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Comportamento

Casal fez kombi de casa decidido a ‘não esperar a morte chegar’

Angélica e João já viajavam de moto, mas decidiram abandonar casa fixa para viver na estrada

Por Aletheya Alves | 27/09/2024 08:30
Kombi foi transformada em casa por Angélica e João. (Foto: Arquivo pessoal)
Kombi foi transformada em casa por Angélica e João. (Foto: Arquivo pessoal)

Cada um ficou com quatro mudas de roupas e só o mínimo foi mantido da antiga casa quando Angélica, de 57 anos, e João Lugo, de 60, decidiram que realmente transformariam sua kombi em lar. Há bons anos, o casal já viajava com suas motos, mas perceberam que não queriam esperar mais para realmente mudar a forma de aproveitar a vida.

“Ficamos eu, o João e a Nina, nossa cachorrinha. Não íamos ficar esperando a morte chegar. O mais difícil foi desapegar, somos acumuladores por natureza porque gostamos de comprar novidades”, resume Angélica sobre a decisão que coincidiu com a catástrofe do Rio Grande do Sul.

Nesse período, a artesã abriu os armários de casa, selecionou as roupas, três pares de sapatos, dois jogos de lençóis, quatro toalhas e duas mantas. E o restante da casa toda? Tudo foi doado sem dó, como ela diz, para quem precisava.

Foi assim que os dois realmente perceberam que não precisavam de muito para conseguir viver da forma com que sempre imaginaram. “No dia 9 de junho de 2024, saímos pra viver na estrada, não temos casa fixa para voltar, nossa casa é a kombi”.

Angélica garante que viver assim tem sido maravilhoso, ainda mais pensando que o quintal muda todos os dias. A consequência é que, ao invés de objetos, o “acúmulo” tem sido de histórias e amizades.

Casal já gostava de viajar e optou por levar a vida para a estrada. (Foto: Arquivo pessoal)
Casal já gostava de viajar e optou por levar a vida para a estrada. (Foto: Arquivo pessoal)

Diferente de pessoas que tomam decisões do tipo sem nenhuma experiência anterior, o casal reforça que já eram motociclistas e estavam acostumados a viajar. A questão é que passou a ser necessário um conforto maior.

Com isso em mente, Angélica deu sua moto para um dos filhos e João manteve a dele por gostar de pilotar com os amigos. A kombi foi comprada há cerca de dois anos para encontrar o filho em Salvador e seguiram viajando.

Na época, os trajetos sempre envolviam sua casa em Ponta Porã, já que a outra filha também morava na cidade. Hoje, nenhum dos três filhos moram por lá, sendo que a mais nova se mudou para Campo Grande.

Pensando na dinâmica dos dias, tanto Angélica quanto João são artesãos e vendem acessórios para motociclistas. Então, eles aproveitam os eventos para expor os produtos e também reencontrar os amigos.

Nina, de dez anos, acompanha todas as aventuras. (Foto: Arquivo pessoal)
Nina, de dez anos, acompanha todas as aventuras. (Foto: Arquivo pessoal)

“Saímos das motos, mas as motos não saíram de nós. Por isso, a kombi tem decoração com caveiras. Ela, por suas características, chama muita atenção. As pessoas tiram fotos, querem saber de onde somos, para onde vamos e se oferecem para ajudar se precisarmos”, descreve Angélica.

Por gostarem desse contato, o casal faz questão de contar as experiências e as amizades vão se criando até com mecânicos, eletricistas e borracheiros pelo caminho.

“Viver na kombi, na estrada, é ter liberdade. A cada dia um aprendizado, vivemos com muito pouco, mas vivemos muito mais felizes sem estresse e sem pressa, afinal o que se leva da vida é a vida que se leva”.

E, para acompanhar as aventuras dos dois, os perfis no Instagram são @angelical.lugo e @joaor.lugo

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