espero conseguir gravar novamente algumas outras músicas.”

O cenário do samba em Campo Grande, segundo a cantora, está em expansão. Apesar de sempre ter sido forte nas periferias, o gênero agora começa a ganhar espaço no cenário alternativo e nas áreas centrais da cidade. “É muito importante uma representação cultural tão ímpar ocupar todos os espaços possíveis. Quanto mais pessoas consomem o samba, mais estabelecimentos contratam os músicos, e mais oportunidades são geradas. Ver o samba chegando em lugares que antes não eram acessíveis, em um estado onde predomina a música sertaneja, é de extrema importância.”

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