Márcio cruza fronteira o dia todo para morar em ilha com água e luz grátis
Piloteiro é de família paraguaia, nasceu em Porto Murtinho, mas mora na Isla Margarita
“Eu e minha família somos do Paraguai. A gente só atravessa o rio e nasce em Porto Murtinho, mas já volta para a ilha e mora aqui”. Aos 49 anos, o ‘pilotero’ de barcos, Márcio Duarte, passa o dia todo atravessando o Rio Paraguai, mas não quer saber de morar no Brasil. A preferência é clara: o melhor é morar na Isla Margarita, local em que, segundo ele, tanto a água quanto a energia elétrica são gratuitas para os moradores.
No período de piracema, em que é proibido pescar, a rotina fica um pouco mais tranquila para alguns e preocupante para outros. Márcio, por exemplo, costuma se dividir entre as chalanas e barcos pequenos fora da época de reprodução dos peixes.
Quando chega o momento de pausar as pescarias, o jeito é torcer para algum turista querer passear e focar na travessia rápida de um lado para o outro do Rio Paraguai. Despreocupado com a paradeira é que ele conta sobre a água e energia elétrica gratuitas na ilha.
“Aqui a gente está bem, mas em outros lugares não é assim. A gente não paga água, luz, então estamos tranquilos ainda. Quando é época normal, tem muito turista que sai para pescar”, explica.
Cobrando a partir de R$ 10 por “passagem” para levar os brasileiros de um lado para o outro do rio, Márcio aproveita para sugerir outros passeios que ajudam a aumentar o valor. “Eu levo até a altura da ponte (símbolo da Rota Bioceânica em construção), a gente faz também uma volta pela ilha, dá para ir mais longe no rio. Tem muito passeio”.
Os roteiros citados pelo piloteiro são todos feitos em barcos pequenos, já que os grandes são reservados para distâncias mais longas.
Em geral, Márcio transporta os vizinhos como uma ajuda, já que grande parte trabalha na cidade brasileira. Sua estimativa é que a porção de terra, considerada um bairro de Carmelo Peralta, tenha menos de mil habitantes. E, para seguir até o restante do município paraguaio, também é necessário usar os barcos.
Confira a galeria de imagens:
“Aqui é tranquilo, você dorme sem medo de acontecer nada e é bem mais barato do que as coisas no Brasil. Só o combustível que é melhor no Brasil, mas o resto é caro em Murtinho”.
Questionado sobre a isenção dos pagamentos, o piloteiro diz que os moradores paraguaios recebem esse benefício, mas que é algo tão comum que ninguém se pergunta. “A energia já é barata aqui, então acho que por isso. Essa parte ajuda quando a gente não tem tanto trabalho”.
Sobre preocupações em viver na ilha, ele completa trazendo algumas memórias que já estão ficando antigas: o período em que o rio subia tanto que alagava boa parte do local.
“É por isso que a gente tem as casas de dois andares. Há uns dez anos, o rio subia e a gente conseguia andar de barco ali no meio. Hoje, tem época que nem aqui em volta dá para passar com barco, a gente vai se preocupando, mas não tem muito o que fazer”.
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