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Artes

Em protesto, companhias de dança de MS dizem não a Festival de Inverno de Bonito

Artista de companhias de dança selecionados para se apresentar no Festival de Inverno de Bonito 2018, se negam a participar em apoio ao Colegiado de Dança.

Willian Leite | 20/07/2018 09:11
Artista e diretores do Colegiado Setorial de Dança de MS.(Foto: Divulgação Facebook)
Artista e diretores do Colegiado Setorial de Dança de MS.(Foto: Divulgação Facebook)

A Ginga Companhia de Dança deveria estar na programação do Festival de Inverno de Bonito. A Cia do Mato Dança Contemporânea também. Mas nenhum dos grupos vai aparecer por lá.  Ofício à Secretaria de Cultura e Cidadania e Fundação de Cultura do Estado, entregue nesta semana, oficializa boicote ao festival, em apoio ao Movimento SOS Dança MS. No documento, os artistas  justificam a decisão como ato por ações efetivas e de planejamento que beneficiem a classe, depois de várias reivindicações feitas pelo colegiado de dança que nunca foram atendidas.

Em junho deste ano, o mesmo colegiado produziu um vídeo e postou nas redes sociais questionando os órgãos de cultura, sobre a falta de recursos destinados à dança.

"Temos vários projetos que estão sendo executados há anos e que foram uma conquista da classe. De repente, foram extintos e nós enquanto artistas não sabemos com o dinheiro está sendo gasto, ficamos de mãos atadas e o que podemos fazer são ações para chamar atenção da população para se unirem a nós em nossa luta", diz Marcos Matos, membro da diretoria executiva do Colegiado de Dança de MS.

O fato de não participar do festival é uma ação das duas companhias de dança e do artista Raufer Campagan, em apoio ao colegiado. "Entendemos que a cultura precisa ser valorizada e se a gente participasse, estaríamos nos sujeitando a ficar no descaso mais uma vez", justifica Raufer.

Os artistas sul-mato-grossenses questionam e citam projetos culturais que estão parados desde 2015. Entre eles, o Prêmio Célio Adolfo de Incentivo à Dança, que não é lançado há três anos. Eles também lembram que o Teatro Aracy Balabanian está fechado há quase quatro anos. Não há verbas do FIC (Fundo de Investimentos Culturais), nem apresentações do Projeto Cena Som, que segundo eles favorecia mais de 50 espetáculos.

A luta dos artistas é antiga, em 2017, por exemplo, a classe fez uma carta manifesto e moção de repúdio por terem participado da Semana da Dança em abril, sem receber. “Se nós cumprimos a lei quando participamos dos editais e prestamos contas de tudo que gastamos com o dinheiro, porque a Secretaria também não cumpre? Por exemplo, o Conselho Estadual de Cultura é lei e ainda não foi implementado”, reclama Marcos da executiva do Colegiado.

O colegiado cobra, inclusive, transparência por parte da Secretaria. “Muitas pessoas da própria população criticam nosso trabalho e isso precisa ser desmistificado. Somos formadores de opinião, entre nós, a maioria é de pessoas graduadas, mestrandas ou até doutores. Nosso ideal é conseguir alinhar educação e cultura para que todos sejam beneficiados. Queremos e temos direito de saber como está sendo aplicado o dinheiro que é destinado à classe”, questiona o grupo.

Segundo membros do Colegiado de Dança da Capital, vários ofícios são encaminhados à Secretaria para que haja diálogo e prestação de contas, porém, nem sempre são atendidos. “Sessenta contratos foram apresentados para mais de 30 coreografias e 8 espetáculos na 10ª edição da Semana pra Dança (realizada em 2016), mas estão parados na Secretaria e isso não progride”, diz.

O secretário de Cultura e Cidadania do Estado, Atayde Nery, afirma que o festival vai acontecer de qualquer forma e reconhece que ainda há contratos da Semana da Dança em atraso. "Temos R$ 11.320 em contratos em atraso, isso em relação a Semana da Dança, mas não podemos fazer o pagamento imediatamente. Me comprometo em resolver essa pendência logo", informa. 

Atayde diz também que continua a disposição dos artistas para dialogar. "Vamos pedir uma nova reunião para discutir sobre uma posição efetiva, e quero diante disso chegar a um consenso do que se pode ser feito para que ninguém se sinta prejudicado", finaliza. 

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