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Artes

Há anos sem palco, reformas de teatros ficam na promessa em Campo Grande

Reformas do Aracy Balabanian e Teatro do Paço Municipal estão emperradas em documentos e não há prazos para reabertura

Tatiana Marin | 27/03/2019 11:39
Teatro do Paço Municipal, na Afonso Pena, fechado há 29 anos. (Foto: Henrique Kawaminame)
Teatro do Paço Municipal, na Afonso Pena, fechado há 29 anos. (Foto: Henrique Kawaminame)

“Não temos o que comemorar”. É a análise de Fernando Cruz, professor, ator e diretor do grupo Teatro Imaginário Maracangalha neste 27 de março, Dia do Teatro. Os espaços Aracy Balabanian e José Octávio Guizzo, mais conhecido como Teatro do Paço Municipal, estão com palcos vazios há anos que limitam a cultura e a arte em Campo Grande, enquanto as reformas continuam na promessa.

Um dos primeiros da Capital, o Teatro do Paço Municipal foi inaugurado na década de 70, mas fechou as portas para a arte há 29 anos. Em julho do ano passado a Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo) anunciou a reforma com presença do então deputado federal Luiz Henrique Mandetta, do DEM, que garantia repasse de R$ 700 mil, com contrapartida da Prefeitura.

Quase um ano depois, o processo ainda está em fase de ensaio. Apenas ontem a Sectur recebeu da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) o ofício que confirma o envio do projeto arquitetônico e planilha orçamentária da reforma. Os documentos estão para a análise de Nilde Brum, titular da Sectur que, em seguida, vai encaminhar para a Caixa Econômica Federal autorizar o processo licitatório.

Teatro Aracy Balabanian, no Centro Cultural José Octávio Guizzo, fechado há 3 anos. (Foto: Henrique Kawaminame)
Teatro Aracy Balabanian, no Centro Cultural José Octávio Guizzo, fechado há 3 anos. (Foto: Henrique Kawaminame)

Já, o Aracy Balabanian está fechado há 3 anos, cinco anos depois de ter passado por uma reforma que incluiu recursos federais de R$ 417 mil além de verba estadual. Na época, o então secretário de Cultura Athayde Nery disse que as obras teriam sido apenas maquiagem.

Segundo a Fundação de Cultura, ligada à Secc (Secretaria Estadual de Cultura e Cidadania), a entrega do teatro é uma das prioridades desta gestão e em 90 dias a Agesul deve entregar o projeto de reforma do espaço. A diretora-presidente da fundação Mara Caseiro falou sobre o assunto. “Estamos trabalhando para que possamos reabrir o teatro num prazo muito curto. Este é um pedido de todos os artistas.”

Descaso - Para Fernando, o esquecimento de tais prédios só revela a mentalidade, a incompetência e descaso dos governos municipal e estadual para com a cultura, a arte e a população.

“No dia 27 de março não temos o que comemorar. Espaços que seriam populares estão fechados. Já foram feitos levantamentos e orçamentos de reforma, mas nada sai do papel”, adverte o ator. Ele lembra que o Teatro Manoel de Barros, no Palácio Popular da Cultura não é direcionado à maioria da população. “É pra elite. As pessoas não tem acesso pela distância e o preço. Recebe uma verba imensa para reforma e é um prédio público destinado ao privado”.

Ainda, ele lembra que o teatro está na geladeira também em relação a outros investimentos que estão em atraso. “O fundo de investimento à cultura não é pago desde 2016, o prêmio Rubens Corrêa e o Circuito Sul-Mato-Grossense de Teatro, também não acontecem desde 2016. O fundo municipal de fomento ao teatro, está atrasado em 1 ano”, enumera.

O único alento da classe, segundo ele, é a iniciativa dos artistas. “O ponto positivo é que muitos grupos na cidade estão produzindo em espaços alternativos. O teatro não para, está mais vivo que nunca”, ressalva.

Em resposta à reportagem, a secretária-adjunta da Sectur Laura Miranda informa que "o projeto precisou ser reajustado ao valor da emenda. Então tivemos que refazer todos os cálculos e ajustes para que o ficasse funcional dentro do aporte financeiro da emenda do Mandetta, enquanto deputado federal. O valor é em torno de R$ 700 mil. Por isso levou-se um pouco mais de tempo, por conta da reestruturação e montagem". As obras devem começar em torno de 40 meses após a licitação ser aprovada.

A reportagem também tentou contato com Mara Caseiro, mas não obteve resposta ou retorno até o fechamento deste texto.

Matéria editada em 28 de março de 2019, às 12h06, para adição de posicionamento da Sectur. 

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