Ex-peão de rodeio, Guilherme hoje ganha a vida desenhando no couro
Ele usa o material para reproduzir imagens de trabalhadores rurais e animais da roça
Foi nas pinturas em couro que Guilherme Ribeiro encontrou um jeito de se reaproximar do campo. Aos 29 anos, ele gosta de retratar o simples e mostrar em desenhos a rusticidade de um peão. Com o chapéu na cabeça, couro e caneta nanquim, faz os traços, os efeitos de sombra, até terminar a obra. As imagens geralmente são dos trabalhadores rurais e animais da roça.
Para os trabalhos, ele desenha nas telas em couro, usa as molduras de madeira, faz coleiras e cintos. “Também desenho em garrafas térmicas encapadas com couro, personalizo copinhos de tereré, painéis decorativos em temas variados, lettering. Cada trabalho traz suas peculiaridades, desde o processo de concepção até o tempo de ficar pronto”, disse.
Guilherme mora em Aquidauana, 135 quilômetros de distância de Campo Grande, e diz que o gosto pelo desenho e pintura surgiu na infância. “Vi minha mãe pintar panos de prato, fazer crochê e pequenas decorações. Fui desenvolvendo desenhos bucólicos, observava o que me rodeava e as formas dos animais como cavalos, gado. As paisagens pantaneiras foram me norteando”.
Quando cresceu, trabalhou como peão do campo e de rodeio. Ele continuou desenhando pela roça e o encanto pela arte aumentou ainda mais. “Costumo dizer que saí do rodeio, mas ele não saiu de mim”, brincou. “Me identifico com esse tipo de arte e instintivamente fui dando características rústicas, que absorvi ao longo dessas experiências que tive na lida rural, e mantendo as caraterísticas dos próprios materiais”.
O contato com a pirógrafo, aparelho elétrico usado para modelar diversos materiais, surgiu após Guilherme prestar serviços em uma selaria, por volta de 2005, em Anastácio. Depois, mudou-se para Americana – SP, e conseguiu difundir suas artes. Em seguida, passou por Piracicaba – SP, onde conheceu o processo de curtição do couro de Atenado.
Entre os trabalhos já feitos, têm os retratos com o desenho de um peão ao lado de seu cavalo, imagem de rodeio, laçada, pescarias e os animais do pantanal sul-mato-grossense, como os quadros de onça-pintada, peixes Dourado, Pacu, Pintado, etc. “Estudo e prático por conta própria”, afirmou.
Apesar do sistema bruto, rústico e sistemático, Guilherme ainda mostra outro lado mais delicado, as reproduções de imagens de casais e famílias. Em um dos quadros, ilustrou o rosto de uma menina para mostrar sinceridade e a pureza de uma criança. Os desenhos também são feitos em madeiras, com técnicas de entalhe.
Pedidos e valores - As encomendas geralmente são realizadas por trabalhadores rurais. “São pessoas com relação no campo ou que queiram presentear alguém do ramo. Mas, isso não é uma regra”, destacou.
Os valores dos trabalhos variam e Guilherme fez uma simulação de pedido para exemplificar. “Depende de vários fatores, tamanho, grau de complexidade do desenho, tipo de molduras, frete. Só para ter um parâmetro, um trabalho de 50x50cm, emoldurado em estilo rústico com madeira de demolição e alinhavado com sisal sai em média R$ 250,00”, disse.
Encomendas pelo contato (67) 9 9906-1776.
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