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Comportamento

'De Repente, 60': amigas há 5 décadas fazem aniversário coletivo

Amigas se conheceram na infância e, após se reencontrarem, decidiram fazer festa de aniversário coletiva

Por Aletheya Alves | 21/10/2024 06:52
Festa temática foi para comemorar os 60 anos de idade das amigas. (Foto: Leo França)
Festa temática foi para comemorar os 60 anos de idade das amigas. (Foto: Leo França)

Na década de 1970, mais de 20 amigas se conheceram no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora. O tempo passou e, graças à Internet, elas conseguiram se reencontrar. Agora, com a maioria completando seis décadas de vida, o grupo decidiu celebrar a vida e as reuniões com uma festa temática: "De Repente, 60!".

RESUMO

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Um grupo de amigas que se conheceram no Colégio Auxiliadora, em Campo Grande, se reencontraram após anos e decidiram celebrar seus 60 anos com uma grande festa. A ideia surgiu após a criação de um grupo de WhatsApp, que aproximou as amigas que haviam se distanciado com o tempo. A iniciativa partiu de Cris Ribeiro, que infelizmente faleceu antes da festa, mas teve papel fundamental na reconexão do grupo. O reencontro das amigas, que ocupam diferentes profissões, é uma celebração da amizade duradoura e da importância de manter contato, mesmo com a distância e o passar dos anos.

Contando sobre a história desde o início, a gestora pública Malu Barros explica que, apesar de terem se conhecido lá atrás, nem todas seguiram em contato. Foi graças às redes sociais que conseguiram passar a se reunir.

No seu caso, ela veio para Campo Grande em 1976 por ser filha de militar e foi matriculada no Auxiliadora. Ali, assim como todas, se aproximou e conseguiu manter contato com parte delas durante a adolescência e juventude.

Depois, Malu se casou e foi embora de Mato Grosso do Sul. “Anos depois, retornei vindo de porto velho e encontrei essas amigas. Desde então, estamos nos reconhecendo novamente. Foi assim que a Cris Ribeiro, uma das amigas, decidiu criar um grupo de Whatsapp. Trocamos fotos da família, dos filhos, falamos de como estava a vida e marcamos um grande encontro inicial”.

Desde então, as reuniões se tornam mais presentes na rotina e, em uma delas, veio a ideia do aniversário coletivo. Mas, antes de pensar na grande festa, as amigas destacam Cris Ribeiro, a principal responsável pela reunião.

Em 2022, Cris faleceu após sofrer um AVC e não conseguiu ver o aniversário dos 60 anos, mas aproveitou muito a reunião das amigas até então. Foi ela quem criou o grupo de WhatsApp com as “meninas”.

Apresentada por Malu como “só alegria”, Cris era bastante presente na vida de cada uma. “Tinha sempre uma palavra amiga. Mãe do doutor Matheus Comparin e da doutora Thaune  Comparin. Avó dos gêmeos Otávio e Enrico e da Celine. Festeira que só”.

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Todos os meses, nós saímos juntas para nos encontrar e confraternizar. Algumas foram morar fora e vieram para cá especialmente para a festa. Ao todo, somos 24 que aderiram a festa, mas a turma é maior. Eu não abro mão dos nossos encontros, seja em boteco, bares da moda ou restaurantes”, relata Malu.

Ao todo, elas levaram um ano planejando o De Repente 60. Agora, com o projeto tendo se tornado realidade, Malu destaca a importância de manter as amizades apesar de todas as diferenças.

“Nossa amizade é uma delícia, somos diferentes, divergentes, mas iguais em muita coisa. Empresárias, arquitetas, terapeutas, artesãs, odontologistas, donas de casa, fazendeiras, servidoras públicas. Algumas viúvas, outras casadas com primeiro amor, outras casadas há muitos anos, separadas, divorciadas, solteiras na pista”, completa Malu.

