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Comportamento

Com 60 anos de dedicação à Base Aérea, "Cuecão" mereceu festa temática

Ele se aposentou há mais de duas décadas, mas não deixa de trabalhar mesmo com total liberdade para curtir a aposentadoria.

Thailla Torres | 28/01/2018 08:15
São 60 anos de profissão desde que foi incluído na FAB (Força Aérea Brasileira).
São 60 anos de profissão desde que foi incluído na FAB (Força Aérea Brasileira).

Hoje Carlos Alberto de Carvalho é um guia turístico dentro da Aeronáutica. Mas a experiência começou há 60 anos quando entrou na FAB (Força Aérea Brasileira) como soldado. O amor pela farda é tão forte que ele faz questão de exibir em cada cantinho da casa um pouco dessa história. Por isso ganhou festa surpresa para comemorar o tempo de dedicação.

O evento foi neste mês e organizado nos mínimos detalhes pelas três filhas de Carlos. "Tinha até docinhos personalizados da FAB que mora no meu coração", diz. O amor pela profissão também foi parar no bolo, decoração, lembrancinhas e na banda de percussão que fez o pai voltar no tempo, através da musica que mudou a vida de Carlos.

Aos 78 anos, se aposentou há mais de duas décadas, no mesmo lugar onde iniciou a carreira. Mas desde 2003 ele faz parte do programa Tarefa Tempo Certo como suboficial da reserva atuando em formaturas e como guia turístico dentro da Força Aérea, mesmo com total liberdade para curtir a aposentadoria.

“Em primeiro lugar, eu continuo trabalhando porque amo e a FAB é uma família pra mim”, começa Carlos que surpreende pela memória ao lembrar com exatidão, datas, horários e até os nomes de quem fez parte ao lado dele durante a trajetória na corporação.

A surpresa ao ser ver no bolo, de farda.  (Foto: Rodrigo Marques)
A surpresa ao ser ver no bolo, de farda. (Foto: Rodrigo Marques)

“Eu entrei como soldado recruta, fui cabo escrevente em serviços administrativos e depois fui suboficial músico trabalhando com instrumentos de percussão. Eu sabia tocar todos da banda”, lembra.

Orgulhoso, o amor pela música que surgiu de repente nem deu chance para Carlos tentar vingar na aviação. “Questionam, mas eu nunca quis ser piloto. Na minha especialidade, que era a música, não sobrava tempo para pensar nisso e nem estudar outra coisa”, diz.

E o que não faltou foi oportunidade para tocar. “Naquele tempo, tínhamos muitas formaturas dentro da FAB e elas não são cerimônias comuns, é preciso entrar, marchar e se apresentar na frente da autoridade presente e isso era um comprometimento muito grande. Até hoje é assim”, completa.

A harmonia das formaturas fez Carlos se dedicar de vez à música. “Eu quis aprender a tocar corneta e passei a me dedicar. Tanto que dentro da FAB, fui um dos corneteiros a pegar um jatinho de Alagoas para tocar na inauguração de Brasília, em abril de 1960”.

Natural de Maceió, foi transferido para Campo Grande em 1988 onde continuou o trabalho até se aposentar em 1994. Mas ele nem chegar a pensar o que faria de diferente com o tempo livre.

“Continuei frequentando, participando e tocando com o grupo. Acho que hoje, se alguém fizer um levantamento dentro da FAB, eu sou um dos únicos trabalhando aos 78 anos de idade e se dependesse de mim eu passaria mais 10 anos”, diz. 

Carlos ainda tocou com a banda para voltar no tempo. (Foto: Rodrigo Marques)
Carlos ainda tocou com a banda para voltar no tempo. (Foto: Rodrigo Marques)
Durante um voo que ganhou de presente. (Foto: Arquivo Pessoal)
Durante um voo que ganhou de presente. (Foto: Arquivo Pessoal)

Além do amor pela música, Carlos também leva na memória outro ofício que marcou sua carreira nas seis décadas de ofício. Nos dias de folga da corporação, ainda no Nordeste, ele se dedicava ao futebol como cronista esportivo. Um dia, chegou a ficar famoso, após um deslize que rendeu apelido entre os mais de 35 mil torcedores que estavam na partida.

“Estava em Natal durante um jogo, no estádio Humberto de Alencar, Campeonato Nacional de 1972 e o objetivo era sempre entrevistar o melhor jogador da partida no intervalo. Naquele dia eu não me dei conta que havia esquecido de colocar o cinto e perdi as calças no meio do caminho. Fui chamado de cuecão por toda arquibancada”, recorda.

Tempos depois, fora dos campos, ele continuou com dedicação exclusiva à FAB, lugar que além de abrigar o comprometimento do oficial, virou a segunda casa que ele já sente em ter que deixar. “Esse contrato que eu tenho, está previsto para encerrar em janeiro de 2019. Depois disso eu não posso mais trabalhar, só se durante o ano tenha alguma mudança administrativa na Aeronáutica, fora isso, vou precisar me aposentar de verdade”.

Sobre a memória preservada e a disposição para continuar trabalhando, Carlos ensina: “Basta se cuidar. Eu caminho todo dia, não passo a noite em claro, evito gordura, não bebo e não fumo. Por isso acordo com a cabeça fria todos os dias”

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Até os docinhos foram personalizados com aviões.  (Foto: Rodrigo Marques)
Até os docinhos foram personalizados com aviões. (Foto: Rodrigo Marques)
Aniversário marcou os 60 anos de história. (Foto: Rodrigo Marques)
Aniversário marcou os 60 anos de história. (Foto: Rodrigo Marques)
Colar e camiseta com distintivo que ele não abre mão. (Foto: Thailla Torres)
Colar e camiseta com distintivo que ele não abre mão. (Foto: Thailla Torres)
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