Em moto batizada de "Glamourosa", Grazi aposta sem medo na estrada
Participante do "Ladies of the Road" de MS, ela mostra como subir em sua moto e quebrar tabus
O que acontece quando uma mulher sobe na moto?
Ela sorri, canta, grita, chora. Ela se transborda. Principalmente, ela comanda, se supera e se empodera, inspira a si e outras – se realiza. Só sendo uma mulher motociclista para vivenciar isso".
Aos 41 anos, Graziela de Oliveira Bernardo sabe falar com propriedade a experiência de já estar quase 15 anos caindo nas estradas, não na garupa, mas no comando. Pilotando uma Harley Davidson modelo Deluxe – que ela fez questão de batizar de "Glamourosa" – participa com mais 20 mulheres do grupo "Ladies of the Road" de Mato Grosso do Sul, o "Clube da Luluzinha" onde cada uma sai na dianteira com sua moto, sem deixar ninguém, nem mesmo o marido, se meter no guidão.
"Foi em 2007 que subi em uma moto pela primeira vez, quando comprei minha "Azeitona", uma Yamaha XV535 nas cores verde e branca. Viajei naquele ano para Ponta Porã, onde participaria de um encontro regional de motos bem tradicional na cidade a convite de Rosana Costa, uma amiga e veterana no motociclismo em MS. Esse foi o ponto de partida na minha sobre duas rodas", relembra Grazi.
"Azeitona" ficou em sua posse por sete anos até que em 2014 fez a aquisição de uma Harley Davidson Dyna e, posteriormente, pulou para o seu maior sonho, o modelo Deluxe que possui até hoje. "Além do esposo, também casei com ela para vida toda", admite.
Antes disso, o gosto por motos surgiu nas férias, quando acompanhou o cunhado da irmã mais velha descendo a serra catarinense em direção ao litoral. Na ocasião, o viu conduzir uma Honda Shadow 600 cilindradas. De lá pra cá, só de estar pilotando sua "Glamourosa" entre as amigas já torna qualquer trecho de estrada mais emocionante.
"Nosso grupo tem várias integrantes, então dificilmente conseguimos reunir todas ao mesmo tempo. Porém, em dezembro do ano passado, tivemos uma experiência maravilhosa. Participamos juntas do WRWR (Women Riders World Relay), um revezamento só entre as motociclistas femininas do mundo todo. Pegamos a estrada até a fronteira com o Paraguai e, no dia seguinte, até a divisa com Goiás – tudo isso em apenas quatro dias".
Grazi conta que essa viagem marcou não somente pela integração entre as motociclistas, mas pela alegria de vivenciar o lado feminino de uma prática esportiva considerada "coisa de macho".
"É verdade que até bem pouco tempo atrás, o motociclismo era um meio predominantemente masculino. Cada mulher do grupo tem ao menos uma história na qual teve que quebrar algum tabu, seja em sua vida familiar, profissional ou simplesmente por querer pegar a estrada. Pelo menos no 'Ladies of the Road', observo que nossos filhos e maridos são apoiadores, adoram rodar com a gente, e acima de tudo admiram nossa vida sobre duas rodas. Já não falo só por mim, mas cada uma das meninas são mães e esposas felizes e realizadas com suas motocicletas".
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