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Comportamento

Famosa no Centro, "vovó de todos" morreu atropelada

Maria Mirtes Vito Leite trabalhou por mais de 24 anos entre a Avenida Afonso Pena e a Rua 14 de Julho

Por Gustavo Bonotto | 17/01/2024 15:44
Maria Mirtes, durante entrevista ao Lado B, em outubro de 2022. (Foto: Arquivo/Marcos Maluf)
Maria Mirtes, durante entrevista ao Lado B, em outubro de 2022. (Foto: Arquivo/Marcos Maluf)

Vítima de um atropelamento na manhã desta quarta-feira (17), Maria Mirtes Vito Leite era figura conhecida na região central de Campo Grande por ter um ponto de vendas e ser conhecida como "a vovó de todo mundo". Aos 91 anos, a idosa mantinha uma rotina nas calçadas da Avenida Afonso Pena, entre a Rua 14 de Julho e Calógeras.

Em outubro de 2022, foi entrevistada pelo Lado B. À época, disse que até tentou ficar em casa sem trabalhar quando se aposentou, mas descobriu que gostava mesmo era da rotina na rua. “Eu tenho uma vida maravilhosa, uma boa filha. Gosto de todo mundo, quase todo mundo gosta de mim e não quero ficar em casa não”.

Dona Mirtes definia o trabalho como diversão. Cearense, mantinha o sotaque mesmo tendo se mudado para Campo Grande há mais de 50 anos, quando decidiu recomeçar. Com 24 anos de trabalho nas ruas, a idosa vendia panos de prato e outros objetos variados.

“Toda vida trabalhei, sempre tive meu dinheiro e nunca dependi de ninguém. Nunca passei necessidade na minha vida, não devo nada para ninguém. Então eu tenho uma vida boa, uma vida que eu gosto.”

Maria Mirtes Vito Leite é fiel ao seu ponto de vendas na Avenida Afonso Pena. (Foto: Arquivo/Marcos Maluf) 
Maria Mirtes Vito Leite é fiel ao seu ponto de vendas na Avenida Afonso Pena. (Foto: Arquivo/Marcos Maluf)

Durante sua vida em Fortaleza, a vendedora trabalhava dando aulas para crianças em fazendas e usava o restante do tempo bordando. Por aqui, não conseguiu manter as profissões e logo no início encontrou um emprego como cozinheira.

Brincando que não sabia nem preparar feijão em grande quantidade, Mirtes chegou a dar risadas junto à reportagem, ao contar que jurou dar conta para garantir o emprego. “Deu certo no fim, minha patroa era uma senhora muito distinta, me ensinou tudo o que precisava saber”.

Aos poucos, ela conseguiu reconstruir a vida em Mato Grosso do Sul e durante o fim de seu período de trabalho formal se dedicou a alunos e professores. “Me aposentei com o Colégio Dom Bosco. Lá, onde a pessoa precisava eu ia. Viajava com os padres, alunos e não tinha falta de lugar para mim. Fazia de tudo um pouco”, explicou ao Lado B.

Morte - Mirtes foi atropelada por uma moto enquanto atravessava a Avenida Euler de Azevedo, na região da Vila Manoel Taveira, em Campo Grande. Ela chegou a ser levada para a Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos.

Conforme apurado pela reportagem, o sinal estava verde para os veículos e a comerciante voltava do mercado, quando tentou atravessar na faixa de pedestres. Contudo, ela foi atingida por uma motocicleta e chegou a ser arremessada. O motociclista ainda tentou frear, mas sem sucesso.

Maria teve traumatismo craniano e diversos ferimentos graves. A morte foi constatada pela equipe médica às 9h50.

Corpo de Bombeiros socorre vítima após atropelamento. (Foto: Direto das Ruas)
Corpo de Bombeiros socorre vítima após atropelamento. (Foto: Direto das Ruas)

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