Fã que é fã enfrenta o que for para mostrar admiração ao sertanejo de verdade
Milionário e José Rico estiveram na sexta em MS e agora podem cantar em Las Vegas
Com a desculpa de oferecer fazendas à venda no Estado, Mário Alexandre Kraemer, de 27 anos, conseguiu conversar e tirar fotos com os ídolos sertanejos. Eles não são galãs, não tem o hit do momento nas rádios, mas independente dos sucessos universitários de hoje, Milionário e José Rico ainda fazem um fã cruzar a cidade e ficar até às 4 horas da madrugada no saguão de um hotel, só para ganhar alguns minutos de atenção dos cantores.
“Fui para o show e lá mesmo decidi acompanhá-los na saída, para ver se conseguiria tirar um foto no hall de entrada do hotel”, comenta o corretor de imóveis.
A tristeza bateu quando ele viu a extensa fila de carros, na saída do Parque do Peão, na última sexta (4), e constatou que seria difícil acompanhar os cantores. “Atravessei a cidade correndo, estava em alta velocidade na caminhonete. Porém, ao chegar no hotel, fiquei sabendo que fazia três minutos que eles tinham subido e me deu uma tristeza enorme”, relembra Kraemer.
Ainda pensando nos “poucos minutos que perdera” para a realização de um sonho, ele ficou no saguão, na companhia da noiva e de amigos. Em seguida, um músico da banda desceu, para fumar um cigarro e disse: “Não, fica tranqüilo que eles já estão descendo, vão embora hoje mesmo para um show em São Paulo”, era a esperança que faltava.
O sentimento foi tomado por emoção ao ver a dupla saindo do elevador. Um de cada vez, ele fez a foto que tanto queria. Mais ainda, conversou, “tietou” e ofereceu a fazenda para venda. “É uma dupla que vale a pena, exemplo para os cantores da nossa geração. Fiquei muito feliz, quase nem dormi direito”, comentou Mário Alexandre.
Las Vegas - Aos 43 anos de carreira e na semana em que passou por Campo Grande, a dupla sertaneja Milionário e José Rico recebeu um convite que pode definitivamente fazer jus ao nome artístico: uma turnê em Las Vegas, a cidade americana de cenários imponentes, com 5 shows em cassinos e casas noturnas. O evento ainda está em fase de negociação, mas Marcos Januário de Matos, 46 anos, filho do Milionário, antecipa: “Eles querem mesmo é se divertir e ver o cancan das mulheres”.
Independente de onde passam, é nítido o número de fãs que a dupla tem. Na Capital, lugar onde eles garantem ao menos um show por ano, é certeza de “casa lotada”. “Eles são pessoas muito acessíveis, viajam conosco no ônibus, param no posto para conversar e dar autógrafos para as pessoas. Além disso, são muito profissionais, tanto que com um caderno e um violão, sai música boa a todo o momento”, afirma o músico Fernando Paglioni, 43 anos.
Há 12 anos, ele conta que trabalha com a dupla, tocando violão e viola, acompanhado de mais 31 pessoas, entre equipe técnica e dançarinos. “É uma equipe muito grande, que vive nesse ritmo. O descanso mesmo é na estrada, porque a noite outro show nos espera. São em média 18 por mês, sobrando pouco tempo para a família”, diz, há algumas semanas longe de casa.
No período de descanso, segundo Paglioni, que geralmente ocorre nos primeiros 2 meses do ano, cada um vai para o seu canto. “Eu vou para Dourado (SP) ficar com minha esposa e filhos. Já o Milionário mora com a família em Mogi Mirim (SP) e o José Rico em Americana (SP). Eles nos tratam com uma família, mas nessa folga é que cada um esquece do palco e acho que este é o segredo deles, que mantém o bom relacionamento por mais de 4 décadas”, avalia o músico.
Da mesma maneira pensa o filho do Milionário, que já dirigiu a carreta de som e iluminação para os pais, cantou junto e hoje possui a própria dupla. “Tenho inspiração total neles e peço aprovação em cada música antes de me apresentar com o companheiro de palco. Aliás, a dupla Marcos Paulo e Marcelo nasceu também dessa simplicidade”, comenta Marcos Januário.
Hoje, com a fama de “as gargantas de ouro do Brasil”, os “milionários” querem mais é continuar cantando. “Estamos já com shows marcados para Portugal no final do ano, acho que vai ser uma grande viagem”, diz Romeu Januário de Matos, o Milionário, 73 anos, com quem não possui 29 discos gravados desde 1973 e ainda contabiliza ao menos a venda de 35 milhões de exemplares.
A caminho de São Paulo para mais um show, o companheiro José Alves dos Santos, 68 anos, o José Rico, fala que após as viagens quer visitar a fazenda que adquiriu em Alcinópolis, a 402 quilômetros da Capital. “Estou há quatro meses sem fazer uma visita. E até penso em comprar uma próxima do Pantanal, mas falta tempo mesmo”, comenta o músico.