Maria era freira, Valter seminarista, se encontraram e estão juntos há 28 anos
Do casamento, a história de amor ainda rendeu 3 filhos
Maria Célia e Valter Luís Tomasi estão casados há 28 anos. Da união, três filhos nasceram. Olhando as fotos de hoje é impossível imaginar que os dois já pensaram em seguir o celibato: ela como freira e ele como padre.
Em 1982 os dois se conheceram, na faculdade de Pedagogia, em Moema, São Paulo. Maria era freira da Congregação Missionária dos Servos do Espírito Santo e Valter ainda era seminarista. A coincidência deu origem à natural aproximação do futuro casal. “A gente fazia os trabalhos juntos, na faculdade, junto de senhoras mais velhas da turma. Na época, não tinha nada a ver e eu nem pensava em ficarmos juntos”, diz ela.
Por conta da Congregação, Maria mudou-se para Belo Horizonte e em três anos finalizou a faculdade em Minas Gerais. "Nos afastamos nessa época, perdemos contato".
Passado esse tempo, a já pedagoga voltou pra São Paulo cheia de reflexões a respeito do caminho que havia decidido seguir. "Comecei a pesar se valia a pena deixar minha vida para o que estava sendo oferecido. Quando você opta pelo caminho da fé, deixa de ter filhos, casar, ter uma profissão. Eu queria fazer alguma coisa para os outros, para o mundo, mas não mais daquela maneira".
Ao chegar na administração da Congregação, ela expressou a vontade. "Eles aceitaram e já queriam que eu saísse de lá de uma hora pra outra, como se eu tivesse sendo má influência para as meninas que entravam", lembra.
Uma de suas colegas a ajudou no novo caminho escolhido. "Ela encontrou um quartinho pra mim, em um prédio de um ex-motel já desativado e me ajudou a arrumar um emprego como pedagoga".
A reaproximação de Maria e Valter se deu justamente nesse dia, no ano de 1987. O marido diz que Maria foi lhe procurar na Prefeitura, onde trabalhava. "Foi a primeira vez que eu a vi sem hábito, naquele dia ela disse que estava saindo do convento", lembra.
Hoje, o casal chega à conclusão de que já havia algo entre eles antes mesmo desse dia, silenciado pelos dois. "Havia sim uma sintonia que a gente não se permitia falar, mas a gente estava sempre junto e era claro que existia alguma coisa, mas não permitíamos ficar manifestando essa sentimento".
Maria e Valter começaram a namorar logo após o reencontro. Se mudaram para uma casa e Maria engravidou do primeiro filho. Em busca de qualidade de vida para a criação de Guilherme, vieram para Mato Grosso do Sul, ao município de São Gabriel do Oeste e lá estão até hoje.
Depois de Guilherme, outras duas meninas completaram a família: Natália e Bárbara. O casamento foi consequência. O que ficou da fé da juventude ainda é forte, mas não dentro da igreja. "Não fomos pais extremamente religiosos. Buscamos nos basear nas vivencias que tivemos oportunidade de viver naquele momento".
Hoje Valter e Maria tem uma escola no município que escolheram como lar. "Eu sou a coordenadora e ele o diretor. Damos algumas aulas também", conta.
Se eles se arrependem em algum momento? De jeito nenhum! "Foi a melhor escolha que fizemos".