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Comportamento

Amizade que passou de 50 anos nasceu na escola e virou irmandade

Após a escola e faculdade, elas permaneceram unidas em todas as datas importantes

Jéssica Fernandes | 30/04/2023 09:10
À esquerda em pé: Maria Elisa, Marisa Serrano; sentadas da esquerda para direita: Marília Lúcia, Edelmira, Maria Gessy; em pé, Sylvia Odiney e Ceila Maria.(Foto: Arquivo pessoal)
À esquerda em pé: Maria Elisa, Marisa Serrano; sentadas da esquerda para direita: Marília Lúcia, Edelmira, Maria Gessy; em pé, Sylvia Odiney e Ceila Maria.(Foto: Arquivo pessoal)

A amizade entre as mulheres começou em tempos diferentes na escola e depois na faculdade. Com o passar das décadas, elas acompanharam cada mudança na vida uma da outra, estiveram presentes em formaturas, casamentos e nascimento de filhos.

A relação que ultrapassou os cinquenta anos Edelmira Toledo Cândido, de 78 anos, Sylvia Cesco, de 78 anos, e Aparecida Bueno Nogueira, de 75 anos garantem ser pra sempre.

O Colégio Estadual Campo-grandense foi o local onde tudo começou. A instituição, que hoje é a Escola Estadual Maria Constança Barros Machado, proporcionou o encontro que resultou na criação do laço afetivo.

Sylvia e Aparecida foram as primeiras a se conhecerem no colégio. Na época, Aparecida lembra que tinha prestado exame admissional para entrar na escola onde não conhecia ninguém. “Eu não tinha muita noção de como aquilo funcionava, pra mim foi uma estranheza muito grande. Logo comecei a ver aquela menina de rabo de cavalo, era muito graciosa, a gente acabou se aproximando e logo sentimos empatia, ficamos amigas”, recorda.

Da esquerda para direita: Edelmira, Sylvia e Aparecida. (Foto: Arquivo pessoal)
Da esquerda para direita: Edelmira, Sylvia e Aparecida. (Foto: Arquivo pessoal)

Sylvia relata que tinha um jeito diferente dela, mas que no fim uma escolheu a outra. “Foi uma aproximação muito espontânea. Eu era mais extrovertida, logo estava fazendo muitas amizades e ela era mais retraída. A gente foi se aproximando, ela me escolheu pra ser amiga dela e eu escolhi ela.  Era uma amizade inseparável”, afirma.

A cumplicidade entre ambas passou a ser vivenciada para além das salas de aula e chegou até as famílias, pois uma frequentava a casa da outra. Após o fim da infância, elas compartilharam juntas os primeiros anos da adolescência.

Aparecida lembra que o colégio desenvolvia diversas atividades que proporcionam a convivência constante. Para ela, essa fase foi algo que ficou marcado. “Nós tivemos uma adolescência muito próxima, depois fizemos o curso científico juntas também. A escola nos oferecia uma porção de disciplinas, todas as festas aconteciam em torno da escola, isso possibilitava uma convivência muito grande e isso marcou a gente”, ressalta.

Da esquerda para a direita: Marilza, Sylvia, Gessy, Moreli, Isali, Aparecida, Marisa, Maria Elisa,  Ceila e Edelmira. (Foto: Arquivo pessoal)
Da esquerda para a direita: Marilza, Sylvia, Gessy, Moreli, Isali, Aparecida, Marisa, Maria Elisa, Ceila e Edelmira. (Foto: Arquivo pessoal)

Compartilhando a mesma rotina escolar, Edelmira pertencia a outra turma das meninas, mas mesmo assim, sem querer, conheceu Aparecida num dos intervalos das aulas. “Nos conhecemos lá, fui pra aquela escola e nos conhecemos ali pelo pátio e fizemos faculdade juntas a partir de 1964”, conta.

As três prestaram vestibular para cursar Letras na antiga Fucmat, que hoje é conhecida como UCDB (Universidade Católica Dom Bosco). Somente na faculdade Sylvia explica que conheceu Edelmira e outra pessoa importante para o grupo.

“A Edelmira e Marisa Serrano nos conhecemos no curso, porque quando eu e a Cida terminamos o colegial fomos fazer Letras e lá estavam Edelmira e Marisa”, fala.

Cursando ensino superior de 1964 a 1968, o quarteto virou uma grande turma. “Éramos um grupo de 10 amigas. Na faculdade ficou conhecido como grupo das 10”, revela Sylvia.

As dez, conforme Aparecida, eram animadas e sempre aproveitavam as oportunidades que a vida concedia. Por esse motivo não demorou para que cada uma seguisse carreira profissional e começasse a atuar na àrea. “Parece que nossa turma era tão animada e a gente não perdia tempo, aparecia uma oportunidade e estávamos lá”, destaca.

O período foi marcado por experiências individuais que eram divididas nas reuniões da turma ou através de telefonemas. Tanto no profissional, quanto no social, elas continuaram unidas, especialmente Sylvia, Aparecida, Edelmira e Marisa.

Quando a fase do casamento chegou, uma estava na cerimônia da outra e o mesmo ocorreu após o nascimento dos filhos. “Por sermos amigas uma foi sendo madrinha do filho da outra, madrinha de casamento uma da outra”, explica Sylvia.

Edelmira resume o vínculo de amor e companheirismo que tem com elas. “Não é aquela amizade de todo dia, mas aquela amizade que não se perde de vista. Quando a pessoa precisa, quando tá comemorando e nos momentos importantes da nossa vida estivemos juntas”, ressalta.

Ela relata que devido ao tempo de convivência a amizade se transformou em irmandade. “À medida que a vida vai mudando, os interesses, algumas dessas amizades permanecem, essas amizades de mais tempo são pessoas que são como irmãs”, pontua.

Com a perspectiva de que nada mudou desde o colegial, Sylvia garante que a relação com as amigas é algo indispensável. “Nesses dias de hoje, dias tão nebulosos, de desamor, cultivar as amizades é algo saudável, algo que nos mantém cheio de vida. É o que nos anima”, declara.

Por saber que sem um amigo a vida fica complicada, Aparecida não sabe o segredo que fez a turma estar junta até os dias de hoje. Para ela, a afinidade e o carinho foram sentimentos que aconteceram e isso foi o suficiente para a relação atravessar gerações. “Eu penso que a gente não faz, a gente tem essa vivência e o que une é essa cumplicidade, era uma afinidade tão grande”, conclui.

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