Na Semana Santa, Marcelina não abandona chipa e sopa paraguaia
Costume foi trazido do Paraguai e é mantido pela família de Marcelina em Aquidauana há 51 anos
Há 51 anos, Marcelina Nunes Quevedo se mudou para Mato Grosso do Sul ao lado de seus quatro filhos em busca de uma vida melhor. Desde então, a família mantém as tradições paraguaias e, durante a Semana Santa, os pratos que se tornaram típicos de Mato Grosso do Sul retomam suas origens. Isso porque no dia da “Paixão de Cristo”, o costume é fazer da chipa e da sopa paraguaia os pratos principais.
Desde que chegou a Aquidauana, cidade escolhida por Marcelina e Alcides Freitas Quevedo, a filha Maria Bibiana Nunes Quevedo não se lembra de momentos em que as tradições paraguaias foram deixadas de lado. Tanto é que hoje, dona Marcelina faz questão de impulsionar o aprendizado da filha para que os costumes não se percam.
Explicando sobre a relação entre os alimentos típicos e a data de hoje, Bibiana detalha que no Paraguai, o costume é de que a Sexta-feira Santa siga os rituais de reflexão, como orienta a Igreja Católica. “Nós reservamos esse dia e é uma tradição religiosa que minha família mantém”.
Por isso, o preparo dos alimentos já começa na quinta-feira antes do horário do almoço.
“Nós começamos o preparo antes das 12h porque após esse horário e na sexta-feira, eles são os pratos mais consumidos. Como não temos o costume de cozinhar e fazer outras coisas no dia da Paixão, vamos preparando a sopa, a chipa e também a sobremesa na quinta”, explica Bibiana.
Em família, os dois pratos vão sendo preparados, já que se mantêm bem conservados para o dia seguinte e não precisam de esforços para esquentar, por exemplo.
Outro costume desse período são as visitas na Sexta-feira Santa, como narra a filha. “Nós trocamos esses alimentos com amigos porque é um prato típico da época. Então, os amigos que vêm em casa também trazem a sopa e a chipa para trocarmos”.
Retornando à história da família, Bibiana conta que a mãe trabalhava como professora em Bella Vista Norte, no Paraguai. E foi em 1965, ainda no outro país, que se casou com Alcides.
“Cultuamos até hoje as tradições religiosas e culturais do Paraguai, preservamos nossas raízes. Uma das principais iguarias que aprendi com minha mãe, estou passando para minha filha, Bibiana”, diz dona Marcelina.
A matriarca conta que segue fazendo as chipas com ovos caipira, margarina, polvilho e muito queijo. Já a sopa paraguaia leva cebola, óleo, queijo e milho saboró, o principal ingrediente que é trazido do Paraguai e que a família não fica sem.
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