Em ceia venezuelana, o que menos importa é a comida diante da união da família
Organizada por voluntários, a ceia de Natal estendeu comida e confraternização para 42 famílias vindas da Venezuela
A Seleta esteve em festa neste sábado. Da rua dava para ouvir a cantoria em espanhol de uma brincadeira semelhante à "Qual é a música", em que as famílias tinham que adivinhar o cantor ou cantarolar o trecho da música indicada. O calor humano transbordava dos olhos ao sorriso demonstrando a gratidão pela acolhida. Organizada por voluntários, a ceia de Natal estendeu comida e confraternização para 42 famílias vindas da Venezuela e que se instalaram em Campo Grande no decorrer do ano.
A produção da festa era assinada por várias mãos voluntárias, entre elas o projeto Conectando Corações e a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que trouxe famílias venezuelanas para Campo Grande, garantindo casa, emprego e o suporte para recomeçar a vida.
Ester Barrios tem 44 anos, venezuelana que não cabia em si de tanta alegria. Há quatro dias o filho que faltava para a família estar completa chegou à Capital.
"Tenho saudades de muitas coisas do meu País, mas a acolhida dos brasileiros aqui em Campo Grande trouxe bastante benefícios para nós", conta a assistente administrativa que está há 10 meses aqui. "Aprendi muito rápido o desenvolvimento da língua, enquanto os meninos e meus rapazes estão estudando também, tem sido muito bom", completa.
São cinco filhos, de 26 até 6 anos de idade, três meninos e duas meninas. A ceia foi um almoço surpresa, bem diferente do que a família de Ester estava acostumada a comer no Natal. "Nosso tradicional prato de Natal é bem delicioso, é feito de farinha de milho pré-cozido que temos na Venezuela com recheio de carne de porco, bovina e de galinha e temos uma salada de peito de galinha com batata e cenoura muito saborosa também", descreve Ester.
O que seria servido ela até então não sabia, mas pouco importava. "Estamos todos juntos, reunidos como uma família. Não esperávamos essa acolhida que hoje temos aqui", agradece. O segundo filho mais velho foi o último a chegar para completar a família. Brian Barrios, de 22 anos, é técnico em Eletricidade na Venezuela e ainda está desempregado aqui.
"Para mim, estar junto com a minha família e vê-los crescendo tanto temporalmente quanto espiritualmente é o que importa. Me sinto muito agradecido a Deus e aos irmãos brasileiros", ressalta. Para o irmão, Cristopher Barrios, de 17 anos, a família estar unida é o melhor da ceia de Natal. "Eu não achava que ele viria para cá ainda, foi uma benção".
No cardápio era bobó de frango, e parte da decoração era formada dos brinquedos que os pequenos levariam para casa. "Esta confraternização tem causado muita alegria aos venezuelanos. Tem sido uma experiência muito agradável ver pessoas que se preocupam em ajudar", diz Yumaris Urdaneza, de 52 anos. Com seis meses de vida em Campo Grande, Yumaris descreve o que é o Natal. "A união de toda família que está em Campo Grande. Mesmo quando não nos vimos todos os domingos na igreja, sabemos que temos uma família com a mesma crença e eu estou fascinada pela atenção e esse amor para com os venezuelanos", resume.
A festa seguiu até o meio da tarde com muita música, alegria e fotos.