Sem incentivo, artistas fazem campanha e questionam falta de editais para dança
Nas redes sociais, o Colegiado de Dança de Campo Grande promove primeira de várias ações que serão feitas para chamar a atenção das autoridades sobre a falta de atenção e destinação de recurso para a classe.
Artistas da dança aqui de Campo Grande criaram uma campanha para chamar a atenção sobre a falta de incentivo a projetos culturais em Mato Grosso do Sul. Em um vídeo postado nas redes sociais, 18 artistas entre bailarinos, coreógrafos e diretores usam a tag #sosdançams e cobram à Secretaria Estadual de Cultura e Cidadania a efetiva implantação do Sistema Estadual de Cultura.
Os artistas sul-mato-grossenses fazem vários questionamentos e citam projetos culturais que estão parados desde 2015. Entre as citações, estão o Prêmio Célio Adolfo de Incentivo à Dança, que não é lançado há três anos e lembram que o Teatro Aracy Balabanian está fechado há quase quatro anos. Também não há verbas do FIC (Fundo de Investimentos Culturais) e apresentações do Projeto Cena Som, que segundo eles favorecia mais de 50 espetáculos.
A Comissão Executiva do Colegiado de Dança de Mato Grosso do Sul comenta que a campanha foi a única saída encontrada diante de várias tentativas frustradas de mudar o quadro junto à Secretaria de Cultura e Cidadania. “Há três anos, estamos enfrentando o descaso e os editais são conquistas da classe. Nós do movimento da dança tomamos frente, mas estamos representando vários coletivos e não só da nossa área está defasada, mas o teatro, literatura, música, artes plásticas entre outros”, explica Marcos Matos, representante do Colegiado.
Segundo ele, as vitórias são raras nos últimos 3 anos. “Tivemos investimentos apenas em 2015, e foi o primeiro ano de mandato. De lá para cá travamos uma batalha em que poucas vezes temos resultados positivo”, alega.
De acordo com Marcos, a justificativa é sempre a crise, o que não ocorre com a contratação de artistas nacionais. “ Fizemos um levantamento pelo Portal da Transparência e identificamos que a secretária aprova contrato sem lançamento de edital e isso demanda recursos. De onde são esses recurso.s já que eles alegam não ter dinheiro?”, questiona.
A luta dos artistas é antiga, em 2017, por exemplo, a classe fez uma carta manifesto e moção de repúdio por terem participado da Semana da Dança em abril, sem receber. “Se nós cumprimos a lei quando participamos dos editais e prestamos contas de tudo que gastamos com o dinheiro, por que a Secretaria também não cumpre, por exemplo, o Conselho Estadual de Cultura é lei e ainda não foi implementado”, reclama.
O colegiado também cobra transparência por parte da Secretaria. “Muitas pessoas da própria população critica nosso trabalho e isso precisa ser desmistificado, somos formadores de opinião, entre nós a maioria é de pessoas graduadas, mestrandas ou até doutores, nosso ideal é conseguir alinhar educação e cultura para que todos sejam beneficiados. Queremos e temos direito de saber como está sendo aplicado o dinheiro que é destinado à classe”, questiona o grupo.
Segundo membros do Colegiado de Dança da Capital, vários ofícios são encaminhados à secretária para que haja diálogo e prestação de contas, porém, nem sempre são atendidos.“Sessenta contratos foram apresentados para mais de 30 coreografias e 8 espetáculos na 10ª edição da Semana pra Dança (realizada em 2016), mas estão parados na secretária e isso não progride”, diz.
O vídeo que foi postado em maio deste ano tem quase mil visualizações e é o primeiro de várias ações que serão feitas ainda no segundo semestre de 2018 para chamar atenção das autoridades. “Não existe no Estado ações calendarizadas é necessário que isso seja feito e disponibilizado à população e a nós artistas. As coisas dentro da secretária vão acontecendo conforme a demanda e não de maneira organizada e planejada”, afirma.
Questionado sobre a ação dos artistas, o superintendente de cultura do Estado, Ricardo Maia afirma ter entrado em contato com o Colegiado. “Nós estamos sempre abertos ao diálogo, sobre termos recebido ofícios não tenho conhecimento e contratações diretas sempre foram feitas e isso a legislação nos ampara”, informa sobre contratações sem editais.
“Nosso planejamento é para que em dez anos haja uma progressão do que hoje gera em torno de 0,65% de investimentos para cultura em 1,5% do orçamento estadual para a cultura”, informa. Sobre o pagamento de contratos parados, o superintendente afirma que serão pagos ainda este ano. “Estamos trabalhando para que sejam pagos ainda no segundo semestre deste ano”, finaliza.