Há 16 anos, saudade da avó faz neta decorar casa com 4,2 mil luzes
Junto da mãe, a neta de Maria cultiva o amor pela decoração natalina que a matriarca deixou às duas, que da esquina já dá pra ver
Quando Maria da Conceição faleceu no dia 6 de dezembro de 2004 aos 81 anos, a decoração natalina já estava prontinha em casa. "Acho até que ela já sabia que iria partir e pediu que fizéssemos tudo com antecedência", acredita a neta Pâmela Katherine Prado, de 33 anos. Aquele foi um Natal bem triste para a família, mas também foi marcado pela continuação da herança que a matriarca deixou 1 ano antes.
Passados 16 anos, a esquina das ruas Enzo Cianteli com a Conde do Pinhal, no bairro Jardim Colibri II – onde Pâmela mora com a mãe Romilda –, ainda recebe anualmente as mais de 4,2 mil lâmpadas de LED divididas em 42 jogos de pisca-pisca que a neta foi gradualmente comprando e aumentando a coleção.
É um show de luzes que já dá pra se ver a quadras de distância, não só por causa da quantidade mas porque o muro feito de grades metálicas dá uma ajudinha extra: permite que qualquer um, entre os curiosos e velhos conhecidos de plantão, possam presenciar a decoração natalina de perto ou de longe.
"Faço isso pela alegria das pessoas que passam por aqui e veem essas luzes como o maior símbolo natalino. Eu amo o Natal, afinal, olha o tamanho disso! Pra mim, não é apenas um feriado mas uma data mágica que todos fazem sonhos, criam planos, renovam as esperanças. O amor entre as pessoas fica mais leve, fácil e solto", considera Pâmela.
E não houve pandemia alguma que impedisse mais um ano de decoração. "Fizemos muita questão. Foi um ano difícil para todos, e o Natal costuma trazer esses bons sentimentos. É lindo ver a alegria das crianças que passam por aqui à noite, preferem vir com os pais do que acompanha as luzes no Centro. Por mim, que todos venham quantas noites quiserem e puderem vir", convida a moça, que além de decoradora no maior espírito natalino também é confeiteira e cozinheira de profissão.
"Em outubro já começam a me questionar se vai ter decoração de Natal. As crianças do bairro passam por aqui e perguntam, os vizinhos também. Tem gente que vem longe pra ver, tirar fotos e fazer vídeos, às vezes tentam esconder que estão filmando ou fotografando, mas eu nem ligo. Faço com o maior prazer", admite.
Todo mês de novembro é a mesma coisa: Pâmela e Romilda colocam caixas e mais caixas à luz do sol, tudo organizadinho e etiquetado pronto para servir ao propósito decorativo. Após o Dia de Finados, já começam o que em média leva 15 dias de preparação pesada. Tem que prender ali, colocar acolá, montar estrutura, levantar e testar, consertar luzinha que quebrou, enfim, é bastante coisa para ser feita. Mas sem preguiça no lombo, é a maneira que as duas encontraram para homenagear Maria da Conceição.
"Minha avó sempre gostou das luzes de Natal, ela mesmo dizia isso. Decorava a casa inteirinha do jeitinho dela. Isso passou pra minha mãe e depois que eu cresci abracei com todo amor e carinho. Tudo que a gente faz nessa época é para poder relembrá-la", afirma a neta.
"Tudo que fazemos aqui é de forma manual. Os enfeites foram quase todos feitos à mão, o boneco de neve também. Tem umas decorações que ficam penduradas no teto que eu e minha mãe criamos lá no Parque das Nações Indígenas, uma tarde que passamos de bobeira costurando por lá. Foram mais de 10 anos para, gradativamente, chegar ao tamanho de agora", esclarece.
E acrescenta: "inclusive, nosso presépio no começo era bem pequenininho, só tinha os 3 personagens principais, José, Maria e o menino Jesus. Depois, eu mesma quem construiu a casinha e aproveitei para comprar as outras peças de gesso cru que acabei pintando com a ajuda de uma artista plástica".
Nada é para a noite do dia. Pâmela explica que o investimento foi lento e que teve que aprender na marra a consertar as iluminações queimadas, justamente porque faltava dinheiro para substituí-las – então tudo é colocado, montado e depois guardado com o maior carinho. Fora que todo cuidado é pouco. "A parte elétrica sou eu quem faço por questão de segurança. Tudo é muito bem isolado, vedado e amarrado para não correr o risco de choque ou curto circuito, ligado diretamente no quadro de luz, no disjuntor. Sempre que venta ou chove, também dou uma conferida extra", disse.
Família, amor, renovação das esperanças e novos sonhos. Este é o significado para o Natal de Pâmela. Por mais que o dinheiro possa faltar e a ceia seja enxuta, a decoração natalina é prioritária. "Minha família é pequena. Comemoramos do nosso modo simples, mas unido. Nossa ceia, às vezes mais gordinha, às vezes mais enxuta, mas sempre nos reunimos para agradecer pelo que temos".
Para visitar a decoração natalina de Pâmela, basta ir até o endereço da rua Enzo Cianteli, 484, no bairro Jardim Colibri II.
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