Após luto, Ana viajou para Suíça e trouxe de lá sua cara metade
Professora de MS redescobriu o amor quando conheceu on-line Martin – sem nem falar o idioma; ontem (22), os "pombinhos" se casaram
Nunca imaginei me casar com um gringo. Nem nos meus maiores sonhos!"
Aos 52 anos, Ana Aparecida da Silva não só redescobriu o amor mas aprendeu que certos sonhos são possíveis de serem realizados. Até então como uma mulher divorciada e com as filhas criadas, sempre desejava um outro alguém que ficasse ao seu lado até o fim dos tempos – e encontrou.
Com seu coração entregue a uma brasileira, Martin, de 57 anos, é natural da Suíça, da cidade de Zurique. Na tarde de ontem (22), ele finalmente pode selar a união com a mulher que tanto ama e, juntos, agora dividem o mesmo sobrenome: Lussetti.
"Até o juiz de paz estava empolgado!", brinca Ana. "Eu fiz tudo que foi possível e impossível para chegarmos até aqui. Fora a papelada burocrática e uma pandemia mundial, tive que visitar quase todos os cartórios de Campo Grande, me irritar, brigar, chorar. Mas no final deu tudo certo. Estamos felizes e, se Deus quiser, vamos continuar assim por um bom tempo", acrescenta.
O momento da união civil foi de muito carinho, como também de nervosismo. "Até o português de Martin demorou pra sair direito, mas quando ele entregou a aliança, fez o juramento e me deu um beijo para selarmos os votos, aí sim já estávamos nós dois mais relaxados", disse.
A história dos dois começou com um drama pessoal na vida de Ana. Meses antes de fazer sua primeira viagem internacional – com destino à Suíça –, ela havia perdido a mãe por conta de uma cardiopatia irreversível. Aos 83 anos, dona Maria José fechou os olhos e a filha ficou em luto até o final daquele ano, em 2016.
Virgínia, uma amiga de longa data de Ana, chegou ao Brasil praticamente no mesmo dia em que Maria José morreu. "Ela me deu muito suporte, porque eu estava só o caco. Me sugeriu de passarmos uma temporada juntas na casa onde mora, em Zurique. Não só me deu apoio emocional, como até financeiro. Fez carta-convite para eu entrar no país, além de ter resolvido questões burocráticas. Foi um presentaço que ela me deu", relembra.
À procura de novos ares a fim de acalmar o coração partido com a perda de sua mãe, Ana descobriu que – por mais que lá seja uma cultura mais fria – é demais de calorosa com quem é brasileiro. Conhecendo amigos de Virgínia, uma habitante local fez questão de apresentar virtualmente a campo-grandense ao que hoje é seu marido, o Martin.
"Foi a D'avila o cupido da nossa história. Por me achar bonita e vendo potencial para o seu amigo, passou uma foto e meus contatos para o Martin. Eu nem falava inglês, muito menos alemão, e ele piorou ter conhecimento do nosso português. Todo o nosso desenrolar naquela época se deu pelo WhatsApp, com uma baita ajuda de tradutores", ressalta.
Porém, quando Ana retornou à MS, ainda sim conversavam diariamente – nem que fosse apenas um "bom dia!" ou "como vai você?". O encontro presencial só se deu 1 ano depois, em setembro de 2017, na primeira vez que Martin veio ao Brasil.
"Quando eu o vi pela primeira vez no saguão do aeroporto, já fiquei com a sensação de que valeria a pena. Nos cumprimentamos formalmente e fomos almoçar em um restaurante que eu havia feito reserva. Ele ainda não falava português, então nossas conversas – por mais que presenciais – ainda se davam com a ajuda do WhatsApp. Foi estranho, mas era o nosso jeitinho".
Ana hospedou Martin na sua própria casa. Tudo protocolar, ali não houve nenhuma tentativa mais amorosa entre os dois, apenas de forma respeitosa. Para curtir um momento especial juntos, decidiram então ir à Bonito.
"A língua, o idioma, foi um pouco impeditiva porque nossa comunicação era limitada. Mesmo assim, nossa intimidade se deu por outras vias – justamente o que eu estava esperando! Essa expectativa que eu tanto queria foi atendida perfeitamente", brinca.
Passados 10 dias, Martin experimentou caipirinha, tereré, churrasco sul-mato-grossense e os atrativos e belezas da região. Quando retornou à Zurique, Ana ficou em dúvida se haveria a possibilidade de um relacionamento. Para sua sorte houve tudo isso e mais.
Sempre romântico, o suíço fez questão de comprar passagens para que juntos visitassem Veneza no ano de 2019. "Fiquei surpreendida, e achei aquilo o máximo! Mais ainda quando descobri que ele havia aprendido um pouco de português só para podermos conversar melhor. Dali em diante, já sabia de fato que Martin se tratava do meu par pro resto da vida", confessa.
Antes da pandemia, no início de 2020, em uma das últimas viagens que fizeram, foi quando o pedido de casamento foi feito. "Estávamos em Amsterdã, num concerto do maestro e violinista Andre Rieu. Foi lá, em meio aquele show musical super romântico, em que ele pediu a minha mão. Sem sombra de dúvida respondi que sim! Como poderia negar aquele momento mágico?", admite.
Por causa da pandemia da covid-19, Ana foi obrigada a remarcar uma grande festa para os novos "pombinhos" e que seria realizada aqui Campo Grande – agora adiada para janeiro de 2022. Mesmo assim, a união civil ainda estava de pé. Enquanto isso, ela se movimentava nas questões burocráticas e ele também, além de ver uma data compatível e segura para vir ao Brasil.
Desde dezembro do ano passado, Martin já veio curtir o Natal e Réveillon ao lado da amada. Com a aliança e os votos "para sempre" trocados ontem, agora pretendem curtir a vida de recém-casados até quando possível. O marido vai voltar para Zurique mas, em breve, retornará de mala e cuia para ficar de vez ao lado de Ana – afinal, quem casa quer casa.
"Tem mulheres que ficam falando por aí que nunca vão encontrar o amor de sua vida. Mas a vida é feita de plantios, de semear sonhos, e não de colher tudo com pressa. Deus é quem manda nessas coisas. E ele me presenteou o amor de Martin", finaliza.
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