Grupo cria festa para salvar Jorgito, que há 1 ano está na oficina longe de Ana

Aos 33 anos, a publicitária Ana Paula Palmeira já perdeu as contas de quantas vezes ouviu palpites sobre ter um Fusca de 1972. O que ela mais ouve é “larga mão”, “carro velho não vale nada” e “só vai gastar dinheiro e paciência”. De fato, quem opta por carro antigo sabe a importância de colocar a mão no bolso, mas o único momento que isso não importa é quando o afeto fala mais alto.

Em razão disso, um grupo de amigos e Ana resolveram criar uma festa para arrecadar dinheiro e salvar o Fusca, chamado Jorgito, que está parado na oficina há mais de 365 dias.

O evento será hoje (11), a partir das 19h, na Brava, que fica na Esplanada Ferroviária. Com música, cerveja, quitutes e conversa entre amigos, a entrada custa só R$ 5,00. Mas quem quiser colaborar com valor maior, haverá caixinha especial para salvar Jorgito.

Ele é o xodó de Ana, que apesar de tudo que já ouviu não abre mão do carro. “Meu pai faleceu há 14 anos, mas ele me deixou essa paixão por antigos. Juntei uma graninha, minha mãe me deu uma ajudinha e comprei meu primeiro carro, que foi o Jorgito, há seis anos”, lembra.

O nome é uma homenagem aos ‘Jorges’ que já passaram pela sua vida. “Tinha um tio avô muito querido que chamado Jorge, tive um louro por mais de 20 anos que se chamava Jorge, e na época que eu o comprei, havia um jogador do meu time do coração que eu simpatizava muito, e o nome dele é Jorgito”, conta.

O pai de Ana era um apaixonado por Fusca, que a ensinou dirigir ainda menina. “Ele até me presenteou com um, mas ficou para minha mãe”.

Depois disso, Ana nunca desistiu de ter o próprio Fusca até encontrar Jorgito, que veio de São Bernardo do Campo para Campo Grande.

Ana também já fez parte da confraria do Fusca e garantiu muitas amizades, graças ao veículo. Jorgito também sempre foi companheiro de trabalho e a alegria dentro de casa, além de cenário para a risada da meninada. “Minha filha é apaixonada por ele, e pretendo que ela fique com ele quando estiver adulta. Já tive muitas oportunidades e ofertas de compra, mas eu não consigo me desfazer dele. Até em momentos de aperto”.

A falta de grana nos últimos meses impossibilitou Ana de tirar o carro da oficina. Os reparos são necessários para que volte a trabalhar por aí com maior comodidade, e também para que as histórias de Jorgito não fiquem guardadas na oficina mecânica. Afinal, quem tem Fusca sabe que a trajetória é de muitas alegrias, mas também de muitos perrengues.

“Ele sempre arrebenta a cabo de acelerador ou embreagem. Uma vez tive que andar a Duque de Caxias inteira com ele acelerado. Todos ficavam me olhando. Já fiquei sem seta e tive que sinalizar com a mão. Já desci ladeira sem freio, mas consegui parar”, conta.

Mesmo assim, nada muda o sentimento da dona que só ver Jorgito voltar para casa. “Na transmissão do evento alguns fazem brincadeiras como “Joga fora”, “Larga mão”, “Vai gastar dinheiro à toa”. Mas também conheço muita gente que apoia e gosta muito. Que também é apaixonado e mostra que dá sim pra ter um antigo e ser feliz”, finaliza.

Quem quiser ajudar a salvar Jorgito, pode comparecer ao evento da Brava e pagar R$ 5,00 na entrada. O endereço é Avenida Calógeras, 3100. Informações pela página do evento no Facebook.

Curta o Lado B no Facebook e Instagram.