Ópera que escutava pelo rádio com os pais mudou a vida de Edineide
Músicas clássicas influenciaram uma escolha que só chegou mais tarde: o de trocar Pedagogia pelo canto lírico
As músicas clássicas que ouvia nos rádios na década de 60 influenciaram Edineide Dias, de 62 anos, a largar um futuro como pedagoga e se dedicar a ensinar canto lírico em Campo Grande. O gosto pelo ritmo, ouvido pelos pais na vitrola, passou para a filha, mas a escolha chegou mais tarde, durante a primeira apresentação que viu em um teatro da Capital. A jovem descobriu que gostaria de seguir carreira no gênero erudito aos 29 anos anos.
“Me interessei pela ópera na infância, no meu tempo era rádio, não tinha televisão. Os pais controlavam o que a gente ouvia. A gente ouvia o que eles ouviam. A maior parte deles não escutava muito música popular. Um dia um amigo meu falou que tinha um couro com orquestra do Maestro Victor Marques Diniz e me chamou. Lá eu vi pela primeira vez ao vivo. Há uma diferença entre ouvir e estar presente. Tem a frequência e energia da música que te toca. Depois que vi falei que era isso que eu queria e fui estudar canto”.
O entusiasmo pelo estilo foi herdado da mãe que era solista no coro da igreja. Quando criança, Edineide passava horas tentando imitá-la. Hoje, há 17 anos ininterruptos de ensinamentos no grupo que rege, ela influencia jovens a seguirem na carreira que a abraçou. E, apesar do que muitos acham, aluno é o que não falta. O que falta, segundo ela, é espaço.
“O segmento tem aumentado, mas nós precisamos dos teatros e tem pouquíssimos na cidade. O poder público não apoia porque acha, erroneamente, que não tem público. Agora temos um pouco mais de incentivo, mas teve um período em que foi bem complicado”.
Ela acrescenta que se surpreendeu com a quantidade de pessoas jovens que se interessam pelo gênero musical e que quando montou o grupo de ópera não imaginava. A professora explica que houve tempo em que chegou a ensinar 52 pessoas por semana. Hoje o número caiu para 12, mas o foco de ensino também mudou. Agora, Edineide trabalha apenas com solistas.
“Eu montei o coro lírico porque tinha vários alunos de canto que gostavam desse segmento. Fizemos uma ópera, juntei alguns alunos mais adiantados pros solos. Cada ano a gente trabalha uma obra e cada dia mais isso vem aumentando, cada ano temos mais pessoas e muitos jovens, interessadas nesse segmento”.
Para ela, o sentimento em ver o resultado do trabalho espelhado nos artistas que forma é recompensador. “Me sinto emocionada, porque ver o resultado do seu trabalho dentro de um determinado segmento é muito compensador. Sempre quero fazer mais. Quando olho no palco e vejo aqueles cantores dando o melhor de si para emocionar as pessoas”.
Em 2024 é comemorado 100 anos do falecimento de um dos compositores de música clássica, Giacomo Puccini. Em tributo ao artista, o coro, liderado pela professora, realizou um tributo no Teatro Glauce Rocha. Na ocasião ela atuou como regente.
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