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Comportamento

Há 8 anos, atitude diferente é alerta para evitar que estresse vire doença

Em 2021, setor Biopsicossocial fez 506 atendimentos a agentes da GCM (Guarda Civil Metropolitana)

Caroline Maldonado | 11/02/2022 14:07
Agentes da GCM (Guarda Civil Metropolitana) de Campo Grande (Foto: Marcos Maluf)
Agentes da GCM (Guarda Civil Metropolitana) de Campo Grande (Foto: Marcos Maluf)

Alguém pode ter uma atitude diferente do comum por causa de “um dia ruim”, mas quase sempre é um indicativo de estresse, que pode gerar doenças com consequências graves para a saúde mental. Por isso, há oito anos, um setor da GCM (Guarda Civil Metropolitana) da Capital foi criado para fazer com que qualquer atitude diferente seja um alerta de que alguém precisa de ajuda.

O setor Biopsicossocial fez 506 atendimentos em 2021 e vem fazendo com que cada um dos 1.050 agentes tenha um olhar atento para com o colega de trabalho.

O atendimento é sigiloso para que ninguém sinta-se constrangido em função da exposição de situações pessoais muito delicadas, por isso, a GCM não revela mais dados sobre isso, mas a gerente de Ações Preventivas, Nélis Vieira Ribeiro, explica como o trabalho funciona e fala da necessidade de expandi-lo, que motivou a sanção da Lei 6.769, em dezembro do ano passado.

Gerente de Ações Preventivas da GCM, Nélis Vieira Ribeiro. (Foto: Marcos Maluf)
Gerente de Ações Preventivas da GCM, Nélis Vieira Ribeiro. (Foto: Marcos Maluf)

Foi criado o Programa de Valorização dos Profissionais de Segurança Pública do município, um projeto do vereador Coronel Alírio Villassanti.

Mesmo sem muitos recursos, eles começaram com o trabalho em 2014. No ano passado, o setor cresceu com a criação da Superintendência de Ensino, Capacitação e Ações Preventivas ao Uso de Drogas, que atende os guardas e também a comunidade em geral.

“O nosso desafio é sempre prevenir doenças com foco no biopsicossocial, é identificar quem pode estar precisando de ajuda, mas não nos procurou. A gente conta com o setor de Recursos Humanos, que nos passa informações sobre atestados, por exemplo, mas também com a chefia e colegas de trabalho que nos alertam sobre atitudes diferentes no dia a dia”, conta a gerente.

Ser discreto na hora de oferecer toda a ajuda que o guarda precisa é fundamental, por isso, eles têm até uma viatura descaracterizada para as visitas às famílias dos agentes, segundo a superintendente de Ensino, Capacitação e Ações Preventivas ao Uso de Drogas, Débora Silva de Souza.

Ela conta que a pandemia de covid-19 intensificou o estresse e a ansiedade entre os agentes, assim como em todas as pessoas de modo geral.

Superintendente de Ensino, Capacitação e Ações Preventivas ao Uso de Drogas, Débora Silva de Souza. (Foto: Marcos Maluf)
Superintendente de Ensino, Capacitação e Ações Preventivas ao Uso de Drogas, Débora Silva de Souza. (Foto: Marcos Maluf)

“A gente trabalha com a empatia, ou seja, nos colocamos no lugar do outro. Fazemos uma avaliação para ver como ajudar. Temos na equipe profissionais formados, como psicanalista clínico, assistente social, teólogo, administrador. Se for necessária terapia, o agente é encaminhado ao atendimento no instituto municipal. Se preferir, pode contar com os parceiros que temos na área religiosa, como capelão, pastor e espírita também. Tudo para que o agente se sinta acolhido e escutado da melhor forma”, explica Débora.

Algumas pessoas só precisam de alguma orientação de como conseguir resolver alguma situação com a qual está com dificuldade, segundo Débora.

"Muitas vezes, não é nem o estresse da profissão, que é natural na segurança pública, mas o agente está com dificuldade para resolver algo que está gerando essa preocupação e a gente busca orientar para que ele consiga resolver e isso faz toda a diferença para ele", relata a superintendente.

Nova lei - Com o programa específico para a GCM, o setor espera contar com mais recursos e maior estrutura. A lei prevê a criação de uma Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) com composição paritária de representação de servidores e da direção da instituição e diversas outras ações de valorização.

O setor Biopsicossocial funciona no comando da GCM, que fica na Rua Usi Tomi, n. 567, no Bairro Carandá Bosque. Qualquer agente pode buscar o local para tirar dúvidas e buscar orientações.

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