Escrito na infância, livro relembra a história de família pela ótica da avó
Aos dez anos de idade, a pequena Eduarda gastava horas do dia conversando com a avó. O apreço por história e o desejo de recontá-las sempre foi forte na douradense, que mal sabia que os primeiros sinais do jornalismo surgia ali.
Após cerca de 14 anos "entrevistando" a progenitora, a repórter finalmente concluiu o livro "Família Fernandes: Uma história de gerações”. "Ele não nasceu como um livro. Minha avó começou a me contar algumas histórias e eu gostava de escutar. Depois usei para um trabalho da escola e assim foi surgindo, com informações e xerox de fotografias", relembra.
Os tempos de ensino fundamental passaram, mas um primo deu a sugestão que faltava a Eduarda. "Se eu fosse você faria um livro do que já tem".
Com aquilo na cabeça, ela cursou a faculdade de jornalismo pela Unigran (Universidade da Grande Dourados) e depois decidiu tirar o projeto do papel e da infância.
"Comecei a procurar outros familiares e precisei mudar o que já tinha escrito, porque aquela era a versão de uma criança. Escrevi com dez anos de idade. Lembro que nesse período eu sempre procurava o arquivo no computador para ver se não tinha perdido. Morria de medo", brinca.
Levando a sério, ela procurou a principal fonte e a reentrevistou. "Hoje ela tem 93 anos. Eu sempre falo que ela foi a minha primeira entrevistada. É uma senhora bem forte, que gosta de fazer arroz carreteiro, pão caseiro, mas que prefere ficar em casa", diz.
De família tradicional douradense, ela conta que a família não entendia na infância o desejo por tanta informação, mas que hoje o apoio foi incondicional. "Nasci em Dourados, minha avó também e ainda quando era distrito. Minha bisavó e tataravó viveram 90 anos. É uma família de mulheres guerreiras e é gratificante contar isso para as pessoas", ressalta.
No livro, de forma inconsciente Eduarda também conta um pouquinho da história de Dourados. Não é difícil encontrara quem se identifique com a trajetória da família Fernandes.
"Minha avó desde criança precisou trabalhar muito para ajudar em casa, sempre ajudou sua mãe que ficou viúva cedo e só depois que ela se casou com meu avô que eles conseguiram um pedaço de terra. Não tinha assistência do governo na época, era mais difícil", explica.
Com 14 filhos, 41 netos, 53 bisnetos e 14 tataranetos, dona Carminda, a avó de Eduarda, ainda se espanta com a evolução do município localizado a 233 km de Campo Grande.
"Ela não imaginava que ia crescer tanto assim, ela nasceu onde hoje é o shopping de Dourados e nem gosta de passar em frente. Acho que pelas lembranças. A vida inteira dela foi no plantio, primeiro de feijão, depois de milho e soja. Foi assim que ela criou todo mundo", conta a jornalista.
O livro foi impresso e lançado de forma independente por Eduarda, que utilizou uma plataforma online para o processo. "Imprimi menos de 100 unidades por causa da falta de patrocínio", lamenta.
Quem quiser pode comprar o livro em e-book no link ou impresso no https://www.createspace.com/5104530.