Dez anos depois, ocupação da reitoria da UFMS é comemorada com reencontro
Acadêmicos que na época ficaram 18 dias ocupando a reitoria da universidade se reencontraram na noite do último sábado.
Foi com festa tímida que os ex-acadêmicos que participaram de uma das principais ocupações na reitoria da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em 2008, relembraram o momento considerado histórico para os alunos da instituição. Na noite do último sábado (14), cerca de 25 pessoas estiveram na sede do Sindjor (Sindicato dos Jornalistas Profissionais de MS) e conversaram sobre o ato que ficou marcado na memória de quem participou.
Há 10 anos, os acadêmicos se uniram e montaram uma espécie de acampamento no prédio da reitoria pela paridade na eleição para a reitor da instituição. "Queríamos ter voz e isso não acontecia, então nos juntamos e ficamos 18 dias esperando uma posição do reitor que época era o professor Manoel Catarino Paes Peró", explica Lincon Garcia Silva, de 30 anos, ex- aluno e membro do movimento que ocupou o prédio.
O evento criado no Facebook teve muitas confirmações nas redes sociais, mas poucos apareceram no festa. Quem chegava, na sequência ia embora,. Mas os que ficaram aproveitaram para avaliar os avanços e retrocessos desde a ocupação.
"O maior fruto que ficou daquela manifestação foi a união dos cursos, ninguém queria se juntar para revindicar e hoje quando conversamos com os acadêmicos que estudam na Federal eles afirmam que até o movimentos das atléticas está mais forte e isso foi depois que fizemos o manifesto na reitoria", explica o sociólogo Robson Souza, de 33 anos, que veio de Corumbá, onde mora atualmente, para reencontrar os colegas.
Na festa de comemoração dos dez anos, todos eram bem vindos, até quem ingressou muito depois das manifestações. "Eu entrei em 2013 e o pessoal do curso já não tinha voz, os alunos sempre se demonstravam condescendentes com as situações que passávamos. Na eleição para diretor de curso nós elegemos um nome e depois descobrimos que outro professor que nem havia tido muitos votos foi efetivado, o que demonstra que o aluno contnua sem voz", avalia o acadêmico do curso de Engenharia Elétrica, Mateus Estevan, de 22 anos.
Os alunos em 2008 também lutavam para que o Restaurante Universitário fosse reativado, porque naquele tempo estava fechado. "Uma de nossas exigências era que o RU fosse reaberto e que a comida fosse vendida a um preço que os alunos tivessem condições de pagar. Conseguimos, mas com os anos ficamos sabendo que tudo voltou como era, a qualidade caiu e hoje os acadêmicos reclamam muito".
Avaliações a parte, a nostalgia tomou conta da reunião e os antigos alunos relembraram tudo que passaram na época em que acamparam na reitoria. "Me Lembro que daquela ocupação saiu o único debate público entre os candidatos a reitoria da instituição", diz Robson.
Outro fato que marcou foi a criação de algumas bandas durante o ato. "Todos os dias fazíamos sarau, e Dom Braz, Curimba e Louva Dub nasceram daquela manifestação", diz Lincon.
Na festa, as comissões que precisaram ser criadas para organizar o movimento também foram lembradas, de alimentação, mobilização, segurança e jurídica. "Na época fomos obrigados a criar esses grupos para que não fossemos marginalizados, porque o movimento tomou uma proporção que não podia sair do controle e principalmente a comissão de alimentação e segurança foram fundamentais para que ficássemos todos aqueles dias ali", diz um dos ex-acadêmicos.
O objetivo era confraternizar, mas não teve como não lembrar da luta que tiveram na época e que segundo eles se perdeu com o passar do tempo. "Não tem como não olhar para a UFMS, nós fizemos história lá e agora vemos que não há representatividade e isso nos deixa muito triste", lamenta Robson que cursava sociologia.
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