Louca pela música, Dora tem mais de 20 mil discos em casa
Ela começou coleção na infância e hoje tem acervo de todos os gêneros musicais
Para cada disco de vinil Doralice Alves tem uma história e curiosidade que não está na capa e menos ainda no Lado A ou Lado B do álbum. A mulher, que brinca dizendo ter a idade da terra e parado de fazer aniversário aos 45 anos, começou a comprar discos na infância vivida em Maringá (PR). Em Campo Grande tem 20 mil e na terra natal outros 18 mil.
Com a família toda morando no Paraná, Dora fala que é a única ‘perdida’ no Mato Grosso do Sul desde 1993. Morando no mesmo bairro há 30 anos, a colecionadora divide espaço com os discos, fita cassetes, CDs e vitrolas.
Fã declarada do Queen e Beatles, Dora gosta mesmo é de rock. “Eu sou da linha do rock, fui no primeiro Rock In Rio em 1985. Fui e vi Freddie Mercury. Estava há cinco metros do palco. Fui uma semana antes numa excursão de ônibus com 46 pessoas com camisetas iguais e mochila nas costas”, recorda.
A predileção pelo estilo não a limitou a ter uma coleção composta exclusivamente por Beatles, Queen, AC/DC, Pink Floyd, Johnny Rivers, Rolling Stones, Elvis Presley e Alta Tensão. Ela tem um acervo musical que transpira a música regional em sua essência.
Na varanda, Dora organizou alguns dos discos de cantores solos, duplas e trios sertanejos que cantavam desde antes da divisão do Estado em 1977, como Délio e Delinha.
A Dama do Rasqueado recebia a colecionadora em casa com frequência. Durante as visitas, ela aproveitava para descobrir curiosidades da carreira de Delinha. “Eu ia muito na casa dela porque queria saber as histórias dos discos e perguntava: ‘Ai Delinha e a música tal, como é que você fez?’ Aí ela contava tudo das dificuldades que eram na época”, fala.
Passeando pelo espaço, ela mostra outros materiais gravados por Amambai e Amambaí, Almir Sater, Tostão e Guarany, Dino Rocha, Beth e Betinha, Perla, Zé Corrêa e tantos outros. Na coleção, Dora afirma guardar preciosidades.
“Isso aqui é uma verdadeira raridade. É o mix do Tostão e Guarani e só tem esse deles. São os últimos remix porque em 1995 já eram os CDs. Esse aqui já é mais antigo que é Cruzeiro, Tostão e Centavo”, conta.
Os discos decoram as paredes da varanda e um deles Dora transformou em relógio. “O disco é uma viagem né. Eu pego esses que estão riscadinhos e coloco no sol para poder modelar eles”, explica.
Voltando ao passeio pela música, Dora mostra os jovens Bruno e Marrone num dos discos que trouxe o maior hit da carreira. “Dormi na Praça nessa época, ainda não era sucesso. Só fez sucesso quando foi no Faustão, porque aí já lançou o CD”, fala.
Outro disco curioso que integra o acervo é da dupla Zazá e Zezé. “É a dupla antes de ser Zezé Di Camargo e Luciano. Antes disso tem o Zezé solo”, fala. Em outro momento, Dora comenta o trabalho de Mario Lago. “É o verdadeiro autor da Amélia. Amélia que era mulher de verdade”, declara. Assim ela segue compartilhando histórias e mais histórias que soube durante anos como colecionadora.
Ao lado dos sertanejos Chitãozinho e Xororó estão os discos de Brigitte Bardot, o último presidente da república Juscelino Kubitschek e Carmem Miranda. A coleção da Dora inclusive começou com um disco de Carmem Miranda cantando Tai em rotação 68.
No quintal de casa, a colecionadora construiu um ambiente para guardar o acervo musical que dos 20 mil tem 8.500 discos repetidos. Alguns são vendidos em feiras realizadas em Campo Grande, sendo uma delas a Feira das Antiguidades na Praça Ary Coelho.
No cômodo dedicado aos discos, Dora tem enormes prateleiras. Para organizar o material, ela dividiu os álbuns em sessões. Lucinha Lins, Angela Ro Ro, Dolores Duran, Sula Miranda, Ângela Maria, Marisa Monte, Aracy de Almeida e Margareth Menezes são algumas das mulheres que compõem a divisão de artistas brasileiras.
Além dessa sessão, ela também tem a de rock, sertanejo, trilhas sonoras de novela e discos únicos de artistas que tentaram a carreira musical, mas não fizeram sucesso.
A coleção de Dora segue crescendo dia a dia. A colecionadora continua comprando discos com o único critério de ter aqueles que acha diferente. A paixão pelo material é compartilhada com pessoas que recebe em casa ou encontra nas feiras de ruas.
Quem quiser adquirir discos de vinil, Dora comercializa pelo WhatsApp (67) 9.9186-4745
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