Mulheres revelam em livro as suas vivências e o axé dentro do terreiro
“Ọkán - Antologia de Axé” será lançado nesta terça-feira (23), em Campo Grande
Escritoras e artistas de Campo Grande escreveram um livro cheio de axé para mostrar as diferentes vivências com religiões de matriz africana. O trabalho coletivo chega ao público nesta terça-feira (23) no lançamento que será realizado em um bar da Capital.
“Ọkán - Antologia de Axé” surgiu a partir do encontro das escritoras Adrianna Alberti e Sarah Muricy que convidaram Eva Vilma, Kim Matos, Verônica Lindquist, Romilda Pizani, Gleycielli Nonato, Sarah Muricy e Adrianna Alberti para fazer parte das histórias narradas página a página.
Esse livro só foi possível a partir de outros dois lançados individualmente por Adrianna e Sarah. A primeira é autora de “O coração no couro do tambor” (que será lançado em agosto) e Sarah Muricy escreveu “O Reino Mágico dos Orixás” (lançado em junho de 2023). No meio do caminho a espiritualidade fez ambas as organizadoras se unirem e começarem a dar os primeiros passos do projeto em setembro.
Sarah explica que a escolha da antologia foi para poder deixar a produção mais democrática e em Okán o público irá encontrar vários estilos de escrita.
“Antologias são meios muito democráticos de publicação porque o autor contribui com algumas páginas. A Adriana deixou resolver deixar é o estilo livre e Okan vem com vários tipos de linguagem, tem poemas, contos crônicas, cada mulher ali se sentiu à vontade para trazer aqueles trabalhos”, diz.
O olhar diferenciado para o axé é o ponto em comum de todas essas expressões. Sarah é umbandista e teve o primeiro contato com religiões de matriz africana ocorreu devido ao chamado de ancestralidade. “A gente sente muito esse lugar de pertencimento porque as casas de santo tem esse caráter. A formação de uma família de axé vem com esse propósito de juntar as pessoas, foi aí que o meu trabalho e o da Adriana se encontraram”, completa.
Kim Matos é uma das que deixaram sua linguagem registrada ali. A artista visual fala que o convite partiu de Adrianna que viu os trabalhos que desenvolve em tela. “Ela já conhecia minhas obras como artista visual, e via a conexão com a proposta do livro, em minhas pinturas trago o diálogos entre o corpo, espírito e natureza, um convite para aguçar os sentidos, acessando as sutilezas do invisível, corpo aberto para sentir e experienciar em cores, manchas e formas”, afirma.
Okan é o primeiro trabalho como escritora que Kim desenvolve. Na visão dela, a palavra já caminha junto com suas produções artísticas, então agora ela só traz uma exposição diferente sobre a religiosidade. “O axé abriu meus caminhos, cuidou do meu corpo e revitalizou minha alma, sou grata por ser convidada para girar e pisar em solo sagrado do terreiro”, destaca.
Lançamento - A partir da consciência da carência de manifestações escritas que registrem as oralidades de tais religiões, Okan (palavra em iorubá para coração e consciência) pede licença poética na expressão das emoções e sensações advindas destas maneiras de espiritualidade.
Por este motivo, o livro é um apelo emotivo e sensível para os entusiastas de poesia, crônica, conto e poema para além das matrizes africanas. O livro será lançado hoje, às 19h, na Pedro Celestino 1079, na Cervejaria Capivas.
O lançamento é "dedicado para todo o povo do axé gente que pisa firme na terra, nas águas e nas matas! Gente que sente a ginga e deixa a alma livre pra girar".
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