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Comportamento

Fundação de Cultura erra em arte do Dia do Índio e apaga publicação

Em vez de mostrar etnia de indígenas de MS, vídeo com índio navajo foi ao ar, mas excluído na sequência

Raul Delvizio | 19/04/2021 11:12
No vídeo, imagem de um navajo em vez de índio de etnia presente no Estado. (Foto: Reprodução/Instagram)
No vídeo, imagem de um navajo em vez de índio de etnia presente no Estado. (Foto: Reprodução/Instagram)

Justo no dia em que se comemora a diversidade cultural e imaterial dos povos indígenas no Brasil, a FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul) publicou um vídeo no seu perfil do Instagram em que, em vez de homenagear um índio de etnia presente em Mato Grosso do Sul, a figura central foi de norte-americano da etnia navajo. Em questão de minutos, a postagem foi excluída do ar.

Porém, o Campo Grande News teve acesso à publicação, assim como leitores do site que também puderam testemunhar a "gafe". Os navajos fazem parte de uma etnia indígena original da América do Norte, principalmente do sudoeste dos Estados Unidos, nada tendo a ver com os povos Guarani, Terena, Kadwéu, Guató, Ofaié e Kinikinaw que povoam Mato Grosso do Sul.

Veja abaixo:

Segundo dados do Censo Demográfico de 2010, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Centro-Oeste é a terceira região com maior concentração de indígenas no país. Em especial, o Estado de Mato Grosso do Sul concentra 56% dessa população.

Para Luiz Henrique Eloy Amado, 33 anos, advogado terena, pós-doutor pela École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris e militante na causa indígena, a questão é mais profunda do que uma simples postagem na internet.

"Se trata de um ato de uma gravidade absoluta. Isso mostra um total desconhecimento da Fundação perante os povos indígenas que habitam o território sul-mato-grossense. É uma imagem dissociada da cultura regional e que revela um imaginário colonial que as pessoas ainda têm, ao meu ver bastante retrógrada. Mas também não é surpresa, afinal, a gestão atual – em sua segunda atuação – não privilegia o diálogo com os povos indígenas locais. Porém, não atendeu nem as necessidades básicas das sociedades indígenas", opinou sobre o caso.

No lugar do vídeo, imagem e legenda foram publicadas descrevendo que 60 famílias indígenas de vários municípios do estado foram contempladas em editais públicos por meio da Lei Aldir Blanc, de caráter emergencial na pandemia.

Postagem sobre Lei Aldir Blanc foi colocada no lugar do vídeo (Foto: Reprodução/Instagram)
Postagem sobre Lei Aldir Blanc foi colocada no lugar do vídeo (Foto: Reprodução/Instagram)

Explicações – Após o vídeo ser retirado da rede social, o Campo Grande News entrou em contato com a FCMS para entender o que houve. Em resposta, a assessoria ressaltou que "a postagem não foi a correta" que seria realmente veiculada. "Quando percebemos o erro, retiramos imediatamente do ar e, em seguida, postamos a imagem correta. Para esta semana, preparamos vários conteúdos sobre a relevância cultural e histórica dos povos indígenas, em especial, de Mato Grosso do Sul", esclarece a nota.

Dia do Índio – Como forma de refletir sobre os valores culturais dos povos indígenas, principalmente da importância de se respeitar as etnias e preservá-las, o Dia do Índio foi criado pelo então presidente Getúlio Vargas, por meio da lei número 5.540 publicada neste mesmo dia (19/4) há 78 anos.

Na época, as lideranças indígenas nacionais participaram do Congresso Indigenista Interamericano, realizado no México em 1940, quando foi proposta a data para os países do bloco. Com a intervenção do marechal Cândido Rondon, o Brasil aderiu e instituiu o Dia do Índio três anos mais tarde, cumprindo tardiamente – mas não erroneamente – com a proposição no congresso.

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