Não adianta proibir: aluguel de banheiro tem até pulseira VIP a R$ 20,00
No Carnaval, o aluguel é uma das alternativas para o folião não fazer xixi na rua
Todo ano é o mesmo desconforto. Na hora do aperto, em pleno Carnaval, os foliões enfrentam filas para ir ao banheiro. A dificuldade aumenta pela falta de papel higiênico e mal cheiro. Muitos, pioram a situação urinando nas ruas. Por isso, casas e estabelecimentos comerciais da Esplanada Ferroviária alugaram banheiros de R$ 2,00 a R$ 20,00 com direito até a pulseira VIP durante toda a folia.
Na semana passada, moradores da região do Carnaval de rua foram proibidos pela Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) de fazer qualquer tipo de comercio de alimento e bebida, e até o aluguel de banheiro das casas, foi vetado.
A notícia revoltou, mas não teve efeito para a moradora, Eunice Nunes França, de 59 anos, que decidiu alugar mesmo assim o banheiro, principalmente, depois de ver um grupo de pessoas invadirem a sua residência para fazer xixi no quintal. “A gente não tem como segurar, quando eu v eles já tinha monte de gente mijando no quintal e no muro”, conta.
Há anos, a situação se repete e a moradora diz que precisa ficar refugiada dentro da própria casa. “Eu não posso sair e deixar a casa sozinha, eles invadem. Inclusive, no primeiro dia de Carnaval, eles quebraram o vidro do meu carro e levaram pertences”.
No segundo dia de folia, Eunice resolveu alugar o banheiro a R$ 2,00 para vigiar a residência. Ela entrega papel higiênico na porta e mantém o banheiro limpo durante toda a festa. “É o único jeito, porque a Prefeitura proíbe, mas ao mesmo tempo, ninguém vem perguntar o que a gente acha do Carnaval por aqui e nem cuida da minha casa”, desabafa.
Na Brava, na rua Calógeras, o folião adquiri pulseira VIP por R$ 20,00 e pode ir ao banheiro quantas vezes quiser. O local tem espaço feminino e masculino, além de uma área de descanso com mesas e cadeiras para os foliões, uma alternativa que o estabelecimento encontrou para evitar estragos durante o Carnaval. “Ano passado a gente liberou a entrada e tivemos problemas. Por isso, resolvemos cobrar e os clientes VIPs da casa até ganharam pulseira gratuita”, conta o chef de cozinha Leonardo Soldatti.
Ao lado, na rua General Melo, um armazém que tem dois banheiros pequenos anunciou uma “promoção” para quem busca usar um local mais limpo. Na compra de R$ 50,00 de cerveja, o cliente ganha uma pulseira para usar o banheiro à vontade, senão paga R$ 2,00 por cada ida. “O pessoal compra muita bebida e fica apertado. Principalmente as mulheres”, afirma o funcionário Fernando Ruara, de 38 anos.
Na mesma rua, nos fundos do Bar Zé Carioca, o aluguel sai pelo mesmo preço e tem papel higiênico.
A Prefeitura de Campo Grande disponibilizou 89 banheiros químicos, distribuídos nas ruas General Mello e Calógeras. Parece muito, mas segundo os foliões, é quase nada comparado aos milhares de pessoas que passam pela Esplanada.
Izabel Moraes, de 31 anos, diz que enfrenta fila todos os anos, mas o problema continua sendo a limpeza. “É terrível, tem alguns que você mal consegue entrar. E nunca tem papel higiênico, o jeito é trazer de casa”.
O mesmo faz Camila Rodrigues, de 17 anos, que traz até álcool em gel. “As vezes dá até medo de usar. Ano passado, tinha tanta gente que cheguei a ficar 30 minutos na fila, esse ano está melhor, mas quando anoitece piora”, comenta.