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Comportamento

De sorveteria às noites no Chatanooga, endereços antigos “moram” na saudade

Do que você mais sente saudade em Campo Grande? A certeza é que dezenas de sentimentos vem à tona quando se volta ao passado

Thailla Torres | 30/01/2020 06:21
Sorveteria Torino foi point durante década de 70, 80 e 90 em Campo Grande.
Sorveteria Torino foi point durante década de 70, 80 e 90 em Campo Grande.

Aproveitando o Dia da Saudade, comemorado hoje, o Lado B saiu por aí perguntando qual o endereço ainda vive na memória do campo-grandense. A cada resposta, um sorriso, uma respiração funda e olhos brilhantes. A certeza é que dezenas de sentimentos vem à tona quando se volta ao passado.

O casal, Rosângela Leão, 49, e Isac Barbosa, 53, olha para o outro lado da Rua 14 de Julho e ainda não acredita no que vê. Ela lambe os lábios como quem acabara de comer algo saboroso. Lembra, de olhos fechados: “Era o melhor sorvete de tamarindo da vida”.

Rosângela lembra da sorveteria que tinha "o melhor sorvete de tamarindo", conta ela. (Foto: Paulo Francis)
Rosângela lembra da sorveteria que tinha "o melhor sorvete de tamarindo", conta ela. (Foto: Paulo Francis)

E conta que a antiga sorveteria Torino atrai visitantes até hoje. Pessoas desinformadas, segundo ela, “que há muito tempo não visitam o Centro” e desconhecem o fechamento nos anos 2000.

“Muita gente para aqui na Praça Ary Coelho e pergunta: onde está a Torino?”, lembra. “Quando contamos que fechou elas saem tristes, assim como nós que sentimos saudade até hoje”, afirma Rosângela.

No número 1829, ficava a sorveteria que durante os anos 70, 80 e 90 era ponto de encontro do campo-grandense, após as matinês e as sessões do Cine Alhambra. O local já foi atração para quem quisesse ouvir as máquinas de sorvete funcionando ou experimentar os tradicionais sabores italianos.

O sábado mal tinha nascido quando Rudinei Mederli, 38 anos, foi contar o dinheiro e escolher a roupa para frequentar a Chatanooga. “A gente acordava esperançoso. Era a melhor balada de Campo Grande. Não tem como esquecer”.

Balada marcou a vida do moto-taxista Rudinei.
Balada marcou a vida do moto-taxista Rudinei.
Ele conta que era a melhor balada da cidade.
Ele conta que era a melhor balada da cidade.

Apaixonado pelos tempos da casa noturna, que ficava na Rua José Antônio, ele conta que a primeira vez que viu a boate percebeu que jamais deixaria o lugar. “Fiquei impressionado, era diferente de tudo que a gente já tinha visto por aqui. Se tornou o point de quem amava balada”. A Chatanooga abriu em 1987 e na época só tinha duas casas noturnas aqui. “Por isso ela tinha todo um glamour”.

Além dela, ele recorda do antigo Karaokê Frisson, que funcionou durante anos na Rua 7 de Setembro. Um tempo depois o mesmo endereço virou casa de strip-tease e hoje é balada de música eletrônica. “Mas nada se compara aos tempos do karaokê. Ele funcionava até tarde da noite, as pessoas saíam de outras festas e iam para lá. Tinha música boa, gente que cantava bem e um bartender que fazia inúmeros drinques”, recorda.

Estação Ferroviária de Campo Grande. (Foto: Arca)
Estação Ferroviária de Campo Grande. (Foto: Arca)
Lenir sente saudades do trem. (Foto: Paulo Francis)
Lenir sente saudades do trem. (Foto: Paulo Francis)

Quem visita o passado e não esconde a emoção é a auxiliar de serviços gerais Lenir Moura dos Santos, 50 anos. Ela sorri grande e fecha os olhos como quem ainda sente o vento que batia na janela do trem durante as viagens até o Pantanal. “Foi a melhor época da minha vida. Não tenho outra saudade maior do que a que eu sinto do trem”.

Enquanto ela conta lembrando a sensação, as filhas dão risada, e confirmam a paixão da mãe. “Ela sempre fala dele”. Lenir então descreve as primeiras viagens, aos 15 anos. “Era uma alegria desde a compra do bilhete. O trem significava diversão, sair da rotina, novas experiências. Íamos daqui para Corumbá felizes”.

Ao engolir a saliva ela garante que consegue sentir o gostinho dos biscoitinhos caseiros que eram vendidos. “Sei exatamente o gosto deles, mas nunca mais encontrei igual. Era uma delícia”.

Ainda hoje, ela diz que visita a região da Estação Ferroviária para ver o local e voltar ao passado. “Toda vez que eu passo por ali ou visito, fico observando por um tempo e lembrando das nossas viagens. Tempos que, infelizmente, não voltam mais”, lamenta.

Carlos não esquece da Lanchonete "Sem Nome".
Carlos não esquece da Lanchonete "Sem Nome".

Sem muitos detalhes, mas animação de sobra, o vendedor Carlos Alberto Bobadilha, 57 anos, diz que melhor diversão estava na lanchonete “Sem Nome”, que na década 90 funcionava na Avenida Afonso Pena, entre Calógeras e 14 de Julho. “Era de donos simpáticos. E o povo que tinha lá era da nossa idade, gostavam de trocar uma prosa”, ri.

Ela fala com uma saudade da lanchonete, que até hoje lembra o ponto e o aroma que o pastel alcançava. “Ele ia até o meio da quadra, todo mundo gostava, mas não era só isso. Era bom também para a cervejinha”. Sem muitos detalhes da história do lugar, ele só garante que o local era point de “parada demorada”. “Não era como as lanchonetes de hoje, onde as pessoas engolem a comida e vão embora. Lá todo mundo ficava”.

E você? Qual a sua saudade? Mande fotos do lugar que você não esquece e conta pra gente o porquê o endereço faz tanta falta.

Você pode enviar pelo Facebook, Instagram ou pelo nosso Direto das Ruas através do WhatsApp do Campo Grande News (67) 99669-9563 (chame agora mesmo).

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