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Comportamento

Afrontoso, jovem diz que “chegou a hora de mostrar que viado não é bagunça”

“Felicidade é ser viado” virou manchete policial e vendedor diz que foi ato de protesto para mostrar que gay merece ser feliz

Thailla Torres | 28/11/2019 07:51
Frase que foi escrita em uma parede de Nova Andradina. (Foto: Bárbara Ballestero/Nova News)
Frase que foi escrita em uma parede de Nova Andradina. (Foto: Bárbara Ballestero/Nova News)

Em poucos segundos, a mensagem ficou pronta, ganhou olhares e hoje a frase “felicidade é ser viado” tem dado o que falar em Nova Andradina, a 296 quilômetros de Campo Grande. Nem a pichação mais enigmática conseguiu tanto destaque, mas o viado encontrou lugarzinho para se fixar na parede e atraiu muita gente, dos bem-humorados aos mais conservadores.

A pichação, considerada crime ambiental, que estipula pena de detenção de 3 meses a 1 ano, e multa, é uma forma de chamar atenção, diz o responsável pela atitude praticada na madrugada do feriado da Proclamação da República em defesa do direito de ser gay e feliz. “Essa frase fez tanto sentido porque mesmo com tanto de coisa ruim eu consigo estar por cima, me sentir feliz como viado”, explica o militante, de 22 anos, que pediu para não ser identificado.

Ele tem a própria história de vida como aliada quando precisa dar a volta por cima e vencer o ódio. “Nasci viado, essa pessoa maravilhosa que eu sou viado. E essa palavra foi algo que eu ouvi a minha vida inteira, embora alguns LGBT não gostem, foi assim que eu me identifiquei e acabei me libertando independente da minha família”.

Para falar da necessidade de respeito aos gays, ele escolheu a pichação porque diz que sempre esteve envolvido com a arte e enxerga a ação como um ato de protesto. “Eu sou gay periférico, acabei indo para o hip hop e fazendo grafite. Sempre gostei de desenhar e sempre amei tudo relacionado à arte, por isso a minha relação com o picho”, diz.

A intenção do jovem não é sair pichando todo canto, mas deixar claro que “viado merece ser feliz” mesmo em meio a tanto ódio. “Eu já tive depressão e hoje consigo sair dessas fases ruins da vida, porque sempre tenho um motivo para ser feliz”.

Antes de escrever a frase, muitas vezes usada com humor pela comunidade LGBTI+, ele passou por muito perrengue. “Desde muito pequeno sempre fui o menino chamado de viadinho na escola e até mesmo dentro de casa. Meus pais me tiraram do balé. Lembro-me que apanhei muito da minha mãe antes de uma apresentação. E acabei fazendo os prazeres da minha família me relacionando com mulheres”, conta sobre a situações em que muitos gays passam por não serem aceitos na família.

Se identificando como gay e andrógino, ele diz que hoje superou as tristezas do passado e não abre mão de falar da homossexualidade. “Ser viado nunca foi fácil, mas é sendo viado que sou feliz”.

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