Da restauração de santos às quilombolas, do ateliê de Jane sai arte em cerâmica
Formada em design e pós-graduada em artesanato. De idade, Jane Arguello tem 60 anos e da vida nas artes, 25. Dona do ateliê "Mãos que criam", no bairro São Francisco, em Campo Grande, a artesã começou na restauração de imagens sacras e chegou à cerâmica representando os quilombos do Estado.
"Sempre gostei de fazer tudo, desde pequenininha costuro, furo o dedo com agulha", brinca.
O começo nas artes foi como restauradora, curso feito em Ouro Preto, Minas Gerais. "Estudei a vida inteira com salesianos, depois tudo que era santo eu fui restaurar, isso há 32 anos", recorda Jane. A entrada no artesanato aconteceu anos depois, com a insistência de amigos.
"E eu que faço tudo, eu não mando fazer artesanato. As minhas bonecas são minhas, assa no meu forno e a gente quem pinta", explica. As bonecas quilombolas são da série que a artesã retrata a regionalidade dos 14 quilombos existentes em Mato Grosso do Sul.
"Essas são com nossos ipês, por sermos a cidade dos ipês e também tem com as nossas iconografias", apresente Jane.
Atualmente a artesã também dá aulas pela Prefeitura, de artesanato para crianças, adultos e idosos. E o tempo que lhe sobra, é para pintar, mesmo que seja durante a madrugada. "Minhas mãos estavam lotadas de tinta hoje, fui dormir 2h e pouco da manhã, levo até as caixas de tinta para o quarto", ri de si mesma.
O ateliê "Mãos que criam" abriu as portas, ao lado da casa de Jane, há pouco mais de dois anos. A inspiração para o nome veio do próprio trabalho. "Porque com as mãos você está criando alguma coisa. Sem elas não se pode criar nada. Só com a mente você pensa: vou fazer tal e tal coisa, mas é preciso das mãos", explica.
Da série das quilombolas, as bonecas são vendidas a partir de R$ 50,00, conforme o tamanho. O ateliê fica na Rua José Antônio, nº 2937. Informações também pelo Facebook "Ateliê Mãos que criam".