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Comportamento

Após 2 perdas irreparáveis, Lalier reviveu ganhando 5 irmãos adultos

Por enquanto ela só encontrou pessoalmente uma irmã, mas já carrega no peito a esperança de uma nova família

Thailla Torres | 30/10/2020 07:35
Após 44 anos, irmãs finalmente se encontraram. (Foto: Kísie Ainoã)
Após 44 anos, irmãs finalmente se encontraram. (Foto: Kísie Ainoã)

Toda vez que alguém senta para conversar com Lalier Oliveira na varanda de casa, o maior questionamento é como ela ainda consegue sorrir. Em menos de um ano ela viveu uma dos maiores sofrimentos para uma mãe: perdeu o filho para a violência e o pai para um problema de saúde. Duas perdas irreparáveis que ainda tremem no peito, mas a vida lhe surpreendeu com uma família que ela nunca imaginou ter aos 47 anos.

A “agonia constante” que envolve a morte do filho e o a dor de se despedir do padrasto que sempre foi um pai para ela agora dividem espaço com uma nova esperança. Tudo começou com um pedido especial do irmão mais novo que neste ano sofreu um grave acidente de trânsito.

“Em recuperação ele me disse do sonho que tinha de saber e conhecer o nosso pai biológico”, conta Lalier.

Até este ano, nada a motivava a procurar o pai. “Eu sempre fui criada pelo meu padrasto e sempre o chamei de pai. Tenho o maior amor do mundo por ele, então nunca quis procurar o biológico, mesmo sabendo que ele existia desde os meus 14 anos, quando me falaram sobre ele”.

Mas o pedido caloroso do irmão a fez criar forças para sair de casa e pedir ajuda de uma amiga, que durante uma pesquisa, descobriu onde morava o pai biológico. “Foi quando eu liguei num comércio próximo a casa deles, conversei com a dona de uma padaria que fez essa ponte entre nós”.

Foi pouco tempo até falar com o pai, dizer a ele o desejo do irmão e descobrir que tinha outros cinco irmãos por aí. “Quando soube ainda mais desses irmãos eu fiquei curiosa. Família é algo precioso pra mim e saber que eu tinha irmãos me fez ter vontade de conhecê-los”.

Sheila tinha perdido as esperanças quando Lalier entrou em contato. (Foto: Kísie Ainoã)
Sheila tinha perdido as esperanças quando Lalier entrou em contato. (Foto: Kísie Ainoã)

Morando no interior de São Paulo, uma das irmãs, Sheila Ferreira, 44, também viveu durante anos a agonia de saber que tinha irmãos em Campo Grande. “Eu soube através de uma tia que meu pai tinha tido outros relacionamento e filhos, só ela sabia toda essa história. Mas quando ela faleceu eu perdi as esperanças, porque também não queria incomodar minha mãe com essa procura. Foi quando a vida me surpreendeu com o contato da Lalier”.

Sheila não pensou duas vezes quando soube da existência dos irmãos em Campo Grande. “Isso foi logo no início da pandemia. Vivemos a angústia de não poder viajar, até que neste mês finalmente a gente conseguiu se encontrar”, conta a irmã.

O abraço apertado nos irmãos campo-grandenses finalmente ocorreu na última segunda-feira, depois de horas no aeroporto e voos cancelados. “Quando eu cheguei foi aquela emoção. Parece coisa de Deus a gente ter a chance de ganhar uma nova família a essa altura da vida”, diz Sheila.

Para Lalier é como a oportunidade de recomeço. “Desde o falecimento do meu filho e do meu pai, eu não sinto vontade de sorrir. As reuniões em família não são as mesmas. A dor nunca para. Mas saber que temos uma nova família, que tenho mais cinco irmãos, foi a melhor notícia que eu tive nesse tempo todo. Eu só posso agradecer a oportunidade de sorrir ao lado da minha irmã”.

Agora, tudo o que ela mais quer é encontrar os irmãos que não puderam vir. “Isso vai acontecer em breve. É muito bom ganhar irmãos nessa vida. Espero que esse encontro seja especial como foi com a Sheila”, finaliza.

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Agora, tudo o que ela mais quer é encontrar os irmãos que não puderam vir. (Foto: Kísie Ainoã)
Agora, tudo o que ela mais quer é encontrar os irmãos que não puderam vir. (Foto: Kísie Ainoã)
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