Sergio transformou 40 anos de estudo sobre divisão de MS em livro
Jornalista e ex-deputado, Sergio Cruz traçou uma linha do tempo para traçar a história da divisão do Estado
Tendo vivido e participado da divisão de Mato Grosso do Sul, o jornalista e ex-deputado Sergio Cruz transformou 40 anos de estudos no livro “A História da Fundação de Mato Grosso do Sul”. Diferente de obras já produzida, o escritor defende que o leitor poderá se conectar com a fundação do Estado exclusivamente a partir do movimento divisionista.
Sergio explica que reúne vários verbetes sobre a história do Estado e, a partir dessa produção, já lançou outras obras como Sangue no Oeste, Campo Grande - 150 anos de história e Campo Grande - Força e Luz.
“A partir desse material, fui atualizando os dados e segmentei para escrever sobre o processo de divisão. Ainda pretendo fazer outros livros porque é um material muito grande”, relata o jornalista.
Se relacionando diretamente com o processo de divisão, ele conta que foi deputado na última legislatura do Estado de Mato Grosso, entre 1975 e 1979, antes da separação. Também atuou na primeira legislatura de Mato Grosso do Sul.
Nesse período, acompanhou todo o processo e participou da Assembleia Constituinte como líder da minoria. “Defendi a divisão, consciente de sua importância para o Sul e o Norte e, principalmente, como modelo para uma redivisão territorial do Brasil”.
Na obra, o ex-deputado traçou uma sequência cronológica a partir dos últimos anos do Império quando a mudança da capital de Cuiabá para Corumbá foi cogitada. “Com este trabalho, inteiramente dedicado ao estudo do processo divisionista, estou quitando um compromisso com a história do meu Estado”.
Sobre os processos históricos, Sergio introduz que a mudança das capitais foi defendida por Pandiá Calógeras, o então governador Caetano de Albuquerque e o deputado federal Aníbal de Toledo.
A proposta mudancista chegou a rivalizar até mesmo com o separatismo, em termos de repercussão. Mesmo sem ter sido um movimento organizado, chegou a ser um sonho que povoou o sentimento de alguns políticos sulistas, até 1947, quando a bancada da região Sul na Assembleia Legislativa tentou emplacar uma proposta de emenda constitucional autorizando a mudança da capital para outra cidade, em caso de calamidade pública, descreve o jornalista.
Outro destaque apontado por Sergio é a articulação dos políticos cuiabanos para colocar obstáculos no movimento separatista. “Entre os obstáculos para a divisão territorial, um dos mais lembrados foi a rejeição do presidenciável Jânio Quadros que, em um encontro com separatistas em Campo Grande e num comício em Cuiabá, manifestou-se contrário”.
Seguindo a linha cronológica, Cruz relembra que o assunto estava praticamente paralisado até o início do governo de Ernesto Geisel. Nessa etapa, o assunto retornou ao lado da iniciativa de anexar o Estado de Guanabara ao Rio de Janeiro.
“A divisão de Mato Grosso foi uma decisão palaciana, submetida ao referendo de uma maioria obediente ao Congresso Nacional. As populações não foram consultadas. O debate foi circunscrito a uma comissão mista do parlamento”, descreve o jornalista.
Ainda segundo Sergio, as discussões restritas aos políticos governistas se deram depois da decisão tomada pelo governo e estavam limitadas à denominação do novo Estado e a uma tentativa da bancada goiana de anexar parte do território mato-grossense.
Para finalizar, o escritor construiu uma parte do livro voltada à primeira divisão territorial de Mato Grosso, realizada em 1943. “Foi o Território Federal de Ponta Porã, experiência que poderia ter dado certo, se a área de sua jurisdição tivesse sido mais abrangente, perfazendo o espaço ocupado hoje pelo Estado de Mato Grosso do Sul”.
O lançamento do livro será realizado hoje (10), das 8h às 10h no saguão da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.
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