Trocadilho virou “santinhas” do bom humor e homenagem a alunos
Ex-professor e artista visual, Roberto criou escultura inspirada em momentos vividos em sala de aula
Foi na sala de aula da Escola Municipal Professora Iracema de Souza Mendonça, que o artista visual Roberto Dias Ferreira, 47, encontrou inspiração para transformar a alegria de seus alunos em um trabalho de escultura, que anos depois veio a se tornar a fonte de renda do artista. Longe de querer causar discórdia ou mal entendidos, a Nossa Senhora do Bom Humor nasceu de um trocadilho dos alunos, que na época rendeu boas risadas ao artista.
Roberto conta que os anos em que deu aulas foram uma época divertida em sua vida, que se divertia muito com as “palhaçadas” que os alunos aprontaram em sala de aula. Foi de um desses momentos de descontração que a ideia para desenvolver a escultura surgiu.
As estátuas têm entre 25 a 50 centímetros, e são feitas na técnica do empapelamento, com jornais, revistas, água e cola, fita crepe, papelão, tinta acrílica e finalizadas com verniz.
“Um dia eu expliquei um exercício numa sala de 6° ano, e um aluno falou ‘ai minha Nossa Senhora da bicicletinha! Eu não vou conseguir’. E todos riram. Nesse momento eu tive a ideia de criar uma Nossa Senhora do Bom Humor para homenagear os alunos e todos os funcionários da escola”, relembra o artista.
Mas as esculturas não ficaram apenas no ambiente escolar. Elas ganharam bastante repercussão no ano de 2012, após chamar atenção de um artista polonês chamado Marcin Painta, que publicou fotos das “santinhas” em seu instagram.
“Eu tinha o costume de fazer amizades on-line com artistas de vários países. E certa vez Marcin Painta elogiou a santinha e postou com a legenda mais ou menos assim ‘essa é a arte de um brasileiro, eu achei muito engraçada, colorida, reflete a alergia do povo brasileiro’”, conta.
Roberto tirou uma foto da publicação e postou nas próprias redes sociais, e a partir daí começou a receber encomendas. Sua arte já foi enviada para diversos estados brasileiros, e até países estrangeiros.
Ele explica que recebe muitas encomendas de clientes brasileiros que moram em outros países, ou que compram sua arte para enviar para amigos que moram fora do Brasil. “Geralmente são os clientes que compram e enviam de presente, eles sempre me falam pra onde vai. Por exemplo, agora tem duas encomendas de uma cliente daqui de Campo Grande, que vai mandar para amigos no Japão”, detalha.
Roberto ingressou na faculdade de licenciatura de artes visuais na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), no ano de 1998. Em 2001, se lançou como artista visual.
O artista também trabalha com telas no estilo Pop Arte, em que retrata a cultura regional e o Pantanal sul-mato-grossense. Em suas telas, ele homenageia figuras do cenário cultural de Campo Grande e do Estado.
Em seu currículo, coleciona diversas colaborações em exposições de arte coletivas e individuais. Em 2016, expôs pela primeira vez seus quadros no estilo Pop Arte e seu trabalho com arte digital (colagens). Atualmente, sua maior fonte de renda está concentrada nas esculturas de Nossa Senhora do Bom Humor.
“Eu costumo dizer que a Arte já esteve sempre comigo desde criança, porque eu via minha mãe pintando panos de pratos, minha irmã fazia bonecas de panos, minha vó fazia as próprias roupas coloridas dela. Eu sempre estava envolvido com dança, teatro, capoeira”, finaliza Roberto.
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