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Comportamento

Jucli ‘voltou’ à Itália e garantiu que mulheres ganhassem homenagem

Professora sempre viu os homens da família recebendo destaque; agora, ela escreveu um livro sobre as mulheres

Por Aletheya Alves | 17/10/2024 07:21
Jucli decidiu escever história das mulheres da família. (Foto: Raquel de Souza)
Jucli decidiu escever história das mulheres da família. (Foto: Raquel de Souza)

“A gente vê tanta homenagem para os homens, meu pai e meu avô têm ruas com seus nomes na cidade que a família ajudou a fundar, no Rio Grande do Sul, meu tio tem uma praça, e cadê as homenagens para as mulheres que ajudaram a construir tudo isso?”. A partir desse incômodo, Jucli Stefanello “voltou” para a história da família desde a Itália e decidiu que as lutas femininas não ficariam mais no esquecimento.

No fim das contas, a professora e advogada escreveu um livro narrando toda a trajetória desde o nascimento de sua avó, em 1900, até as lutas da família nos dias de hoje. O resultado reúne essa vontade de homenagear e a necessidade de valorizar a identidade de cada uma.

“Eu voltava para o Rio Grande do Sul, falava com as minhas primas e com o pessoal para homenagearmos as mulheres. Uma tia, por exemplo, era parteira e essa profissão foi passada de geração em geração. Minha mãe era uma mulher muito atuante, fazia parte das associações de hospitais, dos alcoólicos anônimos, sempre ativa”.

Giovanna Trentin Stefanello com filhas e noras. (Foto: Arquivo pessoal)
Giovanna Trentin Stefanello com filhas e noras. (Foto: Arquivo pessoal)
Jucli, na Itália, ao lado das filhas Emely e Celine. (Foto: Arquivo pessoal)
Jucli, na Itália, ao lado das filhas Emely e Celine. (Foto: Arquivo pessoal)

Apesar de todos esses serviços prestados, como não integravam a política, ficaram de fora dos nomes de praças e hospitais, por exemplo. “Eu sempre militante nessa causa, achei que havia uma lacuna. Por isso, escrevi o livro com entrevistas de tias e avós para falarem sobre o papel da mulher em tudo isso”.

E, de forma geral, garantir que as histórias sejam preservadas já era uma prioridade para a professora. Ela comenta que ensinava os alunos a escrever e, seguindo o método de Emília Ferreiro (construtivista), incentivava as crianças a contarem suas histórias para que criassem livros.

Então, hoje, esse processo de registrar a história da família é algo natural. “Sinto que é o momento de poder passar às pessoas que a vida se torna leve quando você valoriza o que é seu”.

Na narrativa, além dos depoimentos das mulheres mais velhas, a professora inseriu suas histórias particulares. Exemplo disso foi a doação de um rim para sua irmã devido a uma doença genética familiar, assim como sua vontade de enfrentar as causas que acredita.

“Sou casada há 47 anos, meu marido sempre me apoiou e fica na retaguarda. Sempre falo para ele que eu causo muita preocupação, mas que nunca causei decepção a ninguém”.

Contando melhor sobre sua história, Jucli narra que nasceu e foi criada no Rio Grande do Sul. “Com 19 anos, migrei casada para Mato Grosso do Sul. Vim exatamente na criação de MS, então a minha história acompanha a do Estado”.

Desde o período da graduação, Jucli foi muito atuante nos movimentos sindicais e, quando veio para Campo Grande, seguiu esse caminho. Ela se tornou professora concursada do Estado e integrou a antiga Previsul (Instituto de Previdência Social de Mato Grosso do Sul), assim como da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul).

“Eu fiz parte da direção da Fetems e, na mudança, fui indicada para ser conselheira do antigo Previsul. Nesse ínterim, com a extinção, separou o plano de saúde da previdência, então fui convidada a fazer parte da equipe que criou a Cassems”.

Hoje, pensando nos 67 anos de vida, ela completa dizendo que o livro é uma vitória coletiva que envolve as mulheres da família e sua garra para seguir.

E, para quem se interessar, o livro “Herança de Força – A Jornada Inspiradora de uma Mulher Resiliente” será lançado nesta quinta-feira (17), a partir das 18h no auditório do Hospital Cassems.

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