Com paralisia cerebral, Caio vira youtuber e ensina a superar obstáculos
Caio enfrenta os limites e o preconceito de cabeça erguida, por isso leva motivação e consciência a outras pessoas através da internet.
Em Campo Grande, Caio Henrique Romero, de 21 anos, vem rompendo padrões através da internet. Ele tem paralisia cerebral e, através de um canal no Youtube, transformou a deficiência em motivação para incentivar outras pessoas a enfrentarem as dificuldades na vida.
Apesar das dificuldades, Caio conta um pouco do cotidiano e como faz, principalmente, para superar os obstáculos. Os vídeos são gravados uma vez por semana, na em uma casa no Jardim das Macaúbas onde mora com a mãe. Dona de casa, Márcia Romero, é quem ajuda o filho na gravação. Depois, Caio edita tudo sozinho.
Ele conta que lutou para viver logo nos primeiros dias de nascido. "Eu tenho paralisia cerebral. Nasci de 6 meses e no terceiro dia de vida tive uma paralisia respiratória. Foram três segundos para ter uma lesão em toda parte motora", descreve.
O diagnóstico assustou a família que passou a lutar, diariamente, por uma vida normal a Caio. "A gente morava em Nova Andradina. Lá não tinha muitos recursos e o único apoio que tivemos foi da Apae. Mas depois de um tempo eles disseram que o cognitivo de Caio era normal e por isso ele deveria ter uma vida comum como qualquer outra criança", diz Márcia..
No ensino regular, Caio sempre foi dedicado e tinha o sonho de ser jornalista. "Mas por falta de dinheiro a gente não conseguiu. E ele acabou escolhendo Marketing Digital".
Caio está no segundo ano de faculdade e em 2017 abraçou a ideia de fazer vídeos no Youtube. "Eu até hoje não entendo muito bem como isso funciona. Mas apoio, vejo que as pessoas refletem mais sobre a vida quando escutam o Caio falar", diz a mãe.
No canal, um dos principais assuntos é esperança e força de vontade. "Como eu sempre falo, minha limitação não me limita em nada. Sou feliz dessa forma e toco minha vida normal. Não ficou triste de ter vindo ao mundo dessa forma", afirma Caio.
O acadêmico também quer mostrar que não é porque tem uma deficiência que o mundo pode tratá-lo de qualquer forma. "Quero falar sobre preconceito e com isso motivar as pessoas a fazerem o melhor, sem passar por cima das outras. Eu já sofri muito isso, mas eu não fico mais triste, eu vejo o lado positivo de tudo", diz.
A mãe luta ao lado de Caio por todas as conquistas, mas admite que o preconceito, ainda, é o maior desafio. "Eu sofri muito para fazer a matrícula dele na universidade. Foram quatro tentativas. Eles achavam que não teria capacidade. Até que um dia a coordenadora tomou conhecimento e resolveu tudo para ele entrar".
O curso é semi-presencial. Caio vai a faculdade somente para fazer as provas, mas durante a semana, é dedicado aos estudos. "Ele passa o dia estudando, tendo ideias para o canal e principalmente sonhando em fazer novas palestras".
"Eu já participei de congresso e hoje eu quero ser um palestrante motivacional. Levar a minha história e fazer com que as pessoas vejam nela uma mudança de vida", acrescenta Caio.
Agora, a mãe busca informações para que o filho continue investindo no canal. "Como eu não sei muita coisa, ele vai me falando e eu vou ajudando. Compramos um tripé e ele tem o celular. Agora vou arrumar um microfone para melhorar a qualidade do áudio e ele continuar fazendo o que gosta".
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