Paquera em trem foi tão boa que virou viagem histórica em mural

Os trilhos e memórias deixadas pelos trens em Mato Grosso do Sul se conectam a histórias que vão longe, fazendo até com que quem é de fora mergulhe no que ficou dessa ferrovia que partiu. Exemplo disso é a artista Adriana Teixeira que, saindo das telas tradicionais, conheceu um relato de paquera tão boa que se tornou uma viagem ‘eternizada’ em mural na Avenida Mato Grosso.

“A história que estou contando no mural é de um flerte que aconteceu no bar da estação ferroviária da cidade de Miranda. Um passageiro loiro e de olhos azuis desceu do trem e, assim que viu a moça no bar, começou a flertá-la”, introduz a artista que se juntou a outras duas dezenas de profissionais para dar novas cores a muros do Complexo Ferroviário, em Campo Grande.

Em seu “quadrado” na Mato Grosso, Adriana recebeu o convite para conhecer um pouco sobre narrativas deixadas pela antiga Noroeste do Brasil e integrar as artes do MuAU (Museu de Arte Urbana) ao ar livre. O desafio, que ao mesmo tempo é uma curiosidade, foi conseguir transformar o que ficou na memória particular em uma obra maior.

Contando mais sobre o romance, a artista detalha que a história mantém os envolvidos dentro do anonimato, até porque a moça foi quem contou sobre o flerte. Por isso, não há características físicas dessa mulher, apenas do homem.

“No mesmo dia do flerte, essa moça viajou de trem ao lado do rapaz loiro com destino a Campo Grande e, durante o caminho, rolou mesmo uma paquera”. Se os dois ficaram juntos ou nunca mais se viram, fica a cargo de quem vai admirar o mural e poder imaginar quais foram os rumos.

Empolgada com a ideia de transformar a experiência dessa mulher anônima em mais uma “Memória do Trecho”, nome do projeto, Adriana relata que realmente quis dar destaque à personagem feminina, “que além de ser o ponto de vista dela sobre o que aconteceu, é também o que eu gosto de pintar: as mulheres! E as mulheres aparecem em minhas criações com cabelos volumosos, cheios de grafismos de flores estilizadas”.

Agora, graças a essa mulher que teve sua memória marcada por uma aventura no trem, Adriana também ganhou algo novo: seu primeiro mural. “Meu maior desafio eu já venci, que foi ter coragem de enviar um esboço da história que eu queria contar para a curadoria do MuAU. São muitos artistas talentosos que fazer parte desse projeto e minha arte está tomando forma na Esplanada Ferroviária. Sou muito grata ao Guido Drummond pela oportunidade”, diz,

E, na prática, para quem fica curioso sobre o desenvolvimento de artes tão grandes, ela narra que foi necessário organizar os horários e os empenhos.

“Estar pintando ao vivo na rua, tendo contato com crianças, jovens, idosos a todo momento, tem sido uma experiência fantástica para mim, Muitas pessoas que passaram por lá nesses dias me incentivaram dando um bom dia, apreciando minha arte, contando suas histórias e querendo conhecer um pouco das minhas também. É o que tem de melhor e vou levar para a vida toda comigo esse momento”.

As artes do Memórias do Trecho seguem em produção e, quem quiser conferir, pode ir até a região da Esplanada Ferroviária.

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