Também na organização da festa, a arquiteta Elisa Maria explica que houve uma reunião com mais pessoas há quase dez anos. A partir dali, parte resolveu que seria interessante manter um grupo com aquelas pessoas mais unidas.

“E eu estou achando o máximo. Faço parte da comissão organizadora e minha heroína do momento é a Malu porque ela fez muita coisa bacana e sozinha”.

Imagem antiga em que parte das amigas integra o grupo. (Foto: Arquivo pessoal)
Imagem antiga em que parte das amigas integra o grupo. (Foto: Arquivo pessoal)

Mantendo amizades

No grupo, parte das amigas nasceram em Campo Grande, mas outras, como Maria Silvia Ostento, vieram de fora. Ela, no caso, saiu de Santa Catarina e chegou em 1972.

Conforme o decorrer do tempo, o contato foi diminuindo, mas algumas companhias permaneceram. Maria também saiu da cidade, então conseguir rever o grupo com um todo é emocionante.

“Foi como se tivesse voltado para um tempo que foi muito bom para mim. Entrar no Auxiliadora me trouxe muita segurança quando vim para Campo Grande. Em resumo, a festa significa muito para mim, não quero que seja a última”.

E, inclusive, sobre Cris, Maria conta que a viu uma semana antes de adoecer. “Ela estava muito feliz com tudo o que estava acontecendo na vida dela. Tenho certeza de que, onde quer que ela esteja, está feliz pela sementinha que plantou ter gerado uma árvore tão grande que somos nós do grupo”, descreve.

Sobre manter a amizade, a empresária Denise Rondon narra que é sempre uma união entre memórias antigas e novas histórias. “Cada vez que nos reunimos é um motivo para desfrutarmos daquele momento, é uma delícia estar com minhas amigas da Auxiliadora”.

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Morando na Alemanha, Claudia Marly Corrêa Baumann veio ao Brasil para a festa e resume que um elo forte mantém o grupo. “Eu vou sempre manter esse vínculo com todas, embora não possa estar sempre com elas. [...] A amizade é um bem valioso e quem tem amigos é feliz”.

Maria Inês Soares ainda conta mais detalhes que podem acionar memórias de outras pessoas: ter estudado no primário da Irmã Judite.

“A cidade ainda era pequena, a gente acabava se encontrando fora da escola. As famílias se conheciam, mas nesse período estreitei amizades que perduram até hoje. [...] Morei um período em São Paulo, então me afastei um pouco, mas quando retornei também retomei o convívio com todas. As redes sociais acabaram nos juntaram”.

Hoje, pensando sobre como manter o contato, a cirurgiã Letícia Moretti argumenta que a afinidade, amor e amizade é o que garante o companheirismo tão longo.

Feliz com a sequência de acertos do grupo, a funcionária pública federal Mariluce Vilela diz que sonhava com o encontro. “Eu tinha muita saudade da época, saudade das pessoas com quem estudei e tinha curiosidade de saber se todas estavam bem. Então, foi uma realização para mim”.

Para ela, além da diversão, o grupo tem sido mais uma motivação durante o cotidiano. Inclusive, Mara Lucia Gutierrez brinca que tudo é motivo para que as amigas se encontrem.

“É muito prazeroso porque várias vezes você está cansada, triste, sem vontade de sair e começam a pipocar as ideias de encontros. É um motivo para relembrarmos os bons tempos, matarmos a saudade e termos nossas conversas”, diz Mara.

Além disso, há também quem fez novas amizades no grupo, como foi o caso de Silvia Anita Gaspar e Elisa Maria. E, pensando sobre como funciona a dinâmica geral, Constance Rezek destaca que o diálogo é algo cada vez mais importante (e raro).

Ela cita como as amizades têm se tornado distantes, mas que as amigas de infância conseguem seguir conversando com interesse. “Viajei e fiquei observando seis pessoas em uma mesa, todas com celular e ninguém se olhando. A gente não, nós gostamos de nos ver, de nos encontrar”.

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