Chefe dos sonhos tem que ter paciência com quem está iniciando
No Dia do Chefe, povo nas ruas fala qual é o perfil da figura de liderança ideal no dias atuais
Celebrado na quarta-feira (16), o Dia do Chefe é uma data destinada a homenagear os líderes, mas o Lado B decidiu ir às ruas do Centro de Campo Grande para ouvir o que a população tem a dizer sobre a imagem de um líder ideal.
Quase em unanimidade entre as pessoas ouvidas, destacou-se que o diálogo é o caminho, e que educação, boa convivência e pagar o salário em dia são essenciais para que as figuras de liderança sejam lembradas de maneira positiva.
Para o encanador de rede hidráulica Gilmar Paredes, de 41 anos, o chefe ideal é aquele que, acima de tudo, tem boa comunicação com os funcionários, além de ser uma pessoa compreensiva. Atualmente, ele trabalha para uma empresa em Ribas do Rio Pardo, no interior de Mato Grosso do Sul, e afirma que a atual chefia é um senhor bastante sistemático e organizado, que gosta de manter a ordem.
“Se a gente pede, ele atende, e se ele pede pra gente, a gente também atende. Não é todo chefe que tem essa percepção com a gente, ou a gente com eles. Se a gente não dialogar com eles e eles com a gente, a gente não chega a lugar nenhum”, defende Gilmar.
Para Claire Ribeiro, de 37 anos, o chefe dos sonhos precisa ser aberto ao diálogo e paciente, principalmente com quem está começando em alguma função, como foi o caso dela ao conseguir o primeiro emprego como auxiliar de cozinha aos 18 anos. Por sorte, ela relata que sua chefe na época cumpria esses requisitos.
“Eu não sabia nada. Então, ela me ensinou tudo. Ela foi paciente comigo durante quase dois anos. Quando havia problemas na empresa, ela chegava e conversava com a gente. Como ela dizia, ‘uma mão lava a outra e a gente lava a cara junto’. Então, tínhamos comunicação. Ela deixava isso aberto para conversarmos com ela, e a gente se entendia”, relata Claire.
Atualmente afastada da área da cozinha, Claire declara que prefere voltar ao trabalho com carteira assinada (CLT), pois ser sua própria chefe daria muito trabalho. Quando retornar ao mercado, ela gostaria de ter um chefe que, além de ser aberto ao diálogo e paciente, oferecesse também um bom convívio e respeito, além de cumprir os horários e atender às demandas adequadamente.
“Eu acho que [um ponto importante] é a convivência com o chefe. Isso ajuda bastante a gente a decidir se quer trabalhar pela empresa ou não. Se somos bem tratados, se nos dão valor, então a gente trabalha, cumpre o horário e faz as coisas certinho”, diz.
Por outro lado, enquanto algumas pessoas têm sorte no mercado de trabalho CLT e não sonham em ser autônomas, esse não foi o caso do moto Uber Aldo Ferreira de Souza, de 54 anos. Ele conta que, quando era empregado sob o regime CLT, o que mais desejava era trabalhar de forma autônoma. Por isso, ele fez um empréstimo e investiu em uma motocicleta para trabalhar como motorista de aplicativo.
Quando questionado sobre o que ele valoriza em uma figura de liderança, Aldo logo afirmou que educação, diálogo e boa convivência são indispensáveis. A falta dessas características nas lideranças das empresas para as quais trabalhou o levou a investir em trabalhar por conta própria.
Hoje, ele afirma que não deixaria o trabalho autônomo pela carteira assinada, porque agora “tenho uma autonomia que eu não tinha”. Em uma situação hipotética, em que ele ocupasse um cargo de chefia, Aldo respondeu que, se fosse chefe, agiria exatamente como ele gostaria que tivessem agido com ele, “primeiramente teria educação e faria o pagamento em dia também”.
A artesã Júlia Carrara, de 23 anos, atualmente trabalha como abastecedora em um supermercado, e também sonha com o trabalho autônomo. O chefe dos sonhos dela seria "trabalhar pra mim mesma, não precisar responder sobre as ordens de outra pessoa”, além de que seria uma chefe bem “disciplinada e regrada, além de produzir muita coisa”. Ela afirma que deseja trabalhar totalmente sozinha, e nem sequer cogita a possibilidade de se tornar chefe de outra pessoa um dia.
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