ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, QUARTA  27    CAMPO GRANDE 31º

Artes

Formado só por mulheres, “Bela Samba” leva ritmo até para gente famosa

A resistência das meninas fez com que elogios da jogadora Cacau, autora da música “Jogadeira”, chegassem a elas

Thailla Torres | 27/07/2019 09:39
Grupo nasceu há dois meses em Campo Grande.  (Foto: Kísie Ainoã)
Grupo nasceu há dois meses em Campo Grande. (Foto: Kísie Ainoã)

O grupo nasceu de uma brincadeira. Faltavam poucos minutos para músicos contratados no aniversário de uma amiga voltarem do intervalo, quando a mãe da aniversariante convidou uma turma de meninas para assumir a música por alguns minutos. Formado por quatro instrumentistas e cantoras de Campo Grande, o “Bela Samba” surgiu há dois meses e agora promete ficar.

“Foi no aniversário da Gabi, mais precisamente no dia 11 de maio. A mãe dela sugeriu uma brincadeira onde cada uma pegasse um instrumento para fazer um som enquanto o grupo estava no intervalo e deu certo. Daquele dia em diante começamos a trocar mensagens e sugerimos montar um grupo. Esse já era um sonho meu e da Gabi, mas precisávamos de outras integrantes”, lembra a secretária Luana Aguillar, de 26 anos.

Além de Luana (tantam), vieram Roberta Delgado (cavaco e voz), Gabi Bonifácio (rebolo), Ellen Pessoa (guitarra) e Gabriely Magalhães (pandeiro).

O grupo iniciou com quatro amigas, lembra Luana. Dias depois, Ellen teve a ideia de encontrar uma quinta mulher para tocar pandeiro. “Ellen era quem tocava o pandeiro, mas resolveu abandonar porque ela se dá muito bem com o instrumento de corda, é uma paixão, então passamos a procurar uma pandeirista”.

No bate-papo entre as amigas surgiu o interesse na acadêmica de Geografia Gabriely Magalhães, de 25 anos. “Um dia eu estava no Laricas da Lu (vagão cultural da Orla Ferroviária), havia um pandeiro sobrando, eu peguei e resolvi tocar. No final do evento elas vieram falar comigo e acabei topando participar do grupo”, diz Gabriely sobre o início.

Gabriely toca pandeiro e foi a última a entrar no grupo. (Foto: Kísie Ainoã)
Gabriely toca pandeiro e foi a última a entrar no grupo. (Foto: Kísie Ainoã)
Gabi toca rebolo e sonhava em montar um grupo. (Foto: Kísie Ainoã)
Gabi toca rebolo e sonhava em montar um grupo. (Foto: Kísie Ainoã)
Também apaixonada por samba, Luana toca tantam. (Foto: Kísie Ainoã)
Também apaixonada por samba, Luana toca tantam. (Foto: Kísie Ainoã)

O grupo é colorido e com um discurso feminista tão afinado quanto os instrumentos. Não só por um ideal, mas também porque sentiram na pele a dificuldade de serem mulheres no samba, à ponto de serem rejeitadas, por alguns, como um grupo profissional. “Nos lugares somos bem recebidas, mas os caras ainda atrapalham. Dia desses, tocamos numa feijoada e os homens entraram no meio para tocar junto, como se eles tivessem sido convidados e, alguns, ainda tentam nos ensinar”, conta Gabriely.

Mas o grupo não desiste e anda fazendo um barulho tremendo. Neste mês, depois de filmadas por um grupo de amigas que compõe um time de futsal, chamado Minas Gerais, o samba feito pelo quinteto chegou aos ouvidos da jogadora Carina Fernandes, atacante do Corinthians e autora da música “Jogadeira” que virou hino oficial das mulheres brasileiras na Copa da França. “A gente fez um ensaio onde havia uma galera filmando e ela acabou assistindo o grupo tocar uma música dela. Depois, mandou um beijo para o Minas Gerais e para o Bela Samba”, acrescenta.

O sonho agora é dar andamento as formalidades que um grupo de samba exige. “Estamos providenciando CNPJ e, aos poucos, conquistando espaço na cena musical, o que não é nada fácil”.

As meninas sonham em tocar na Morada dos Baís, por exemplo, mas isso é sonho que exige grana. “Para tocar lá é preciso ter pelo menos uma música gravada, mas ainda nem conseguimos conquistar nossa aparelhagem de som. E diferente dos grupos masculinos, infelizmente muitos estabelecimentos ainda não querem pagar cachê, oferecem no máximo R$ 100 para o grupo ou permuta”, conta Luana.

O grupo tem conseguido mostrar o trabalho graças a uma tabacaria na cidade que abriu as portas. “Lá conseguimos tocar e mostrar o nosso trabalho, mas o desejo é conquistar novos espaços, e mostrar para o mundo o que é fazer um bom samba”, conclui, Roberta.

Quem quiser contratar o grupo, o contato pode ser feito pelo Instagram @belasamba.

Curta o Lado B no Facebook e Instagram.

Grupo concedeu entrevista ao Lado B nesta semana. (Foto: Kísie Ainoã)
Grupo concedeu entrevista ao Lado B nesta semana. (Foto: Kísie Ainoã)
Completo, grupo é composto por Luana, Ellen, Roberta, Gabriely e Gabi. (Foto: Arquivo Pessoal)
Completo, grupo é composto por Luana, Ellen, Roberta, Gabriely e Gabi. (Foto: Arquivo Pessoal)
Nos siga no Google Notícias