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Arquitetura

Teatro José Octávio Guizzo era palco para a arte mas está fechado há 8 anos

Prefeitura anunciou projeto de reforma com lançamento nesta sexta-feira e deve reabrir as portas para a política e para a cultura

Thaís Pimenta | 05/07/2018 06:30
Teatro José Octávio Guizzo está desativado desde 2010 e deve receber reforma para ser, finalmente, reaberto. (Foto: Paulo Francis)
Teatro José Octávio Guizzo está desativado desde 2010 e deve receber reforma para ser, finalmente, reaberto. (Foto: Paulo Francis)

O Teatro José Octávio Guizzo do Paço Municipal na Avenida Afonso Pena foi construído em Campo Grande na administração de Antonio Mendes Canale e, para tristeza do ex prefeito, foi inaugurado apenas por Levy Dias. O espaço que conta com mais de 40 anos de existência está desativado desde 2010, mas há esperança de que volte a brilhar.

O intuito de reforma foi anunciada pela Prefeitura Municipal por meio de convite à imprensa, com lançamento previsto para manhã de sexta-feira (6). Espera-se que volte a atender tanto aos políticos que rondam o espaço por conta do prédio da Prefeitura, quanto aos artistas que buscam um teatro de estrutura pequena para pequenos shows e apresentações artísticas.

De acordo com o fotógrafo Roberto Higa, o Teatro José Octávio Guizzo foi um dos primeiros da Capital. "O Glauce Rocha foi inaugurado em 1971, o Teatro do Paço veio depois, mas naquela época poucos tinham carro então o acesso ao Glauce era difícil. O Paço revolucionou a cidade porquê estava bem localizado, chegar nele era simples, então supriu a carência da classe artística da época", comenta.

O nosso mestre da fotografia teve o privilégio de registrar o processo de construção do local, além das apresentações que enchiam o espaço de cultura e política. Num desses registros, o músico Carlos Colman aparece tocando junto a Guilherme Rondon,Tavinho Moura e Almir Sater, no ano de 1982. 

Carlos Colman, Guilherme Rondon,Tavinho Moura e Almir Sater no teatro José Otavio Gizzo, em 1982. (Foto: Roberto Higa)
Carlos Colman, Guilherme Rondon,Tavinho Moura e Almir Sater no teatro José Otavio Gizzo, em 1982. (Foto: Roberto Higa)

Carlos diz que se lembra perfeitamente do dia, e adianta que foi uma das pessoas que mais tocou no teatro, ou sozinho ou com o Grupo Terra, do qual era integrante.

"A gente quando começou a tocar tinha medo de locar um espaço grande. Ali era ideal porque, primeiro, não era cobrado de nós, por ser público. A gente entrava com ofícios e tinha a oportunidade de marcar uma data para o show. A capacidade pra cerca de 100 a 150 pessoas permitiam que nós enchessemos o lugar sem o peso e o medo de ter que fazer o mesmo no Glauce Rocha, por exemplo", diz Carlos Colman.

Naquele dia, os músicos foram convidados para realização de um evento cultural e foi Colman quem abriu a apresentação. Depois, em dado momento da noite, todos tocaram juntos alguns clássicos da música regional. 

Com recordações do início de sua carreira ligadas diretamente ao Paço Municipal, o músico espera que o Teatro abra suas portas para a arte e cultura. "O local era agradável e tinha uma acústica muito boa. As pessoas que agitavam o meio artístico campo-grandense da época, nomes como Almir, Geraldo, Celito Espíndola, Tetê, todos esses, passaram por lá".

Imagem do Paço Municipal em construção. (foto: Roberto Higa)
Imagem do Paço Municipal em construção. (foto: Roberto Higa)

Além da arte, Higa completa dizendo que tudo que era processo político, como reunião de vereadores, congressos e simpósios aconteciam ali. "Lembro que o primeiro simpósio a favor da natureza aconteceu ali, assim como o Congresso sul-mato-grossense de vereadores em 1980, além das transações rotineiras".

Ainda de acordo com o fotógrafo, foi depois que novos locais surgiram, como o anfiteatro da Associação Comercial, o Teatro Aracy Balabanian, o Teatro do Sesc, que o Teatro  José Octávio Guizzo caiu no esquecimento e em desuso.

O projeto do prédio da Prefeitura Municipal, incluindo o do Teatro do Paço, foi feito pelo aquiteto Círiaco Maymone, que também foi projetista do Estádio Morenão.

De acordo com Lauro Malaquias, arquiteto de anos por aqui, antigamente a Prefeitura ficava na Afonso Pena com a Calógeras, onde hoje é o banco Bradesco. "Era um prédio velho, antigo, que já não suportava mais o crescimento da cidade, assim como acontece hoje com a prefeitura", diz.

Toninho Canale, filho de Antonio Mendes Canale, diz que se lembra de seu pai lamentar que o projeto inovador não seria lançado em seu mandato e que ele não teria o prazer de se mudar para o novo prédio. "O projeto foi dele, a obra também. Ele já estava pronto mas mesmo assim quem lançou  foi o Levy".

Segundo ele, o projeto na época representou modernidade para Campo Grande. "Primeiro porque, finalmente, seria um espaço para abrigar todas as secretarias num mesmo prédio, facilitando o fazer político na cidade. Para meu pai, só assim a população seria realmente beneficiada, se houvesse comunicação dentre os poderes", diz ele.

No aspecto do projeto em si, da arquitetura, o Paço Municipal também foi inovador. "Não havia nada tão grandioso e tão bem localizado quanto o prédio da Prefeitura Municipal. Imagine só, era uma quadra toda para abrigar os políticos campo-grandenses. Lembro de ter conhecido o espaço antes de todo mundo proque pedi para meu pai para ir. Foi um barato".

A respeito da reforma, nem a Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo) e nem a Prefeitura quiseram adiantar o tema da reforma com a equipe do Lado B. Marquinhos Trad, atual prefeito da Capital, disse apenas que "O Teatro Municipal me faz eternizar lembranças. Recordação viva de um saudosismo saudável". O lançamento da reforma acontece às 9h no Plenarinho da Prefeitura.

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