Fãs chamam Ilton de "pai de todos" e se despedem entre quadros de museu
Artista plástico era filho da consagrada escultora primitivista Conceição dos Bugres e, atualmente, morava no sul do país
Filho da consagrada escultora primitivista Conceição dos Bugres, Ilton Silva nasceu em berço artístico e foi velado em meio a quadros expostos no Marco (Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul) em Campo Grande. A cerimônia realizada hoje (26) contou com a presença do governador Reinaldo Azambuja, secretário de cultura, familiares, amigos e fãs do pintor, que ressaltaram o legado de “pai de todos”.
O artista plástico e grafiteiro Guto Naveira pontua que Ilton foi um grande mestre, que com humildade levava a arte com muito carinho. “Sempre fez questão de deixar as portas abertas para a nova geração. Ele sempre se renovou, se manteve atento a novas técnicas e estudou para isso”, disse o artista, emocionado e agradecido de ter dito em vida a Ilton, que ele sempre foi seu mestre.
O amigo e artista plástico Antônio Pedro Alcântara, definiu Ilton como "Patrimônio Histórico do Universo". “Nos últimos 50 anos Ilton foi o único artista que conseguiu criar sua própria marca, sua própria identidade. Ele deixa um legado de humildade dentro da classe artística sul-mato-grossense, por sempre ter sido um pai de todos”.
Alcântara ressalta que Ilton seguiu a lei da vida, deixando seus cinco filhos bem formados, com caráter, principalmente, com a arte em suas vidas.
A diretora do Marco, Lúcia Monte Serrat Alves Bueno, falou sobre a preocupação e responsabilidade da cerimônia ser realizada no museu. “Tivemos preocupação em fazer com que o velório fosse momento de reconhecimento à notoriedade do Ilton. Hoje, mais do que nunca, é um momento de reconhecer o trabalho desse artista de grandes experimentações”, disse.
O governador Reinaldo Azambuja e o secretário de cultura do Estado, Athayde Nery chegaram ao velório por volata das 11h30, cumprimentaram a família, e falaram com a imprensa.
“É uma grande perda para Mato Grosso do Sul, nosso Estado perde um grande ícone e que levou nossa arte mundo a fora”, disse o governador. “O Marco já tem uma exposição fixa de Ilton e junto com a Lúcia, a Fundação de Cultura pretende nomear uma sala do Marco como Ilton Silva e promover mais e mais exposições como forma de reconhecimento do nome do artista”, completou Athayde.
Ilton deixou cinco filhos, Diego, Juan, Pablo, Abílio e Márcia, mas apenas Juan e Abílio seguem a carreira artística. “Estamos no sul há 20 anos e há 9 na cidade de Itapoá. Papai já estava debilitado por causa do vício do cigarro e, por isso, buscamos a tranquilidade de uma cidade pequena, para trazer mais equilíbrio para sua saúde. Sempre foi uma briga dentro de casa fazer com que ele parasse de fumar, mas nunca conseguimos e ele veio a falecer desse mal”, disse. Diego, um dos filhos.
Diego conta que por ele, a família faria uma cerimônia simples em Itapoá, mas ele sabe que seria egoísmo por parte dos filhos, privar Mato Grosso do Sul, desta despedida.
Maior leilão do mundo – Diego, que também acompanha a cerimônia no Marco, revelou ao Campo Grande News, que um marchand - pessoa que negocia ou comercializa obras de arte -, que não teve o nome revelado, levou 30 quadros de Ilton para o exterior.
Como esperado pelos admiradores de Ilton, os trabalhos serão vendidos no Christie – maior leilão de obras de arte do mundo. Segundo Diego, a novidade foi anunciada à família por Leonor Lage.