ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, TERÇA  19    CAMPO GRANDE 23º
Nem pandemia segurou Edu, que viajou 10 mil km para viver paixão

Comportamento

Nem pandemia segurou Edu, que viajou 10 mil km para viver paixão

Depois de conhecer Kasia, na Polônia, ele jura que é possível viver um relacionamento à distância

Raul Delvizio | 19/03/2021 07:06
Por meio da fé, o brasileiro Eduardo encontro o amor da sua vida: uma polonesa de nome Kasia (Foto: Arquivo Pessoal)
Por meio da fé, o brasileiro Eduardo encontro o amor da sua vida: uma polonesa de nome Kasia (Foto: Arquivo Pessoal)

Há um mês, Eduardo Bezerra, de 19 anos, viveu uma jornada maluca. Na contramão do fim dos relacionamentos em plena pandemia, ele foi o sortudo que descobriu um amor e arriscou tudo para conhecê-la pessoalmente. Ele viajou até a Polônia e ainda venceu a resistência sobre ter um relacionamento à distância.

Mais de 10 mil quilômetros separam Campo Grande de Varsóvia. Mesmo assim ele viajou sem medo e a experiência rendeu muitas histórias.

Tudo começou em um aplicativo de relacionamentos – e não, não é o Tinder. Pensando em fazer amizades e praticar idiomas, os dois acabaram se cruzando na plataforma on-line Weworld. "Realmente não tínhamos segundas intenções. Era apenas um encontro via aplicativo, tanto é que dizíamos isso claramente um para o outro. Mas devo confessar que no mesmo instante em que eu a vi pela primeira vez e pude ouvir o seu sotaque de um espanhol truncado, as paredes do meu coração ficaram um pouco abaladas", revela o apaixonado.

Começo da história dos dois se deu por meio de um aplicativo para amizades e descoberta de novas culturas (Foto: Arquivo Pessoal)
Começo da história dos dois se deu por meio de um aplicativo para amizades e descoberta de novas culturas (Foto: Arquivo Pessoal)

Foram meses grudados na tela. Viram que tinham muitos gostos em comum, músicas, experiências, religião, desejos para o futuro.

"Eu sou um cristão protestante muito devoto. Sempre orei por um novo alguém, pois já estava cansado de quebrar a cara com relacionamentos sem sucesso. Antes de conhecê-la, já rogava a Deus para que mudasse a minha vida. Acredito que ele tenha respondido isso em alto e bom som, só eu que não entendi logo de cara. Como nós dois também compartilhamos a fé, decidimos orar e ver o que poderia ser. Quando foi em junho de 2020 eu admiti: "olha, eu acho que estou começando a te amar de verdade. E ela me respondeu: "eu também… e muito!". Então pedi sua mão em namoro", diz.

No início, Eduardo assume que a relação à distância foi estranha, mas com o tempo se adaptaram. Com a  tecnologia ao alcance dos dois, a proximidade estava sempre ao passo de um clique. "Assim que eu acordava, ela me ligava e vice-versa. Já sabíamos o horário um do outro e um pouco da rotina. Esse processo se deu desde antes de sermos um casal até o dia em que fui realmente para a Polônia", conta.

Em plena pandemia, Eduardo viajou os 10.857 quilômetros que separam Campo Grande de Varsóvia (Foto: Arquivo Pessoal)
Em plena pandemia, Eduardo viajou os 10.857 quilômetros que separam Campo Grande de Varsóvia (Foto: Arquivo Pessoal)

Até que finalmente Eduardo viajou para encontrar Kasia, apelido carinhoso que ele deu para a polonesa Katarzyna Bednarz, de 18 anos. Antes de embarcar, o brasileiro se não se incomodou em ser considerado "careta" e perguntou aos familiares da menina se havia "bênção". Mesma coisa foi feita aos seus próprios pais.

"Decidimos que tínhamos que conhecer ambos os pais primeiro. Isso se deu em um domingo, por meio de uma videochamada. As famílias, naturalmente, ficaram um tanto quanto surpresas, mas sempre apoiaram nossas ideias malucas. Minha mãe achou ao mesmo tempo a coisa mais louca e legal do mundo, e a família dela confirmou cada palavra dela. Assim se deram mais encontros de domingo, até que começamos os preparativos para que eu viajasse", esclarece.

Não é espanto nenhum dizer que essa organização teve um empecilho a mais que se chama covid-19. A pandemia do novo coronavírus adiou brevemente a vontade dos "pombinhos" de se conhecerem presencialmente, mas não impediu por completo.

