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Comportamento

Com a 14 de Julho ganhando nova vida, já ouviu sobre as antigas?

“Personagens” registrados por Paulo Coelho Machado integram história de uma das principais ruas da cidade

Por Aletheya Alves | 26/08/2024 07:35
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Josetti é um dos "personagens" destacados pelo autor. (Foto: Reprodução/Paulo Coelho Machado)
Josetti é um dos "personagens" destacados pelo autor. (Foto: Reprodução/Paulo Coelho Machado)

Uma das mais antigas da cidade, a Rua 14 de Julho costuma ser foco de discussões e, nas últimas semanas, o ganho da vida noturna tem movimentado a cidade mais uma vez. E, por não ser possível pensar o aniversário de Campo Grande sem ela, também é válido lembrar de outras vidas que passaram por ali e ficaram na memória de quem acompanhou e acompanha a cidade.

Em seu livro “A Rua Principal”, Paulo Coelho Machado (que tampouco pode ficar de fora quando se fala sobre Campo Grande e suas histórias) destaca não apenas as construções que ficaram no passado. Ali, as pessoas que integravam a rua e não se desvinculavam dela também ganharam seu espaço.

Voltando para meados de 1920, até antes, Bezerra era um senhor que costumava caminhar com um bastão e que tentava conversar e, em geral, não recebia muita atenção. Algo interessante a se pensar era que, na época, a pressa já estava presente no cotidiano da cidade.

“Cumprimentava a todos, externava votos de saúde e felicidade à família. Jamais solicitava qualquer coisa das pessoas. Só raramente recebia um óbulo de algum passante menos apressado. Aproveitava para iniciar uma palestra e narrava as peripécias de sua vida”, descreveu o escritor.

Rua 14 de Julho antes de passar por reforma. (Foto: Arquivo/Saul Schramm)
Rua 14 de Julho antes de passar por reforma. (Foto: Arquivo/Saul Schramm)
Fotografias dos "populares", nas palavras de Paulo Coelho Machado. (Foto: Reprodução/Paulo Coelho Machado)
Fotografias dos "populares", nas palavras de Paulo Coelho Machado. (Foto: Reprodução/Paulo Coelho Machado)

Pensando sobre outros que podem ser lembrados em anos mais avançados, Josetti, Pompílio e Alcides entram na lista. Para Paulo, inclusive, foram os últimos que conseguiram seu espaço na cidade movimentada.

Pompílio costumava andar com um saco nas costas e usava ternos maiores do que ele. Alcides, por sua vez, chegou a trabalhar na fazenda da família do escritor. E Josetti era conhecido por ser querido na cidade, como diz Paulo.

“Pertencia a família importante de Corumbá. O tio era dono da empresa telefônica local. Ele mesmo fora guarda-livros, como se chamava o então técnico de contabilidade ou contador, de grande competência e caligrafia primorosa”.

Outro personagem era um senhor que morava no antigo Hotel Globo e era conhecido como “Cabo Verde” por ter nascido no arquipélago do continente africano. Entre as conversas, o homem costumava falar sobre o mar, as montanhas e tinha até um ar teatral.

“Tinha o hábito de, à noite, olhar para o céu e com ar filosófico dizer: ‘eu estou controlando as estrelas’. E fazia o gesto de puxar um fio, como se estivesse a recolher uma pandorga ou papagaio”, escreveu Machado.

Devido à sua origem, falava um português com sotaque europeu e, sabendo um pouco de inglês, gostava de ensinar o idioma. Tanto é que o próprio Paulo Coelho Machado aprendeu a contar até cinco na outra língua.

Na época em que conheceu Cabo Verde, o escritor tinha por volta de oito anos e conta que chegou a ver o antigo morador ser agredido por um dos antigos donos do hotel. No episódio, nada aconteceu com o agressor.

A lista dos moradores da época seguia com “Perua” e “Maria Bolacha” que, obviamente, não gostavam dos apelidos. Mas nas lembranças do autor restaram justamente eles. Também conhecido por um apelido, “Revoltoso” era um homem que garantia ter feito parte da Coluna Prestes.

Movimentação noturna na via tem a inserido em uma nova fase. (Foto: Arquivo/Juliano Almeida)
Movimentação noturna na via tem a inserido em uma nova fase. (Foto: Arquivo/Juliano Almeida)

Para quem não conhece sobre, a Coluna Prestes, de forma resumida, foi um movimento político e militar da década de 1920. Em meados de 1922, grupos insatisfeitos com o governo brasileiro tinham ideais revolucionários e marcharam contra o governo de Arthur Bernardes.

E, pensando sobre os cenários encontrados hoje em Campo Grande, dá para dizer que novos personagens também poderiam entrar nas páginas das novas histórias da 14?

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