Em pausa da estrada, caminhoneiros se encontram para churrasquinho em família
No estacionamento do Yotedy, cerca de 40 pessoas se reuniram para falar da vida e, claro, de seus caminhões
Ontem, no estacionamento do Buffet Yotedy, era possível avistar dez caminhões parados. Tratava-se de um encontro do grupo de caminhoneiros Conexão Loucas Noites (CLN), formado por profissionais da estrada e por admiradores dessa profissão que é um estilo de vida. Mesmo com a chuva, cerca de 40 pessoas resistiram sob as árvores e com a churrasqueira recheada de espetinhos de carne dos mais diversos tipos. A alegria em ter uma pausa na rotina tão corrida de caminhoneiro, ao lado da família inteira, estava estampada nos rostos.
De acordo com o organizador do CLN, Gabriel Riva, de 18 anos, que pretende seguir carreira de caminhoneiro, essas reuniões acontecem de dois em dois meses. “Esse é nosso oitavo encontro”, diz. E o papo que rola entre a galera não podia ser outro além de, claro, caminhão, e as mais diversas pautas que derivam do tema.
Silvanei de Oliveira Queiroz, de 30 anos, e caminhoneiro há 9, agradece a presença da reportagem do Lado B incessantemente. “A gente é muito mau visto pela mídia. Somos chamados de drogados e, na verdade, não é bem assim. Eu sou pai de família e não uso nada, quase ninguém desse grupo usa, inclusive, por isso fico tão feliz de ver vocês aqui”, comenta.
A sua cristal -apelido pelo qual os caminhoneiros chamam suas mulheres-, Cristiane Silva dos Santos, acompanhava o marido na festa, junto dos dois filhos, que querem seguir a mesma carreira do pai. “Eu não gostaria que eles fossem caminhoneiros porque é uma profissão muito perigosa, sem apoio”.
Mas, de acordo com os presentes no churrasquinho, o “diesel está na veia”. “Se você for parar pra olhar, toda família tem pelo menos um caminhoneiro. As crianças crescem fascinadas pelo veículo então faz parte”, comenta Silvanei.
Dos mais atualizados aos mais antigos, cada um dos caminhões estacionados tem um nome próprio e, quase todos eles, são dos próprios profissionais, que trabalham de forma autônoma dentro do Mato Grosso do Sul. “Os da Mercedez a gente chama de Mula. O meu é o Verdinho, mas a gente tem aqui também o Taradão do Pantanal, o Beiço, outros tem o nome dos donos mesmo”, brincam.
Os caminhões são todos estilizados da maneira que o seu dono escolhe. E mesmo que isso lhes rendam algumas injustas multas nos trajetos,compensa, segundo eles. “A gente passa mais tempo dentro dele do que dentro de casa, então tem que deixar do jeito mais confortável possível”, comentam.
Alguns acessórios proibidos, como os foguinhos, os letreiros, os insulfilmes escuros e adesivos no vidro dianteiro, continuam instalados nos veículos. Tem ate acessório pra antena com temática de mulher sensual. Vale usar da criatividade na hora de montar e de batizar o seu próprio caminhão.
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