Ele, 19 anos, é formado em música e ela, 19, ainda é estudante no país europeu (Foto: Arquivo Pessoal)
Ele, 19 anos, é formado em música e ela, 19, ainda é estudante no país europeu (Foto: Arquivo Pessoal)

Em resumo foi o seguinte: Eduardo já tinha o passaporte brasileiro, mas deveria tirar o europeu (por causa da pandemia algumas regras mudaram). Avaliou a possibilidade de eu ir em agosto, mas os sites diziam que a entrada de brasileiros estava bastante restrita. Mandou e-mail para tudo que é lugar, principalmente a embaixada da Polônia no Brasil, mas sem sucesso.

Decidiram dar uma aquietada. "Talvez não fosse a hora", pensaram na época. Mas continuaram orando e torcendo pelo melhor. Quando chegou dezembro de 2020, tiveram a ideia de ligar para o órgão de imigração diretamente na Polônia – foi a "sogrinha" quem deu essa ajuda. Ela obteve a informação de que não havia mais voo direto do Brasil para o país europeu, apenas acesso pelos vizinhos do chamado "Espaço de Schengen". Por exemplo: se Eduardo viajasse até a Alemanha e de lá tivesse o passaporte aprovado, poderia embarcar para Varsóvia. Assim o fez.

"Por muita sorte consegui entrar. Eu estava dentro de uma brecha específica, que era o de estar num relacionamento com uma europeia. Claro que precisei ter uma carta convite oficial em inglês e também polonês afirmando o motivo de minha ida, quem visitaria e onde ficaria. E, logicamente, fiz um teste PCR para a covid. Deu negativo", explica.

Nunca imaginei que viajaria para a Europa justo numa época dessas, mas valeu a pena".

Troca de mensagens, troca de "beijinhos": "valeu a pena tudo isso", diz Eduardo sobre a viagem (Foto: Arquivo Pessoal)
Troca de mensagens, troca de "beijinhos": "valeu a pena tudo isso", diz Eduardo sobre a viagem (Foto: Arquivo Pessoal)

"No total, foram mais de 20 horas de voo, sem falar do tempo nos aeroportos. Quando cheguei, tudo parecia uma cena de um filme. Meu primeiro presencial com Kasia foi no aeroporto mesmo. Encontrei ela ao lado do sogrão, um polonês bem fechado mas só de cara. Confesso que não me decepcionei em nada, muito pelo contrário, era mais do que eu esperava, exatamente o que eu já havia visto em vídeo. Nos beijamos ali no saguão na frente de todos, sem medo ou constrangimento. Não me controlei. Ela não se controlou. Sabe aquilo que dizem sobre os europeus, de serem frios em termos de afeto? Pois é, vivi o oposto. Cada dia junto dela só concluía que realmente éramos alma gêmea um do outro", garante o enamorado.

Foram praticamente 2 meses de maior companheirismo. Eduardo pôde não somente encontrar finalmente sua amada, mas também descobrir uma nova cultura, uma referência a qual se identificou. Visitou castelos, pontos turísticos, experimentou comida bem diferente da brasileira mas tão saborosa quanto. Vivenciou um frio de gelar a espinha e tocou a umidade congelada que é a neve. Se deparou a todo momento com o amor de Kasia, sentimento mútuo que permaneceu mesmo na volta ao Brasil.

Juntos conheceram pontos turísticos, castelos e naturezas... tudo com aprovação de ambos os pais (Foto: Arquivo Pessoal)
Juntos conheceram pontos turísticos, castelos e naturezas... tudo com aprovação de ambos os pais (Foto: Arquivo Pessoal)

"Confesso que voltar não me deixou triste, apenas senti falta do carinho e aconchego de dormir junto dela. A gente sabe que nada é para sempre. A distância de agora será o reencontro de amanhã. Mesmo com o meu retorno à Campo Grande, o que poderia gerar um desconforto para nós dois, nossa relação não mudou em nada. Se já vencemos a distância de primeira, o resto vai ser "moleza". Deus estará a guiar nossos passos e decisões conjuntas", reflete o rapaz.

Estando em um relacionamento à distância, Eduardo assegura duas coisas: a primeira delas é que é possível viver um e, a segunda, que se é de verdade sempre vai valer a pena. "Eu era completamente desacreditado em namoros desse tipo, mas na vida tem coisas que nos pegam de surpresa, não é mesmo? Para dar certo tem que haver força e positividade de ambos os lados, um entendimento mútuo sobre a distância mas um querer maior de um dia estarem juntos. Eu e Kasia tentamos, deu certo, e agora mais do que nunca somos felizes", agradece.

E finaliza: "já estou ansioso para o próximo verão europeu…"

Confira mais da viagem de Eduardo à Polônia ao lado da namorada Kasia em seu perfil no Instagram.

Curta o Lado B no Facebook e no Instagram. Tem uma pauta bacana para sugerir? Mande pelas redes sociais, e-mail: ladob@news.com.br ou no Direto das Ruas através do WhatsApp do Campo Grande News (67) 99669-9563.

Nos siga no Google Notícias