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Comportamento

Concurso de beleza celebra a ancestralidade e força das mães terena

Aldeia Água Bonita fecha as comemorações do mês dos Povos Originários

Por Kamila Alcântara | 12/05/2024 13:40
Participantes do primeiro Miss Mãe Indígena, da Aldeia Urbana Água Bonita em Campo Grande (Foto: Kamila Alcântara)
Participantes do primeiro Miss Mãe Indígena, da Aldeia Urbana Água Bonita em Campo Grande (Foto: Kamila Alcântara)

As mães da Aldeia Urbana Água Bonita, na região do bairro Tarsila do Amaral em Campo Grande, customizaram seus trajes típicos e desfilaram pela primeira vez em um concurso de beleza feito para elas - o Miss Mãe Indígena. O evento deste domingo (12) fecha as celebrações especiais do Mês dos Povos Originários.

Com muitas penas, óculos escuros e aos 83 anos, Balbina da Silva é a anciã da comunidade e decidiu participar do concurso para acompanhar a amiga de bailes, a também octogenária Nita Dias. Ela compartilha uma história de vida sofrida, pois teve que sair de Miranda, a 208 km da Capital, depois que o pai morreu e a mãe não tinha como cuidar dos filhos, mas não tira o sorriso do rosto.

“Tive nove filhos, todos nasceram aqui em Campo Grande, então fazem mais de 50 anos que vim para cá. Nem vi a minha mãe morrer, foi lá na nossa terra. Mesmo com todas essas lutas, é preciso saber viver com alegria e amor. Eu sou feliz assim! Vivo bem e forte aqui, onde somos uma família”, disse a anciã.

No tapete vermelho do concurso, a anciã Balbina da Silva (Foto: Kamila Alcântara)
No tapete vermelho do concurso, a anciã Balbina da Silva (Foto: Kamila Alcântara)

Adenilda Martins, 30, veio de Aquidauana com a mãe aos 14 anos para conseguirem trabalhar. “Ter eventos assim valorizam nossa cultura e quem nós somos de verdade. Sai da aldeia para conseguir oportunidades de emprego, para sobreviver, então é importante fazer esse resgate", acredita.

Das 13 candidatas, a que conquistou a faixa de Miss foi Adelina da Silva, 59 anos, a primeira moradora a conquistar uma casa na Aldeia Urbana Água Bonita. Ela nasceu na Terra Indígena Taunay, e hoje é a matriarca de uma família com cinco filhos, 13 netos e três bisnetos.

"Mães são raízes, que precisam ter força e coragem para cuidar dos filhos. Só quando conseguimos ser essas raízes fortes que vamos criar frutos saudáveis, felizes", defende a ganhadora do concurso.

Primeira Miss Mãe Indígena é também a primeira moradora da aldeia urbana, Adelina da Silva, de 59 anos (Foto: Kamila Alcântara)
Primeira Miss Mãe Indígena é também a primeira moradora da aldeia urbana, Adelina da Silva, de 59 anos (Foto: Kamila Alcântara)

Segundo o presidente da Associação de Moradores da Aldeia, Aldo Romero, a comunidade é formada por 300 famílias e todos os anos a festa dos Povos Originários é feita com ajuda de doações. “São mães que representam as 300 famílias aqui da comunidade. É o primeiro evento desse tipo e conseguimos doações para conseguir os prêmios e tudo aqui da festa"

Missionário em causas humanitárias, com experiências até na Amazônia, o pastor Israel Fonseca foi um dos jurados e achou a iniciativa importante para a cultura terena. “Isso aqui é a sustentação das tradições deles, que precisa se perpetuar para as próximas gerações. Avaliamos os trajes, todos feitos de sementes, os desejos características da etnia e alegria".

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