1ª tatuagem de Renê é para o filho que luta contra doença degenerativa
Desenho no braço do pai tem o rosto de 'Pedroka', filho de 34 anos que vive com doença rara
Aos 58 anos, Renê Saueia Martinez fez sua primeira tatuagem. No braço direito, ele agora carrega a imagem do filho, Pedro de Moraes Martinez, de 34 anos. “Essa tatuagem é pra mostrar que eu não sou mais o Renê, eu sou o pai do Pedroka”, expressa.
Durante boa parte da entrevista, Renê não segurava as lágrimas, contagiando também a repórter com a emoção. Pedro, cuja história já apareceu aqui no Lado B, é jornalista e vive com uma doença rara chamada Distrofia Muscular de Duchenne. Por causa da doença, o corpo não produz a proteína necessária para o funcionamento muscular.
“É uma doença progressiva, que ultimamente tem progredido bastante. Ele tem sofrido bastante, com várias aplicações de medicação, mas sem sucesso. Assim, ele tem sentido bastante dor e nós vamos lidando com isso”, explica o pai.
A ideia da tatuagem como homenagem veio propositalmente nesse momento delicado para a família. “Nunca me imaginei tatuado. Sempre vi como forma de arte muito bonita, mas nunca imaginei que eu faria”, comenta.
Todo processo durou uma tarde. O artista foi Fabio Monteiro, que inclusive é o autor de algumas tatuagens de Pedro. “Pegamos uma foto, fiz algumas adaptações no Corel, mas o Fabio quem finalizou. Ficou perfeita, até melhor que a foto”, se diverte.
Quanto à dor, Renê diz ter sido suportável. “Eu não sabia muito como ia ser a sensação. Incomodou, mas não doeu tanto assim”, detalha.
Renê foi pai aos 23 anos. Na época, mais de três décadas atrás, não existia tanta literatura a respeito da situação, então, o prognóstico dos médicos não era nada otimista. “Falaram pra gente assim: ‘Podem ter outro filho, porque esse daí não vai durar nem cinco anos'. Mas nós somos muito teimosos. Minha esposa, a Rosana, pesquisou, buscou, foi atrás de meios”, relembra.
Se refere a ‘Pedroka’ como milagre e fala com orgulho dos feitos de Pedro, como jornalista formado e atuante na área. “Ele é um cara que venceu e a gente também. Minha esposa escreveu um livro intitulado "Milagre em Pedaços", que é o que a gente vive. Todos os dias, agradecemos pelo o que temos, Pedro é nosso milagre”, declara, emocionado.
A tatuagem rendeu uma comoção de curtidas, comentários e ligações, parabenizando o pai pela homenagem. “Estou me sentindo aliviado, feliz e agradecido por todas as pessoas que se manifestaram. Fico muito feliz”, ressalta.
Renê é conhecido na cidade por sua trajetória como jogador de futebol do Operário, professor de educação física e presidente da Federação de Futsal de Mato Grosso do Sul. Mas hoje, diz que o principal é o título de pai do Pedroka.
“Se referiam a minha esposa sempre como ‘esposa do Renê’ ou aos meninos como ‘filhos do Renê. Mas hoje, eu não sou mais o Renê jogador, presidente da federação. Hoje, eu sou, orgulhosamente, o pai do Pedroka”, reforça.
E depois de ter feito a primeira tatuagem, já está pensando na próxima. “É o que falam, que quando a gente faz uma tatuagem, abre caminhos para a próxima. Eu ainda tenho outro filho, o Lucas ‘Cuca’. Sacanagem fazer uma tatuagem falando que é pai de um e não de outro, não é? Mas ainda não decidi o que fazer, vamos ver”, finaliza.
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