Barbudos entram na briga por vagas de Papai Noel, com salário de 6 mil
Mas conseguir uma das 4 vagas não é fácil; tem de ter barba natural e gostar de criança
Alguém que tenha uma barba verdadeira, empatia com crianças e disponibilidade para trabalhar de domingo a domingo é procurado na cidade para ser Papai Noel. São especificamente quatro vagas oferecidas pela RM Produções, com salário de R$ 6 mil, que foram anunciadas ontem pela Funtrab (Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul).
Porém, não basta apenas “se fantasiar” de Bom Velinho. “A gente quer alguém que saiba lidar com os sentimentos, que realmente entenda um pouco da magia do Natal”, explica a empresária Rosi Melgarejo.
De acordo com Rosi, as festividades de Natal deste ano precisam ser especialmente “mágicas”, para marcar a retomada dos eventos. “Eu acho até engraçado, porque as pessoas chegam aqui e acham que é só ficar sentado na cadeira, mas não é só isso. Claro que eu entendo a necessidade das pessoas em trabalhar, mas esse ano, estou procurando algo diferente e especial, já que esse vai ser o Natal depois dessa pandemia”, detalha.
A empatia, paciência e dedicação que Rosi procura têm a ver com a sensibilidade do momento e com situações que podem acontecer, por exemplo, lidar com crianças autistas ou com pessoas em luto por terem perdido familiares por causa da covid.
“Ano passado, colocamos o Papai Noel em uma espécie de jaula. Teve também pelo WhatsApp. E já teve criança que veio pedir para que o Papai Noel fizesse alguém da família ficar melhor. Então, esse ano, eu tenho certeza que isso vai ter mais ainda, com certeza, vai ter criança que vai pedir para o Papai Noel vovô ou vovó de volta. Então, ele vai ter que ter sensibilidade de lidar com esse tipo de sentimento sem ser ‘seco’, tem que ter um pouco da essência”, detalha e, inclusive, se emociona.
Rosi ainda reforça que para ocupar o cargo, não há uma faixa etária específica ou até exigência de ensino fundamental completo, conforme a descrição da vaga. “A única coisa de aspecto físico mesmo é que a barba tem que ser verdadeira. Não precisa nem ser branca, a gente dá um jeito, mas tem que ser verdadeira. Porque tem criança que puxa a barba para ver se é de verdade”, ressalta.
Outras características necessárias são comprometimento com o horário, uma vez que o trabalho fica mais intenso conforme o Natal se aproxima. “De início, serão 6 horas trabalhadas, mas vai aumentando e chegando até 12 horas corridas, com almoço e auxílios, claro”, acrescenta.
“A gente passou por um momento muito difícil, a gente precisa resgatar um pouco da magia do Natal”, reforça. “Me chamam até de louca, porque eu estou desesperada atrás de alguém assim, mas eu confio que vou achar alguém comprometido com os sentimentos”, expressa.
Um dos candidatos é Marcelo Martins Teracchia, de 49 anos. Com uma única experiência em ser Papai Noel 20 anos atrás, ele não quis deixar passar a oportunidade. Quando questionado sobre o salário, apenas dá risada. Diz ter ouvido falar da vaga de trabalho por meio de uma amiga e achou que seria uma boa chance de unir a utilidade da barba grande à experiência de ser Papai Noel "de verdade".
"Eu já gosto de barba grande, então, isso já é um requisito. Eu gosto de estar perto de crianças, acredito que vai ser uma experiência legal. Já fui Papai Noel uma vez, mas há muitos anos atrás, na época, no Mato Grosso e só como uma brincadeira. Então, não quis deixar passar essa possibilidade agora e ainda de sobra, quem sabe, conseguir uma grana para garantir um churrasquinho", expressa.
Nilton dos Santos Zanuncio, de 63 anos, também se candidatou para a vaga e também pela vontade de experimentar a rotina de Papai Noel de Shopping. Comenta, inclusive, que nem está tão focado no dinheiro e sim, na possibilidade de realizar a vontade.
"Eu fui professor durante 30 anos e sempre era o Papai Noel das escolas e falo com orgulho que durante esses anos, nunca peguei um atestado, nem faltei. Eu estava de férias na praia, quando tive a ideia que esse ano, eu queria ser o Papai Noel. Eu estava andando na rua, indo para a igreja logo cedo, quando a Rosi me viu e me perguntou se eu não queria participar da seleção. Parece que ela tinha lido meu pensamento", detalhou.
Uma dica para quem está pensando em encarar o personagem do Bom Velhinho, é realmente conhecer a história. “Vestir roupa vermelha e fazer ‘Ho, ho, ho!’, isso qualquer um faz. Agora, ser o Papai Noel, é outro esquema”, detalha Luiz Augusto Castro Mancini, de 60 anos.
Conhecido como Guga, começou a trabalhar como Papai Noel como uma brincadeira em 2004, quando substituiu um amigo doente em uma festa em Corumbá. “Investi dois salários na minha primeira roupa”, relembra.
Tem toda a história do Papai Noel na ponta da língua, desde o começo da lenda com São Nicolau, até a falta das tradições mais clássicas da festa. Diz que tem até uma música específica que serve de trilha sonora para sua transformação. Durante a entrevista, o Papai Noel de Guga “conversa” com voz e personalidade diferentes.
Já passou por altas aventuras como Bom Velhinho: desceu de rapel, andou de helicóptero, teve até um acidente com um óculos, machucando o rosto. “É preciso contar histórias para as crianças. E para adultos também, já consegui fazer dançar valsa com o Papai Noel e já fiz o presidente da Bolívia se emocionar. É uma transformação interna que acontece. Até o dia em que o Criador me deixar andar nessa Terra, eu serei Papai Noel”, declara.
Os interessados na vaga de Papai Noel devem entrar em contato diretamente com a Rosi, por meio do WhatsApp (67) 99123-1337.
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