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Comportamento

Juelson levou golpe de R$ 2 mil, mas descobriu o valor da amizade

Um dos amigos teve a linha clonada por 49 minutos e, neste intervalo, golpista pediu dinheiro para lista de contatos

Danielle Valentim | 14/07/2019 07:25
“No dia seguinte do crime começou a cair na minha conta R$ 50, R$ 100 e R$ 200. Em menos de 24 horas eu recuperei todo o dinheiro", conta Juelson. (Foto: Paulo Francis)
“No dia seguinte do crime começou a cair na minha conta R$ 50, R$ 100 e R$ 200. Em menos de 24 horas eu recuperei todo o dinheiro", conta Juelson. (Foto: Paulo Francis)
Juelson e Maicon depois do susto. (Foto:Arquivo Pessoal)
Juelson e Maicon depois do susto. (Foto:Arquivo Pessoal)

Já ouviu falar na fraude de telefonia móvel em que o golpista furta a linha de celular de uma pessoa, entra no WhatsApp e pede dinheiro aos contatos se passando pela vítima? Parece novo, mas está rolando há dois anos no Brasil. Por aqui, um professor de 29 anos perdeu R$ 2 mil em uma transferência, mas em 24 horas descobriu o valor da amizade.

O servidor público Juelson Oliveira Gonçalves conta que é quase impossível perceber o crime, já que o bandido usa o perfil de um amigo próximo. “Esse meu amigo é do mesmo grupo de pedal que eu participo. Ele teve a linha clonada e o golpista usou seu WhatsApp para falar comigo. O bandido estudou as conversas, porque falava como se fosse o Maicon”, conta.

Juelson conta que depois de falar que não tinha o total de R$ 2 mil, o bandido chegou a questionar se ele não possuía cheque especial. “O bandido disse que precisava pagar uma dívida com uma mulher. O golpista disse que me devolveria o montante no dia seguinte e que pagaria até um valor a mais. Eu cheguei a dizer que não precisava valor a mais, só o juro que o banco iria cobrar”, conta o professor.

A transferência foi feita para uma conta do Bradesco em nome de Marina Bernadete B. da Silva, às 16h20, do dia 10 de julho. Confira a conversa.

Conversa parte 1.
Conversa parte 1.
Conversa parte 2.
Conversa parte 2.
Conversa parte 3.
Conversa parte 3.

A vítima – O corretor de imóveis Maicon Mussi, de 35 anos, conta que nunca imaginou ser vítima de um golpe como este e garante estar assustado com a tecnologia. “Rapaz, nunca imaginei. Você não tem noção. Estou até desanimado com esse negócio de telefone. A gente pensa que tem segurança, mas na verdade não tem. Era bom voltar no tempo antigo”, pontua.

Maicon conta que seu WhatsApp ficou fora do ar e teve de permanecer 49 minutos esperando um código para acessar o aplicativo novamente.

“Eu estranhei porque sempre é automático, mas pensei que fosse uma nova regra e deixei o celular no carro, enquanto fui ao banco. Depois fui buscar meu filho e em frente a escola faltava 10 segundos para o tempo acabar. Esperei e acessei o WhatsApp de novo. Mas foi ligar o aplicativo que comecei a receber mensagens estranhas, como: “Tenho que pagar o documento do meu carro” e “vou ter o dinheiro quando receber”, conta.

Um dos amigos ligou para Maicon e durante a conversa viu que poderia ter sido vítima do golpe do WhatsApp clonado. O corretor mandou mensagem para todos os amigos informando a possibilidade do golpe e à noite Juelson telefonou dizendo ter sido vítima. “A gente recebe todo dia promoções, descontos, mas ninguém vai entrar com você por mensagem pedindo dinheiro. A gente acaba caindo. Tem que ficar atento para não passar dados, não passar nada. A malandragem está cada vez mais adiantada”, pontua Maicon.

Juelson recebeu os amigos do grupo do pedal em casa para comemorar a amizade.
Juelson recebeu os amigos do grupo do pedal em casa para comemorar a amizade.

Nesta sexta-feira (12) Juelson recebeu os amigos do grupo do pedal em casa para comemorar a amizade. Apesar do golpe, o professor conseguiu recuperar o dinheiro perdido graças a uma vaquinha dos amigos.

“No dia seguinte do crime começou a cair na minha conta R$ 50, R$ 100 e R$ 200. Em menos de 24 horas eu recuperei todo o dinheiro e depois comemoramos com um churrasco”, conta Juelson.

Segundo o delegado da Polícia Civil Enilton Zalla, o golpista desabilita os dados de um celular e habilita temporariamente em outro com ajuda de um software. O único jeito de perceber o golpe é ficar sem sinal.

Zalla garante que dificilmente o crime parte de uma empresa, já que a ação ficaria registrada. “O que a gente sabe é que as pessoas fazem isso através de softwares. São pessoas que tem habilidade para isso e se passam pela pessoa”, conta.

Como o bandido invade a rede do celular e o dono da linha não consegue escapar, a orientação da polícia é de que a pessoa ative os métodos de segurança dos aplicativos para não ser vítima. Para quem recebe a mensagem de amigos pedindo dinheiro a ordem é diferente: Jamais, transfira ou deposite nenhuma valor via internet. “É claro, a não ser que você esteja sabendo e tenha sido algo conversado, fora isso, jamais envie dinheiro”, finaliza Zalla.

A reportagem entrou em contato via e-mail com a operadora Vivo e aguarda retorno.

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